Huawei deve driblar sanções e terceirizar lançamentos por outra empresa
Por Eduardo Moncken | Editado por Wallace Moté | 15 de Novembro de 2021 às 17h00
Se enganou quem acreditava que o fim do governo Trump significaria a retomada de uma amizade entre os Estados Unidos e a Huawei.
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Joe Biden não retrocedeu quanto as sanções impostas pela administração anterior, e graças a isso a chinesa segue impedida de fazer contratos com a fabricante de chips TSMC, comprar modens 5G da Qualcomm, ou mesmo usar o Android, do Google.
Isso a levou a vender a Honor, que agora, como empresa independente, tem acesso a esses recursos e tem até mesmo lançado smartphones com Play Store, Gmail, e outros apps Google. Olhos mais atentos observam que mesmo o design de produtos segue muito o que a Huawei desenvolve, mas vende apenas em mercados asiáticos estratégicos.
Amizade deve render bons frutos
Para sobreviver nesse campo disputado do mercado, a Huawei estaria pretendendo licenciar seu design de produtos para outra companhia: a PTAC, uma agência chinesa, controlada pelo estado, que já vende alguns celulares por lá.
Seria através da PTAC que a Huawei teria acesso aos semicondutores da TSMC, os chips mais potentes da Qualcomm, e código do Android. Enquanto isto pode não mudar em nada a posição complicada da companhia no mercado de vendas, o movimento seria estratégico para manter os setores de engenharia, por exemplo, atualizados e aptos a lidarem com as novas tecnologias, caso um dia os embargos sejam desfeitos.
Além disso, o licenciamento seria uma forma da Huawei seguir provando sua competência para atuar no mercado. Atualmente, a PTAC já vende celulares da série Nova, e em breve — se a parceria for confirmada — terá aparelhos com seu próprio nome para comercializar.
Segundo a fonte consultada pela Bloomberg, a expectativa com o acordo seria comercializar 30 milhões de smartphones já no próximo ano. Não ficou claro se com este movimento a Huawei diminuirá esforços voltados ao HarmonyOS e à AppGallery. Mas é provável que não, já que seus celulares próprios — como o futuro Mate 50 — seguirão exigindo esses softwares alternativos para ganharem vida.
Fonte: Bloomberg