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Ubuntu Phone não quer ser um novo Android ou iOS, garante executivo

Por| 04 de Março de 2015 às 15h20

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Divulgação
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O mercado de sistemas operacionais para smartphones é amplamente dominado por duas marcas, Android e iOS, que, juntas, representam quase a totalidade dos aparelhos fabricados em 2014. Mas as grandes fabricantes que usam o Android parecem estar buscando algumas alternativas, como é o caso da Samsung com o Tizen, o que pode abrir novas possibilidades para um futuro próximo.

Um novo jogador nessa disputa é o Ubuntu Phone, versão mobile da distribuição de Linux mais popular do mundo produzida pela britânica Canonical. Depois de ensaiar diversas vezes, finalmente a companhia lançou o primeiro modelo de smartphone com o sistema, o Aquaris E4.5 Ubuntu Edition da espanhola BQ, já à venda na Europa.

Além disso, a Canonical mantém parceria com a chinesa Meizu, que também deve relançar com o Ubuntu um gadget que originalmente usava Android. Mas quais são as chances da Canonical nessa nova empreitada? E quais os objetivos do Ubuntu Phone? O que ele pretende ser nesse mercado quase que impenetrável?

O vice-presidente da divisão mobile da Canonical, Cristian Parrino, conversou com o Cnet e deu algumas boas dicas de quais os rumos pretendidos para a versão portátil do sistema operacional da companhia.

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Uma nova experiência

O princípio de tudo é oferecer uma nova experiência, algo que possa diferenciar de fato o sistema da Canonical dos demais concorrentes — e são várias características que distanciam o produto do Android, do iOS e do Tizen.

“Tizen é um clone do Android sem os aplicativos”, relata Parrino. “Eu não consigo imaginar porque alguém compraria um telefone com Tizen — e nem a Samsung consegue, francamente”.

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E algo semelhante também se aplica a outra alternativa surgida recentemente, o Firefox OS. “Firefox está fazendo algumas coisas diferentes em termos do segmento de mercado que eles perseguem, mas eles também têm uma proposta de ser 'similar' para o usuário final”, comenta. “Eles têm uma grande história de desenvolvimento porque isso [o fato dos apps no ecossistema serem desenvolvidos em HTML5] é uma tecnologia de web, então eles fazem isso de um jeito mais fácil para as pessoas para construir essa experiência 'similar'”, sugere o executivo.

Nesse sentido, Parrino cita o sistema de “scopes” do Ubuntu como um diferencial. Em vez de uma coleção de apps individuais, o sistema da Canonical é focado em telas iniciais que reúnem os conteúdos de um mesmo tipo — fotos, vídeos, músicas, etc. — que estão no dispositivo e na web.

Nesse sentido, as fabricantes ou empresas de conteúdo podem criar seus próprios scopes para o Ubuntu Phone, focando em públicos distintos ou em produtos específicos para oferecer aos usuários uma experiência mais personalizada.

“Eles podem literalmente utilizar os scopes para desenvolver uma experiência única para o dispositivo. Se você tem uma versão chinesa ou está criando algo para jovens, o serviço que você mostra por meio dos scopes agregados poderia ser bem diferente”, conta Parrino.

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Distante dos mercados de baixíssimo custo

Diferente de outros sistemas iniciantes no mundo mobiles a Canonical não quer o Ubuntu Phone presente em aparelhos de baixíssimo custo. Novamente, o executivo cita o sistema mobile da Mozilla como exemplo de um caminho que a Canonical não pretende percorrer.

“Eles [o Firefox OS] estão em busca de um mercado de baixíssimo custo composto por pessoas que ainda não haviam tido contato com um smartphone anteriormente, com hardware bem barato. Eu acredito que o mercado vá trabalhar contra eles, porque o Android One está mirando este segmento e vai ter mais força para lidar com as escalas de mercado” sugere. “Nós não miramos este segmento. Não vamos além do [mercado de] baixo custo. Este [BQ Aquaris E4.5] é o dispositivo mais simples que nós teremos”, avisa Parrino.

Ubuntu App Store? Não exatamente

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O Ubuntu Phone não pretende ter uma loja tradicional pela qual você vai comprar aplicativos, como é a App Store e a Google Play. Enquanto no Android e no iOS a negociação de apps é feita diretamente com Google e Apple, respectivamente, no Ubuntu as coisas serão um pouco diferentes, com as próprias fabricantes operando esses serviços.

“É um jeito das fabricantes se diferenciarem para além do hardware, e é também uma maneira de elas possuírem sua própria camada de serviços. No Ubuntu elas têm sua própria camada de serviços, ou seja, a loja, a transação e a conta do usuário. Isso é algo que você não pode fazer no Android”, conta o executivo.

“Nós não precisamos ter uma loja, não precisamos ter a conta do usuário e certamente não precisamos ter conteúdos e serviços que serão entregues ao dispositivo. Diferente de Google, Microsoft e Apple, nós não estamos tentando criar um ecossistema. Nós fazemos isso para que outros criem. Yahoo, Alibaba ou Facebook possuem um conjunto inacreditável de ativos — sejam eles para troca de mensagens, conteúdo de vídeo, de música e tudo mais —, então eles poderiam essencialmente utilizar o Ubuntu para criar um ecossistema por conta”, sugere Parrino.

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Estratégias para entrar no mercado

Para entrar em um mercado de difícil penetração, a Canonical aposta inicialmente na base de entusiastas da versão para desktop do Ubuntu — estima-se que o sistema tem cerca de 30 milhões de usuários ao redor do mundo.

“Estamos deixando esses usuários criarem entusiasmo, nome, credibilidade e segurança em torno da plataforma”, relata o representante da Canonical. Além disso, ele revela que a companhia programa “vendas relâmpago”, com quantidade limitadas de aparelhos comercializados durante um dia, para atrair a atenção dos consumidores.

Além disso, aparelhos criados exclusivamente para o ambiente do Ubuntu Phone também estão nos planos da desenvolvedora britânica — lembrando que os dois gadgets anunciados atualmente são reedições lançadas anteriormente com Android.

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“Não estamos trabalhando ativamente em um único dispositivo Ubuntu, mas estamos a caminho de conseguir isso junto a cada uma das fabricantes com as quais estamos conversando”, revela Parrino sem citar nenhum nome. “Não acredito que veremos isso nos próximos 6 ou 9 meses, mas eu esperaria um segundo dispositivo da BQ com alguma singularidade do Ubuntu”, finaliza o executivo.