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Crítica F1: Drive to Survive | Entre o drama e a hegemonia

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Divulgação/Fórmula 1
Divulgação/Fórmula 1
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O campeonato de 2024 da Fórmula 1 teve um indiscutível e (quase) completo da Red Bull, com o tricampeão Max Verstappen vencendo 19 das 22 corridas do ano. São estatísticas que fazem pensar, então, em um período sem grandes movimentações, algo que não cairia muito bem aos olhos da Netflix. Na sexta temporada de F1: Drive to Survive, ela fez o possível, mas as conclusões podem não ser satisfatórias.

Em seu lançamento mais recente, a série continua mantendo sua tradição de focar nos bastidores da competição, passando longe de ser um resumo das corridas ou dos resultados. Permanece, também, o foco em dramas do paddock, rivalidades e questões nem sempre existentes, além de momentos inexplicavelmente deixados de fora, já que contribuiriam até mesmo para algumas narrativas criadas ao longo dos 10 episódios.

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Voltam, é claro, alguns favoritos desde os primeiros anos de Dirigir Para Viver, como é chamada no Brasil. Daniel Ricciardo, que chegou a receber até despedida na quinta temporada, retorna na escuderia AlphaTauri, enquanto o sempre presente Günther Steiner continua com suas sacadas e protagonismo. Como seus episódios deixam, claro, porém, sorrisos não são suficientes no mercado agressivo da Fórmula 1.

Os melhores do resto (ou nem tanto)

Para um ano de imposição de novos limites de gastos para as equipes de Fórmula 1 e a busca por quebrar uma hegemonia, a sexta temporada de Dirigir Para Viver começa com clima descontraído. O ensejo de pilotos e chefes de equipe ainda em férias serve para que a Netflix apresente algumas estreias desta temporada, focadas principalmente em ampliar a presença feminina.

Enquanto vemos o drama de Lance Stroll, que quebrou as duas mãos e o dedo do pé semanas antes da primeira corrida do ano, somos apresentados à questionável presença de Danica Patrick, ex-pilota da NASCAR e da IndyCar que passa a integrar o time de comentaristas. Também somos reapresentados a Claire Williams, ex-dona da equipe que leva o sobrenome de sua família e uma ótima adição ao time de Drive to Survive.

Ainda que o chefe da equipe Red Bull, Christian Horner, seja um dos mais presentes durante a temporada, ela continua a focar mais nas outras equipes do que na campeã. Max Verstappen, que conquistou seu terceiro título seguido em 2023, nem mesmo é entrevistado diretamente, aparecendo somente em imagens de corridas e bastidores.

O mesmo, entretanto, também vale para seu parceiro, Sergio Pérez. Em uma produção tão focada no drama, a ausência dele chega a ser inexplicável, principalmente quando o aspecto “moedor de carne” da Red Bull foi tão abordado. Sua jornada de “rei” dos circuitos de rua, com duas vitórias, para assunto de rumores sobre substituição nem mesmo é mencionada, assim como a disputa eletrizante com Fernando Alonso (Aston Martin) ao final do GP do Brasil — a prova de São Paulo (SP), aliás, volta a ser ignorada, como já é de praxe.

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Enquanto isso, dois episódios inteiros são dedicados à escuderia Alpine para contar uma história que caberia facilmente em um, se a Netflix não tivesse tentado reviver uma rixa antiga que nem mesmo a edição tendenciosa é capaz de convencer que ainda existe. O mesmo também vale para um suposto incômodo de Lando Norris com o novato Oscar Piastri, ambos da McLaren; a série não só falha em criar uma rivalidade aqui como também ignora a vitória do jovem em uma corrida sprint, enquanto o veterano segue sem vencer.

Olhar privilegiado

Longe das ausências e das “criações” da equipe da Netflix, a sexta temporada de Drive to Survive agrega valor a quem assistiu à competição real. Nesse ano, isso se dá principalmente pelo acesso mais próximo do serviço de streaming aos bastidores, que serve inclusive para confirmar alguns rumores ou aprofundar elementos apenas tocados pela cobertura jornalística.

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A queda de Nyck de Vries, neerlandês demitido pela AlphaTauri pela performance irregular no meio da temporada, é um exemplo, com o espectador vendo que Horner possui gerência sobre toda a estrutura da Red Bull, e não apenas a equipe principal. Fica confirmado, também, aquilo que todo mundo já sabia — a volta de Ricciardo, desde o início, servia mais como uma oportunidade de marketing para a equipe do que um caminho real de volta a um carro de Fórmula 1.

Fica notável, ainda, que a relação próxima entre a Netflix e a Liberty, dona da Fórmula 1, interfere no produto. Estamos falando de uma série voltada à divulgação da categoria, acima de tudo, o que explica, mas não justifica, que as polêmicas do Grande Prêmio de Las Vegas, causador de caos na Cidade do Pecado, e as condições insalubres do GP do Qatar, com pilotos chegando a perder os sentidos ao volante, tenham sido deixadas de lado.

Em outros momentos, chega a ser engraçado como o acesso às “internas” da categoria confirma rumores da temporada, como o interesse da Red Bull por Norris, mas deixa escapar outros movimentos. O episódio focado em Lewis Hamilton e as dificuldades com o carro da Mercedes, apesar de bonito, inspirador e digno dos envolvidos nessa história, envelheceu tão bem quanto camarão fora da geladeira.

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Além disso, claro, temos aquilo que sempre se espera de uma temporada de F1: Dirigir Para Viver. A relação do novato Liam Lawson com a família e a oportunidade de se provar na categoria, mesmo que rapidamente, proporciona alguns dos momentos mais legais do sexto ano, enquanto o novo dirigente da equipe Ferrari, Frédéric Vasseur, surge como uma presença inusitada em uma escuderia normalmente sisuda, que carrega nas costas o peso de uma tradição.

Vale a pena ver a sexta temporada de F1: Dirigir Para Viver?

Ao final dos 10 capítulos já disponíveis na Netflix, a sensação principal é que nem tudo o que era esperado foi entregue. Enquanto temos os problemas de sempre, com os dramas exagerados e as ausências surreais, sentimos também que nem todos os enredos são levados até o final, com conclusões insatisfatórias para muitas das questões efetivamente mostradas na série.

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Não é a pior temporada de Drive to Survive, como se poderia esperar de um ano relativamente brando em disputas, mas também não temos muitos dos eventos que efetivamente movimentaram a comunidade ao longo de 2023. Com uma série de mudanças drásticas no esporte previstas para 2026, há quem diga que a Fórmula 1 passa agora por um período “intermediário”, algo que também pode ser dito sobre o mais recente lançamento do streaming.

O sexto ano de F1: Dirigir Para Viver estreou em 23 de fevereiro. Os 10 episódios, assim como todas as temporadas seguintes, estão disponíveis exclusivamente na Netflix.