Bloqueio do WeChat pode reduzir venda global do iPhone em 30%, indica analista
Por Rubens Eishima |
O decreto assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump na sexta-feira (10) pode impactar as vendas do iPhone. O motivo, apontado pelo analista de mercado Ming-Chi Kuo e outros sites de tecnologia, está na linguagem vaga usada no decreto, que proíbe transações com as empresas responsáveis pelos apps TikTok e WeChat, respectivamente as chinesas ByteDance e Tencent.
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Apesar de assessores da Casa Branca terem afirmado que o decreto visa apenas proibir o funcionamento dos apps no país, o texto usado poderia ser interpretado como uma proibição a qualquer negócio com as empresas citadas.
No caso do WeChat/Tencent, além do potencial impacto em jogos como Fortnite, PUBG e League of Legends, já noticiado no Canaltech, há a incerteza sobre a aplicação do decreto na listagem do WeChat na App Store chinesa — o Google não opera a Play Store no país.
A remoção do aplicativo nos iPhones chineses teria consequências imprevisíveis, já que o WeChat é muito mais do que um serviço de mensagens na China. Fazendo uma comparação grosseira, ele é equivalente a uma junção de serviços aqui oferecidos de forma separada por WhatsApp, Uber, UberEats, AirBnb, PicPay, Amazon e Booking, entre outros.
Alguns analistas avaliam que, na China, um smartphone sem o WeChat é apenas um celular comum. Sem a opção de instalar o aplicativo fora da loja de apps oficial, a utilidade de um iPhone no país cairia bastante.
Frase de bilhões de dólares
Caso a medida assinada pelo presidente dos Estados Unidos seja aplicada à risca, a Apple pode ver as vendas de seu celular despencarem na China. O país foi responsável em 2019 por mais de 16% do faturamento da empresa, incluindo não apenas o iPhone como todas as linhas de produtos e serviços da marca, como a venda de aplicativos e assinaturas.
Kuo estima que mesmo a remoção do WeChat apenas na App Store norte-americana pode levar a uma queda na venda total de iPhones entre 3 a 6%.
No cenário pessimista de uma proibição também na China, o analista prevê uma queda na venda global entre 25 a 30% para os celulares da marca, além de 15 a 25% na venda de outros dispositivos da Apple.