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Crítica | Crise nas Infinitas Terras estabelece o Multiverso DC nas telinhas

Por| 19 de Dezembro de 2019 às 09h38

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Desde a primeira temporada de Flash, os fãs da DC Comics sonham com o momento em que veriam a maior saga da editora nas telinhas. Ao longo dos anos, o Arrowverse passou a alimentar esperanças de um gigantesco crossover, que no ano passado ganhou corpo e foi confirmado no evento anual que reúne todas as séries dos heróis da CW, em Crise na Terra-X. Agora, os três capítulos iniciais de Crise nas Infinitas Terras já foram exibidos, com uma pausa antes da conclusão no início do ano que vem.

E como foi isso, foi legal? O Canaltech conta para você e diz o que ficou bom e ruim.

É preciso alertar, porém, que o texto traz vários spoilers, então, se ainda não viu, volte aqui depois, ou esteja ciente que muitas informações abaixo podem estragar surpresas.

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Bem, antes de mais nada, é preciso explicar por que a Crise nas Infinitas Terras original dos quadrinhos é tão importante. A DC Comics passou por diversas mudanças editoriais desde os anos 1930 e comprou várias propriedades intelectuais, a exemplo dos personagens da Fawcett, que tinha em seu carro-chefe Shazam e sua família; e os da Charlton Comics, como Besouro Azul, Questão e Capitão Átomo — heróis que inicialmente se tornaram Coruja, Rorschach e Doutor Manhattan em Watchmen e ficaram, digamos, inadequados para as publicações infantojuvenis.

Para não confundir ainda mais a cabeça dos fãs, e agradar os leitores de todas as fases, a DC resolveu separar diferentes versões do Superman em outras Terras. Assim, aquele Homem de Aço mais velho, dos anos 30, foi parar na Terra-2, onde também ficaram as versões mais antigas de Batman e os heróis da “Velha Guarda” da Sociedade da Justiça, como o Lanterna Verde Alan Scott e o Flash Jay Garrick.

Mas, com o tempo, tanto os criadores quanto os fãs queriam algo que tornasse o Universo DC mais coeso e compreensível, com toda essa galera interagindo, mesmo que de vez em quando — em um cânone que respeitasse tudo o que aconteceu desde então. E os executivos da DC Comics também procuravam por uma solução editorial para as origens de suas principais criações, que estavam datadas para os leitores mais jovens e o mundo mais moderno.

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O roteirista Marv Wolfman e o desenhista George Pérez passaram cinco anos bolando uma trama para envolver todos os personagens, incluindo vilões, em uma saga que reverbera até os dias atuais — esse é um tema longo e complexo para outro dia, por isso vamos nos concentrar hoje na adaptação. E assim nasceu Crise nas Infinitas Terras, em 1985, como uma espécie de reboot, algo que a DC Comics repetiria de tempos em tempos desde então, com o mesmo objetivo de alinhar e atualizar seu Multiverso.

Trama da TV é bem semelhante

Tá, mas do que exatamente se trata essa crise? Bem, o roteiro da versão para a TV é bem semelhante: uma onda antimatéria vem varrendo as diversas Terras do Multiverso. O Monitor, uma entidade criada na lua de OA, lar dos Lanternas Verdes, alerta os heróis sobre a chegada dessa ameaça e recruta os heróis — e também anti-heróis e vilões — para se unirem contra o Antimonitor, uma criatura semelhante ao Monitor, nascida para que haja um equilíbrio cósmico que pretende ignorar.

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A partir daí, as coisas mudam nas telinhas. Com a ajuda do Livro do Destino, uma referência ao irmão mais velho de Sandman, Oliver Queen fica sabendo dos sacrifícios que Flash e Supergirl precisam fazer para evitar a destruição total — algo que remete diretamente aos eventos dos quadrinhos — e oferece ao Monitor sua vida em troca das dos dois. Isso aconteceu no ano passado, em Crise na Terra-X.

Mas, no primeiro capítulo da Crise nas Infinitas Terras, exibido na série Batwoman, as coisas não saem como esperado, e Queen morre. A partir daí, é preciso improvisar, e, em cada seriado desses três episódios iniciais (em Batwoman, Supergirl e Flash), seus protagonistas devem reunir heróis de outras Terras para realizar ações coordenadas contra a onda antimatéria.

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Começou devagar, mas engrenou

A série da Batwoman ainda é nova e divide muito a audiência. E, embora tenha tido relativo sucesso nos últimos quatro anos, a atração da Supergirl também oscila bastante. O que elas trazem de melhor é a ampliação do Universo DC nas telinhas, explorando personagens e arcos bem-sucedidos, que ainda não tinham aparecido nos filmes ou em Arrow, Flash e DC’s Legends of Tomorrow.

Nos dois primeiros episódios, o palco está sendo preparado para que a batalha efetivamente continue — embora a destruição seja massiva, com uma contagem de corpos bem superior a de Vingadores: Guerra Infinita, por exemplo.

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Além disso, é difícil balancear um crossover dessa natureza. É preciso respeitar os fãs que acompanham semanalmente cada série, trazendo os dramas e conflitos individuais desses personagens e, ao mesmo tempo, conquistar quem veio só para ver a Crise. Então, o começo é um pouco devagar por conta disso.

Easter eggs foram legais, mas pouco funcionais

O que muita gente esperava mesmo era a participação de diversos atores que fizeram parte da história da DC na Warner Bros ao longo das décadas, desde o seriado do Batman dos anos 60 até novas atrações, como Titãs, do streaming DC Universe.

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Já no primeiro episódio vemos justamente referências a essas duas Terras, que são aniquiladas em segundos. No seguinte, há um mimo a mais para os fãs com a aparição do Superman de Smallville, Tom Welling, ao lado da Lois Lane Erica Durance.

Esse encontro, assim como vários pequenos easter eggs, a exemplo da trilha sonora dos longas de Tim Burton, o Batman com o exoesqueleto da clássica história de Reino do Amanhã, e o Robin de Batman 66’ falando mais uma das suas frases de efeito, fazem a alegria de todo nerd.

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Mas… A verdade é que essas homenagens chegaram mais embaladas como fan service do que algo que realmente servisse para alimentar a trama. O melhor estaria por vir, na terceira parte.

Terceiro episódio foi o grande destaque

Se as participações especiais foram inócuas para o desenvolvimento da trama nos primeiros dois episódios, elas são fundamentais no terceiro, o que torna o capítulo apresentado em Flash o mais importante de todos até agora — aliás, o próprio tom desse segmento retoma os melhores momentos da atração, com um belo misto de comédia com drama.

Um dos encontros que mais arrancam aquele sorriso aberto dos fãs dos quadrinhos é o de Lúcifer Morningstar com John Constantine, que posteriormente também se depara com o Espectro. Esse mix Vertigo, o já falecido selo adulto da DC Comics, é muito divertido e conduz a história, incluindo detalhes sobre o Poço de Lázaro, elemento bastante explorado nas revistas. E também foi surpreendente, pois o ator Tom Ellis, que protagoniza Lúcifer, havia negado todos os rumores sobre sua participação.

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Outro momento “WTF” é a chegada do Superman de Brandon Routh (que já interpreta Ray Palmer, em Legends of Tomorrow, e foi o Homem de Aço no filme dirigido por Bryan Singer, em 2006), usando o uniforme do Reino do Amanhã. A introdução de Raio Negro no Arrowverse e o sacrifício do Barry Allen dos anos 90, com direito a uma citação visual à própria série do passado, é um dos momentos mais brilhantes da DC nas telinhas ou nas telonas — e tão emocionante quanto a despedida do herói nas chocantes páginas dos quadrinhos.

Multiverso DC nas telinhas… e nas telonas

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O saldo até agora é bastante positivo e até “resolve” uma questão que muitos executivos na Warner Bros não compreendiam direito. O grande charme da DC sempre foi ter várias Terras paralelas com infinitas linhas temporais. Isso permite aos criadores brincarem com diversas versões dos mesmos consagrados personagens.

Como a Warner vinha querendo unir tudo em uma única Terra sincronizada no cinema, a exemplo do que fez o Marvel Studios, a coisa toda não vinha funcionando, justamente porque isso ia contra a própria definição do que é a DC Comics. Com a Crise na Terra-X, Coringa de Joaquin Phoenix, e, claro, esse evento, a companhia parece ter aceitado de vez o Multiverso DC.

Então, a participação massiva de atores de tantas diferentes produções é um ótimo sinal, pois finalmente estamos vendo o DNA da DC Comics florescer na TV. E, possivelmente, isso pode se espalhar para as telonas. Agora, o jeito é aguardar ansiosamente pela conclusão da Crise nas Infinitas Terras: as partes quatro e cinco serão exibidas no dia 14 de janeiro, em Arrow e DC’s Legends of Tomorrow, respectivamente.