Crítica Sex Education | Última temporada da série é honesta e brutal
Por Diandra Guedes • Editado por Durval Ramos |
Depois de três temporadas relevantes e gostosas de assistir, a quarta parte de Sex Education chegou à Netflix para dar um desfecho aos personagens e concluir a história que começou em 2019. Com um texto afiado e preservando a comédia ácida em certas situações, o final da temporada é brutal e sincero com os espectadores.
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Isso porque a trama não poupa o público de momentos dolorosos e difíceis, como o luto que Maeve (Emma Mackey) enfrenta ao perder sua mãe ou a angústia que Cal (Dua Saleh) sente ao fazer a transição de gênero e lidar com as consequências de tomar testosterona.
Mesmo que seja a última temporada, os episódios não foram criados para entregarem um final feliz, e sim para encerrarem a produção de maneira sincera, mostrando como a vida é.
Claro que há momentos de alegrias e desfechos exitosos, como quando vemos Aimee (Aimee Gibs) superando o assédio que sofreu e se entregando ao amor novamente, ou até mesmo quando vemos Éric (Ncuti Gatwa) se encontrando na fé depois de sofrer homofobia na igreja na qual foi criado, mas o que fica mais nítido é a honestidade que a obra teve com a vida real e com a não glamourização do enredo.
E, por falar nessa honestidade, os últimos capítulos mostram verdades dolorosas, como o peso de uma criação dura sobre um jovem tentando encontrar seu caminho, o relacionamento abusivo caminhando para a violência, a falta de acessibilidade mesmo em uma escola dita inclusiva e o estremecimento de uma amizade que guiou a série até aqui, mas que também sofreu com a passagem de tempo.
Mudanças fazem bem para o ritmo da série
Falando na amizade de Otis (Asa Butterfield) e Éric, os dois personagens principais se afastam um pouco nessa nova temporada, provando que, apesar de sólida, a amizade deles também tem lacunas que precisam ser reparadas. Éric não se sente confortável para conversar sobre raça e orientação sexual com o amigo, que por sua vez está tão absorto nos problemas do relacionamento com Maeve, com sua mãe e da “clínica”, que não consegue ouvir o amigo e se sente perdido.
Essa mudança no enredo e também o fato dos alunos terem migrado da escola Moordale para Cavendish fez bem para o ritmo da série, evitando que ela caísse na mesmice ou ficasse eternamente na zona de conforto.
Os novos personagens — saem Emily (Rakhee Thakrar), Ola (Patricia Allison) e Lily (Tanya Reynolds) e entram O (Thaddea Graham), Aisha (Alexandra James) e Abbi (Anthony Lexa) — também contribuíram para o ritmo e agregaram histórias divertidas, abordando dilemas como problemas no relacionamento sexual, dificuldade de audição e a positividade tóxica — tudo isso com muita calma. Afinal, se tem algo que Sex Education não fez foi correr com a trama.
Cada um dos oito episódios da última temporada foi trabalhado com muito carinho e atenção aos detalhes. Por mais que, às vezes, os protagonistas ficassem de lado para deixar os coadjuvantes brilharem, a série não se preocupou em espremer mais história ou acabar logo. Um acerto louvável e até raro de acontecer.
Quanto à fotografia e ao figurino, Sex Education mantém o que já entregava: uma história colorida e com belas paisagens. As roupas são joviais e divertidas para combinar com a personalidade de cada um, mas é preciso falar que é muito incômodo ver Otis usando a mesma jaqueta por quatro temporadas seguidas. Será que ele não tinha nenhuma outra para trocar? São detalhes bobos, mas que chamam atenção do espectador.
Sex Education marca seu lugar entre as melhores séries teens
Por fim, a série britânica da Netflix é um grande acerto de texto, enredo, elenco e trilha sonora, e entrega ao público um desfecho agridoce muito sincero. Apesar de ser considerada teen, ela aborda temas importantes com uma perspicácia incomum às produções adolescentes, e não traz uma visão esteriotipada do sexo.
Por esses e outros motivos, Sex Education vale o play e o tempo gasto. Lembrando que quem quiser maratoná-la, encontra todos os episódios disponíveis na Netflix.