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Celular novo sem carregador na caixa: qual a lógica por trás disso?

Por| 11 de Julho de 2020 às 20h00

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Markus Winkler/Unsplash
Markus Winkler/Unsplash

Primeiro foi a Apple, depois a Samsung e, em breve, é possível que mais companhias sejam alvos de rumores envolvendo uma possível venda de celulares sem o carregador no kit básico que acompanha o aparelho. Como dito, ainda são apenas boatos, então não há sequer uma justificativa oficial das empresas a respeito diso.

De qualquer forma, é possível levantar alguns pontos para tentar responder a seguinte pergunta: faz sentido vender celular sem carregador?

Um hábito difícil de mudar

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A inclusão de carregador no kit básico de qualquer celular se tornou regra basicamente desde que os dispositivos móveis começaram a ser comercializados nos anos 80 e 90. Você sabe que o seu novo smartphone virá com um cabo e uma fonte para ligá-lo à tomada e recarregar a bateria. Pronto.

Como muitos hábitos, esse também deve ser difícil de mudar de uma hora para outra na cabeça dos consumidores. E não dá para comparar, por exemplo, com a não inclusão de fones de ouvido em muitos kits básicos de smartphones que são vendidos por aí.

Isso porque a comercialização de fones de ouvido individuais é muito mais comum do que de carregadores de celular — tente lembrar quantos fones você já adquiriu e quantos carregadores comprou ao longo da vida. Até porque, convenhamos, os seus fones podem ser usados no smartphone, no tablet, no computador e até junto do seu console favorito.

Os carregadores, especialmente os da Apple, nem sempre são tão versáteis assim. Então, são produtos com capacidades e finalidades distintas que não podem ser comparados para justificar esta mudança.

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Lightning, microUSB, USB-C…

As opções de entrada para o carregador costumam variar de aparelho para aparelho. Claro que a única empresa que destoa muito das demais é a Apple, com sua entrada proprietária, porque o USB-C é o novo padrão dos aparelhos Android, o microUSB já pode ser considerado coisa do passado.

Mesmo assim, pensando em quem migra de um aparelho lançado em 2017 para um lançado em 2020, por exemplo, não ter um novo carregador na caixa do celular recém-adquirido pode significar um custo a mais para adquirir o acessório por fora.

Por outro lado, se o cabo não vem preso à fonte, ele pode ser facilmente substituído por um modelo compatível com o seu novo celular para aproveitar a peça mais antiga. Claro, ainda seria uma barreira questões como a potência disponível no carregador em relação àquela suportada no aparelho — com isso, alguém poderia deixar de usufruir de um sistema de recarga rápida, por exemplo.

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Carregador meia-boca ou sem carregador?

A Apple já é famosa por incluir no kit do iPhone um carregador com potência inferior à suportada pelo celular. Isso significa que, caso queira usufruir do melhor cenário quanto ao tempo de carregamento, o dono de um celular da Maçã já precisa desembolsar um valor extra para adquirir um carregador avulso.

No universo Android, até o momento, essa não é uma prática comum, e os smartphones com suporte para 18 W ou 30 W, por exemplo, normalmente são acompanhados de carregadores compatíveis. Nesse cenário, é possível imaginar que donos de Androids sejam ainda mais reticentes à ideia de comprar um carregador separado para o novo celular.

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Mas fica a dúvida: vale a pena ter um carregador qualquer enviado junto com o celular (e ter seu preço embutido no valor final do aparelho) ou é mais interessante não pagar pelo carregador no agregado e comprar uma unidade separada (ou usar a que você já tem em casa)? O que você me diz?

Precisamos de um novo carregador?

Pessoalmente, a hipótese de não incluir um carregador entre os itens que acompanham o aparelho me parece um tanto absurda. Contudo, olhando para o meu caso específico, percebi que tenho em casa nada menos do que três carregadores, cada um vindo junto de uma nova troca de aparelho.

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Apenas um deles tem o cabo fixo (o carregador do meu antigo Moto Z Play), ou seja, os outros dois podem, inclusive, ser utilizados com dispositivos da Apple ou com aparelhos com entrada microUSB (basta ter o cabo apropriado). Resumindo, esses itens ainda devem me acompanhar por algum tempo e provavelmente darão conta (do ponto de vista de potência) de carregar o meu próximo celular.

A possível redução de lixo pode ser um dos resultados positivos dessa mudança, que possivelmente acontecerá em 2021. E não apenas a diminuição de lixo eletrônico, com menos cabos e até fontes inutilizadas sendo descartadas por aí, mas também com menos uso de papel e plástico para embalar esses produtos.

OK, este argumento não deve estar no topo das prioridades das fabricantes, mas a diminuição (mesmo que pequena) do impacto ambiental da produção e do consumo de celulares pode ser um efeito colateral positivo em um mundo onde se produz cada vez mais lixo eletrônico.

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Vale destacar, porém, que obrigar os clientes a comprarem um carregador separadamente continuará a gerar impactos ambientais. E talvez a situação até piore, afinal será preciso de mais embalagens e plásticos, e continuaremos a lidar com modelos antigos sendo descartados na natureza.

Preço não deve diminuir

A expectativa de alguns analistas é de que o iPhone 12 seja mais caro que o iPhone 11 mesmo sem a inclusão de carregador e fone de ouvido na caixa. A justificativa para isso seria, além da evolução técnica do aparelho, a inclusão de chips compatíveis com 5G e o uso de telas OLEDs, tecnologias mais caras do que as utilizadas no celular da Apple até o momento.

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Ao que tudo indica, a Samsung fez a mesma conta para cogitar excluir os carregadores do pacote de alguns modelos a partir de 2021. Com a chegada do 5G combinada com uma das piores recessões das últimas décadas causada pela pandemia do novo coronavírus, a solução supostamente imaginada pela sul-coreana para não vender aparelhos a preços (ainda mais) exorbitantes seria cortar itens que podem ser cortados.

Fato é que mesmo a redução do número de acessórios na caixa ou do tamanho da caixa em si não deve impedir que os preços aumentem. Tudo isso, então, ajudaria a evitar um aumento ainda maior — e esse pode ser o grande argumento das companhias em vias de realizar uma mudança tão signficativa.

Enquanto cliente, parece plausível discutir a ausência do carregador se ficar evidente que o preço (ou o reajuste em relação à geração anterior) foi reduzido, mas nem sempre são cumpridas essas promessas de preços mais justos quando se abre mão de um “detalhe”.

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Por exemplo, o recentemente anunciado LG Velvet custa mais do que o G8X, apesar de o aparelho deste ano não vir acompanhado da capinha de duas telas presente no kit básico do G8X. Ou seja, o sucessor perdeu um acessório, mas teve um preço final superior ao do aparelho do ano passado.

Apesar de reconhecer que há alguns argumentos consistentes para que as empresas deixem de incluir o carregador na caixa, é preciso que tal mudança, se de fato ocorrer, ofereça benefícios palpáveis em termos de preço para o cliente. Caso contrário, deixará apenas a sensação de que o consumidor foi passado para trás mais uma vez.

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Carregador, fone de ouvido, película e capa? Veja o que pode vir acompanhando o seu novo smartphone, de acordo com o modelo escolhido. Saiba, também, se os acessórios devem ser obrigatórios. Assista ao vídeo O QUE DEVE VIR NA CAIXA DO SEU CELULAR E O QUE PODE SER TIRADO? e se inscreva no Canaltech no YouTube.

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