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Crítica | Superman & Lois empolga com retorno a Smallville e gêmeos adolescentes

Por| 09 de Março de 2021 às 20h10

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Quando o canal CW, da Warner Bros, anunciou no ano passado uma série dedicada para a vida de casados de Superman e Lois Lane, muita gente não deu bola. Afinal, algo com foco no casal já foi feito no passado (As Aventuras de Lois & Clark); o Superman anda com destino incerto no Universo Estendido DC (DCEU, na sigla em inglês); e o próprio Arrowverse (agora CWVerse), universo compartilhado na TV, de onde saiu essa atração derivada, anda desgastado. Depois disso, não se ouviu mais falar, até que, poucas semanas antes de sua estreia, vimos alguns teasers interessantes. E, agora, após a exibição de dois capítulos, já dá para se empolgar com a novidade.

Atenção, abaixo há detalhes de enredo e revelações que podem estragar surpresas.

A trama acontece com o Superman em um momento avançado de sua carreira como super-herói. Ele é amplamente conhecido em Metropolis e em todo o mundo; e seu bom trabalho tem feito da Terra um local mais pacífico nos últimos anos. Clark até mesmo se dá bem com o General Samuel Lane, pai de Lois, com quem em outras histórias costumava apenas ser rival. Clark e Lois já são casados há alguns anos, e ela sabe de seus poderes e deveres como herói; ambos têm dois filhos adolescentes de 14 anos, Jonathan e Jordan.

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Logo na apresentação do primeiro episódio, vemos a redação do Planeta Diário passando por uma crise financeira, tendo que ceder poder majoritário à corporação Morgan Edge e demitir alguns jornalistas — entre eles o próprio Clark Kent. Paralelo a isso, nosso herói recebe a mensagem sobre a morte de sua mãe. Ao chegar em Smallville, Clark também descobre o endividamento de Martha com o banco local, o que o coloca em situação de venda da fazenda para quitar o débito.

Tudo isso faz com que o casal avalie: será que não é hora de voltar a Smallville e reverenciar a memória da família, cuidando da Fazenda Kent e criando os filhos em um lugar mais tranquilo? Some a isso o temor que ambos têm de cuidar de possíveis superpoderes desabrochando nos adolescentes. Esse é o cenário em que vemos o início de Superman & Lois.

Série se afasta de modelos procedurais

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Uma das coisas que mais incomoda as atrações do canal CW, já de longa data, é o modelo popularizado por Smallville, com “monstros da semana”, uma “equipe Superman” para auxiliá-lo, e uma progressão muito superficial do desenvolvimento dos personagens, sem amplitude de faixas etárias. Aqui, os produtores-executivos Geoff Johns e Greg Berlanti aplicaram uma fórmula que já se mostrou mais adequada para os tempos atuais.

São basicamente dois núcleos que direcionam a narrativa: o adulto, com Superman/Clark Kent/Kal-El se desdobrando para fazer o papel de herói, pai, marido e último filho de Krypton; ao lado de Lois Lane, sendo a famosa jornalista investigativa, esposa dedicada e mãe; e o centro adolescente, com os gêmeos Jordan e Jonathan descobrindo que o pai é o Superman e que um deles já manifesta poderes, com ambos tendo que lidar com a mudança de Metropolis para Smallville em plena efervescência do colegial.

Essa ambientação oferece divertidas interações e clássicas histórias sobre drama e comédia, tanto para os fãs mais veteranos quanto para os mais jovens. E a combinação de alguns elementos, como explico mais abaixo, aumentam as chances de uma primeira temporada de sucesso.

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Superman aparece em combinação de várias versões interessantes

A versão interpretada por Tyler Hoechlin já havia sido bem recebida pelos fãs no Arrowverse, inicialmente como coadjuvante de Supergirl; e, posteriormente, como suporte nos eventos que envolvem o Multiverso da DC. Isso porque esse é um Clark Kent já mais humanizado, distante de seus conflitos espaciais; e mais “gente como a gente”, sem a aparência imponente de um deus na Terra — mas igualmente poderoso, com anos de experiência.

Para Superman & Lois, os produtores resolveram mesclar várias de suas melhores histórias nos últimos anos. O resumo no primeiro capítulo já mostra isso: nas primeiras cenas, vemos uma clara referência à sua estreia nos quadrinhos, quando ele resolvia situações mais mundanas e tinha o logo do uniforme com fundo preto.

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Há um pequeno resumo na sequência que mostra sua fuga da devastada Krypton para os braços dos Kent em Smallville que se assemelha bastante à já clássica introdução de Grandes Astros: Superman, em que Grant Morrison e Frank Quitely sintetizam em poucas palavras e imagens o início da trajetória do alienígena na Terra.

Em seguida, vemos referências ao Superman: O Filme, de Richard Donner; e ao Homem de Aço, de Zack Snyder, em que Clark precisa superar a morte de seu pai, Jonathan Kent, enquanto finalmente entende que tem uma missão na Terra. Muitas das imagens e a própria trilha sonora desse flashback lembram muito o filme com Henry Cavill.

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E ainda temos o uniforme que Superman usou durante a fase dos Novos 52 na DC Comics. E, claro, nos dois primeiros capítulos já somos apresentados a um certo Luthor, bem diferente do que vimos em versões live-action, com uma trama que tem tudo a ver com o game Injustice.

Lois nos lembra do lado humano dos heróis

Obviamente que a atração não aborda somente o Superman — e isso é essencial para o sucesso dessa história. Lois acaba deixando seu trabalho e sua vida em Metropolis para trás para cuidar da família ao lado de Clark. Logo ela descobre que os planos de “revitalização e geração de empregos” da corporação Morgan Edge escondem um possível sucateamento e decadência total de Smallville.

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Com ela, vemos o lado investigativo da série, as teorias de conspiração e o temperamento de uma personagem querida dos quadrinhos, que caiu como uma luva em Elizabeth Tulloch — que, naturalmente, já se parece com Margot Kidder, a eterna Lois de Superman: O Filme. Além de ser o “porto seguro” de Clark, Lois é a parte racional do herói: é a protagonista feminina que sempre queríamos ver também nas telas.

Muito mais que isso, Lois e os gêmeos representam algo que se perdeu em séries como Flash, por exemplo. Na atração do velocista, são tantos superseres que, no final das contas, nem dá para saber quem realmente são os humanos que eles estão salvando. Aqui, Lois e os filhos conduzem tramas mais cotidianas que envolvem temas como legado, romance, adequação e amadurecimento.

Jordan, o mais “rebelde” dos filhos, é introvertido; enquanto Jonathan é alegre e expansivo, um popular jogador de futebol do colégio em Metropolis. Quando chegam em Smallville, as coisas mudam, pois Clark finalmente revela que é o Superman, justamente quando Jordan começa a manifestar alguns poderes.

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Em meio a isso tudo, vemos, então, Clark tendo que lidar com a ameaça do Capitão Luthor e o olhar severo do General Lane, enquanto tenta ser um bom pai e mentor, para ensinar aos filhos o uso e as responsabilidades sobre os poderes; Lois enfrenta a caipirice local e uma comunidade decadente e conservadora, seduzida pela oferta da corporação Morgan Edge; e Jordan e Jonathan tentam sobreviver ao colegial, enquanto aprendem, juntos, lições de companheirismo, esperança e heroísmo.

Vale a pena?

A série, que começou a ser exibida há duas semanas nos Estados Unidos, ainda tem muito a que provar, mas essas premissas e a execução já empolgam. Parece que Johns, Berlanti e outros produtores aprenderam bastante com a experiência em Stargirl; e aqui eles também promovem um entretenimento interessante para pais e filhos. Os efeitos especiais, aliás, estão bem caprichados para uma série de TV, e realmente dão conta das limitadas e importantes sequências de ação, pontuadas entre o drama e o humor.

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O medo aqui é o de sempre: de que os produtores comecem a querer expandir tudo para infinitas temporadas, sem um objetivo de história em mente; e apelem para tramas procedurais, com multiplicação da comunidade de superseres e abuso de participações especiais do Multiverso DC — o que, embora sejam inicialmente interessantes, geralmente causam distorções nos roteiros, atrasos na produção e ajustes de narrativa que nem sempre encaixam bem; tudo para que todos os personagens caibam em um crossover televisivo.

Seria legal ver o Flash visitando essa realidade, assim como a Supergirl, a Stargirl e outros personagens do Arrowverse. Mas, por enquanto, o mais interessante é acompanhar a construção dessa nova vida dos Kent, em uma Smallville vista sob uma perspectiva nunca apresentada na TV. Cruzamos os dedos para que a primeira temporada continue em alto nível — e contamos como foi o balanço geral ao final dela.

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Ah, sim, Superman & Lois estreou no dia 23 de fevereiro é exibida no canal CW nos Estados Unidos, às terças-feiras, com reapresentação gratuita no streaming CW Seed, apenas em solo gringo. Ainda não há previsão de estreia no Brasil.