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Crítica | Night Stalker mostra o sadismo perturbador de serial killer dos EUA

Por| 15 de Janeiro de 2021 às 14h05

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix

O que define um serial killer, ou assassino em série no bom português, não é só a existência de um crime cometido atrás do outro, mas também em padrões na hora de matar. Esses criminosos costumam ter um alvo em específico e uma forma exclusiva de assassinar, deixando a sua marca como se fosse uma assinatura. Esse padrão acaba ajudando policiais e detetives a investigar e chegar a um culpado.

Mas um caso que aconteceu na década de 1980, nos Estados Unidos, fugiu um pouco dos padrões e tornou a missão de encontrar um serial killer mais exaustiva que o normal. Em Los Angeles, na Califórnia, a população passou meses amedrontada por existir um assassino em série à solta que perseguia carros, invadia casas e matava mulheres, homens, idosos, jovens e adultos, estuprava e torturava crianças, e usava facas, armas, algemas, entre outros instrumentos para cometer os crimes. Ou seja, esse assassino não tinha apenas um padrão, o que tornou a sua identificação uma missão bem mais complicada.

Essa história é contada na minissérie documental Night Stalker: Tortura e Terror, que acaba de chegar ao catálogo da Netflix. A produção conta como foi a caçada do serial killer, Richard Ramirez, quem foram as pessoas envolvidas na investigação, as vítimas e os sobreviventes.

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Mais do que contar uma história trágica, Night Stalker: Tortura e Terror é uma série documental que homenageia as vítimas e as pessoas envolvidas com o caso, sejam os policiais, detetives e jornalistas, como os familiares das pessoas que morreram de forma brutal. A série começa com uma apresentação sobre a vida dos principais investigadores do caso, Gil Carrillo, que estava em seu primeiro caso no departamento de homicídios, e o famoso investigador da época, Frank Salermo, a quem todos respeitavam.

Suas histórias e carreiras foram bem explicadas na série para mostrar o impacto que casos tão exaustivos como esse podem provocar em uma pessoa. A trama também traz depoimentos de familiares das vítimas, que viram os corpos, o cenário do crime e que vivenciaram toda a caçada pelo assassino. Conhecemos também quem foram os sobreviventes, com foco em uma mulher que foi abusada pelo criminoso quando tinha apenas seis anos de idade, com depoimentos que chocam e revoltam.

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A história choca e, pela forma em que é apresentada, também passa um sentimento de adrenalina a quem está assistindo, com mérito a um roteiro dinâmico que não desperdiça um minuto sequer de produção. A trama mistura imagens reais com reproduções atuais da cena do crime, de acordo com as fotos e vídeos feitos na época, e não poupa o espectador de imagens gráficas, apenas cobrindo o rosto ou os olhos das vítimas.

Junto aos detalhes sobre a crueldade e brutalidade usada por Richard Ramirez na hora de cometer os assassinatos e as torturas, o documentário também consegue transparecer o medo sentido pela população da região de Los Angeles na época, que mesmo durante um período de verão intenso passaram a ter suas casas completamente trancadas para evitar a entrada do criminoso, assim como a frustração dos investigadores. Por fim, vemos que um trabalho coletivo e bem planejado é crucial para um resultado satisfatório.

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Quando, finalmente, a polícia chega a um nome e somos apresentados ao criminoso, surge o breve debate sobre um assassino em série ter nascido mau ou ser corrompido pelo sistema. A infância de Richard Ramirez, por mais cruel que seja pensar nisso, explica o seu comportamento de assassino e torturador. Por outro lado, uma das sobreviventes diz que teve uma vida normal após ter sido abusada por ele, dando a entender que a vivência dele não justifica seus crimes.

Além disso, um dos padrões usados pelo assassino era citar satanás durante as suas torturas e usar pentagramas, que inclusive ele tinha tatuado na mão, fazendo com que esse costume fosse a justificativa que todos estavam buscando pela motivação do crime: a natureza cruel. De fato, é difícil olhar diretamente nos olhos do assassino em fotos e vídeos, pois ele sempre apresentou crueldade na postura e em seu olhar, tenha sido isso algo natural ou forçado para provocar o desconforto e a intimidação.

A série não se prolonga muito na vida do assassino, como se não quisesse que a trama desvirtuasse do seu objetivo citado inicialmente, que era de contar uma história de serial killer homenageando vítimas, sobreviventes e envolvidos, e narrando os passos de uma investigação. Isso fica mais nítido quando descobrimos que Ramirez se tornou um ídolo por muitas mulheres, tendo se tornado praticamente um símbolo sexual. Basta uma busca pela internet e redes sociais para descobrir que essa idolatria dura até hoje, comprovando a necessidade de não dar muita atenção aos criminosos na hora de contar suas histórias, pois já existe muita gente fazendo isso.

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Night Stalker: Tortura e Terror está disponível na Netflix em quatro episódios.