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Sandman na Netflix | O que a revelação do elenco já nos diz sobre a série?

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DC Comics
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Os fãs do Mestre dos Sonhos ficaram agitados nesta quinta-feira (28), após a revelação do elenco da adaptação de Sandman para a vindoura série da Netflix, que já estava em pré-produção desde a metade do ano passado. Embora Neil Gaiman já tivesse adiantado que a trama da primeira temporada deva abordar elementos de Prelúdios e Noturnos e Casa de Bonecas, ficava difícil imaginar a atração tomando forma sem a confirmação dos atores que viverão personagens tão queridos.

Eis que, com o grupo principal anunciado, já podemos ter uma ideia de como Sandman deve ser na Netflix. Então, detalhamos o que cada ator revelado pode significar para a trama que vem sendo construída para a adaptação.

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Atenção, abaixo há spoilers sobre várias histórias já publicadas de Sandman nos quadrinhos.

Tom Sturridge (Sonho)

O protagonista vem de uma família de artistas (o diretor Charles Sturridge a atriz Phoebe Nicholls) e é considerado um dos talentos britânicos da geração de Andrew Garfield. Ele ganhou certo destaque com a adaptação de Na Estrada, de Jack Kerouac, no filme dirigido por Walter Salles.

Além do visual esguio e pálido, com cabelos bagunçados, Sturridge possui experiência em palcos teatrais e tem habilidades suficientes para viver os questionamentos existenciais de Morpheus. O ator tem 35 anos, e isso indica que veremos uma representação do Sandman entrando em "crise de meia-idade”, tendo que lidar com as consequências de seus atos passados enquanto amadurece até sua despedida em O Despertar.

Ou seja, pode ser que vejamos algo como uma coming-of-age-story, em que presenciamos o crescimento de um personagem com o avanço de sua maturidade. Embora o planejamento inicial da produção não indique a confirmação de várias temporadas, a escolha de Sturridge abre essa boa possibilidade, já com um horizonte mais amplo à frente.

Gwendoline Christie (Lúcifer)

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A série de Lúcifer Morningstar com Tom Ellis emprestou alguns elementos de Sandman, como o fato dele ter deixado o Inferno, como acontece em Estação das Brumas; e os olhos assustadores com dentes, que, na verdade, são características do Coríntio. E, embora o comportamento do personagem e algumas tramas até se relacionem com os quadrinhos, o Lúcifer que conhecemos nas páginas escritas por Gaiman é mais excêntrico, andrógino e menos “garanhão”.

Digo, Lúcifer, naturalmente, explora o livre arbítrio e é sedutor, mas alguém que possa destilar melhor a sutileza com que o governante do Inferno lida com violência e desejo pode trazer um interessante contraste com o próprio comportamento de Sandman. Christie, que ficou mais conhecida em Star Wars: Os Últimos Jedi, tem o perfil adequado para essa representação.

Vivienne Acheampong (Lucien)

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Desde as primeiras entrevistas, Gaiman deu a entender que a adaptação de Sandman deve explicar a mitologia que ele criou de uma maneira mais acessível a todos os públicos. Por isso, a descrição do Sonhar, dos Perpétuos e de várias entidades que vivem nos domínios do Sonho; além das próprias regras que regem o Céu e o Inferno dependem de um narrador como o bibliotecário Lucien.

Sai o estereotipado intelectual que cuida dos livros e entra uma figura que deve ser mais divertida e jovial; e que possa conversar com uma faixa mais ampla de espectadores. Acheampong tem experiência em comédias britânicas e também esteve em Convenção das Bruxas. Ela pode ser uma interlocutora que dialoga com o público para explicar o universo de Sandman de uma forma mais descontraída.

Além disso, é bom ver Gaiman promovendo mais diversidade em seus personagens, o que tem tudo a ver com o momento em que vivemos — ele já fazia isso no material original e tem a oportunidade de seguir com essa postura de forma diferente em outra mídia. A série, segundo o autor, seguirá o que vimos nos quadrinhos, mas será atualizada para os os dias de hoje.

Charles Dance (Roderick Burgess)

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Uma das maiores preocupações de Gaiman, de acordo com os poucos relatos que ele vem fazendo sobre a produção de Sandman, é tornar alguns elementos da história mais palatáveis para a audiência. Nas revistas, já há muita identificação entre os leitores e o lado humano de Morpheus e seus irmãos, mas os coadjuvantes é quem têm papel fundamental nesse quesito.

Morpheus é inicialmente muito frio e misterioso, e uma narrativa do ponto de vista humano pode ser mais interessante para explicar o que aconteceu e quais são os desafios do Mestre dos Sonhos. Assim, a família Burguess, que aprisionou Sandman por décadas, deverá ter bastante destaque na trama.

E isso se confirma na escalação de Dance, veterano que esteve em Game of Thrones. Veja bem, o papel de Roderick é pequeno no começo da saga, então, sua confirmação mostra que veremos o processo de aprisionamento e fuga de Sandman de maneira mais detalhada. Isso deve ajudar a definir melhor a importância do Mestre dos Sonhos e o que sua ausência causa na humanidade.

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Boyd Holbrook (Coríntio)

O Coríntio é a entidade do Sonhar que explora nossos maiores medos e frustrações. Ele é a personificação do lado sombrio que todos temos. Ele ganhou muita importância ao longo da série em quadrinhos e é protagonista de uma das edições mais brilhantes do início da saga, quando se torna o primeiro serial killer moderno da humanidade.

Com a escalação de Holbrook, que fez sucesso com Narcos e esteve em Logan, podemos deduzir que Gaiman acrescentará até mesmo elementos de Sandman Overture, que funcionou como uma espécie de “Sandman Begins” e explicou as razões pelas quais o Mestre dos Sonhos estava cansado e vestido para batalha quando foi aprisionado. Além disso, em Overture o escritor revelou mais detalhes sobre a preocupação de Morpheus com a rebeldia do Coríntio, que já ensaiava uma fuga do Sonhar.

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Some a isso o sucesso que a Netflix tem tido ao lidar com produções de crime real e serial killers, a exemplo de Night Stalker, Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy e Mindhunter. Assim, você tem nas mãos a possibilidade de criar uma versão do Coríntio que pode roubar os holofotes na primeira temporada.

Asim Chaudry (Abel) e Sankeev Bhaskar (Caim)

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A dupla é recorrente no universo de Sandman, e a escalação de ambos aponta para duas funções muito importantes na adaptação. A primeira é trazer uma ambientação multiétnica, que, além de promover a diversidade, também pode superar estereótipos. Como sabemos, a trama da saga lida com vários elementos de religiões. E ter algo que conecte noções de instinto humano, violência e punição, além do que aprendemos na Bíblia católica, pode explicar melhor como funciona esses conceitos no universo criado por Gaiman.

A segunda função deles vai de encontro com a própria fundação desse universo; de como a história da humanidade conhecida até aqui interage com as criações de Gaiman. Como sabemos, muitos fatos se mesclam à trajetória de Sandman; então, Caim e Abel, duas figuras bíblicas, podem ser um interessante ponto de contato entre a trama do Mestre dos Sonhos e o que grande parte do público sabe sobre os primórdios da existência.

Ausências

Bem, comentadas as escalações desses atores, a ausência de intérpretes para personagens importantes de Prelúdios e Noturnos deixa questões em aberto. A começar pela Morte, que é fundamental em toda a saga e tem tudo para ser a favorita dos fãs também na Netflix. Fica difícil imaginar a trajetória de Morpheus sem sua parente mais próxima, que protagonizou os momentos mais sensíveis e bonitos de toda a coleção.

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Outra figura que não aparece ali é John Constantine. Embora ele tenha uma pequena participação no arco inicial dos quadrinhos, o personagem já ganhou notoriedade no cinema e na TV. Seria um desperdício não vermos Matt Ryan repetindo o papel que encarna há anos em uma aparição especial em Sandman. Dr. Destino, um vilão mequetrefe da DC Comics, protagoniza uma das histórias mais violentas e sombrias do arco inicial. E muita gente vai aguardar ansiosamente por esse conto quando a série da Netflix for lançada.

Outros personagens de destaque que não estão na revelação de elenco são a sem-teto Mad Hettie; o Corvo Matthews, que vive ao lado de Lucien; Alex Burgess, filho de Roderick, que é quem vacila e deixa Sandman escapar; e William Shakespeare, que, embora apareça pouco em Prelúdios e Noturnos, é primordial para o meio e o fim da trajetória de Morpheus.

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E você, o que achou da escalação? Conta para a gente o que achou de nossas impressões e o que espera de Sandman na Netflix após a revelação do elenco.