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Pokémon GO pode estar espionando você?

Por| 25 de Julho de 2016 às 18h00

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Pokémon GO pode estar espionando você?
Pokémon GO pode estar espionando você?

Ele já é uma febre mundial e faz sucesso até mesmo em locais onde ainda não está disponível, como é o caso do Brasil — sim, estamos falando novamente de Pokémon GO. O jogo que ajudou a alavancar o preço das ações da Nintendo, bateu recordes de downloads e já é um dos aplicativos mais usados no mundo na atualidade, tudo isso dentro de poucas semanas após o seu lançamento, começa a levantar as suas primeiras controvérsias.

E o caso aqui não é só de um game que pode desviar a atenção de pessoas andando na rua ou então fazer com que cidadãos invadam uma delegacia em busca de um pokémon. A questão aqui é que muita gente está desconfiada de que Pokémon GO pode estar espionando os seus jogadores. E, para piorar, a desenvolvedora do game teria uma ligação umbilical com a CIA. Mas tudo isso faz sentido?

O Grande Irmão zela por ti

Como na clássica obra de George Orwell, 1984, Pokémon GO estaria olhado para dentro das casas de seus jogadores. Apesar de parecer algo exagero e digno de teoria da conspiração, não há como negar que o game da Niantic está, sim, de olhando pela câmera de seus jogadores. Mais do que isso, o jogo coleta uma série de informações a seu respeito.

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Como é possível ler na política de privacidade do game, ele coleta informações como seu endereço de e-mail e seu nome (portanto, se você escolher usar um nome real, a sua identificação se torna facilitada) — e tudo isso assim que você faz um cadastro no jogo. Como todo aplicativo que usa recursos de geolocalização, Pokémon GO também vai registrar onde você esteve e quando esteve lá.

Durante a jogatina, os servidores do game vão registrar informações como o número de IP da sua conexão, o tipo de navegador que você usa, o sistema operacional a partir do qual você acessa a internet e até mesmo a última página da web visitada antes de começar a jogar.

E a coisa toma contornos ainda mais sinistros caso você escolha acessar o jogo usando a sua conta do Google: neste caso, você concede à Niantic o direito de acessar (ler e escrever) sua conta do Gmail e também documentos do Google Drive, entre outras coisas. Depois da polêmica gerada por este ponto, a companhia veio a público avisar de que tudo não passava de um erro. Poucos dias depois, ela lançou uma versão atualizada da sua polícia de privacidade com a intenção de deixar tudo mais claro para todo mundo.

De qualquer forma, a empresa se reserva ao direito de reter por um período não informado todas as suas informações e o seu conteúdo de usuário mesmo depois de você encerrar o seu perfil no jogo. A explicação para a manutenção de tudo isso seria para “propósitos de auditoria, arquivamento e backup”.

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A cereja do bolo é a afirmação feita pela Niantic de que os serviços da companhia “não têm a capacidade de responder aos sinais 'Não Rastreie' recebidos de vários navegadores da web”. Ou seja, mesmo que você ative funções como esta enquanto joga Pokémon, a companhia simplesmente passa por cima da solicitação e continua rastreando o seu comportamento na web.

Seus dados compartilhados (inclusive com as autoridades)

A terceira seção da política de privacidade de Pokémon GO trata exclusivamente dos dados que serão compartilhados com outras companhias. Lembre-se que, mesmo que não dividisse nada com ninguém, a Niantic pelo menos manteria dados dos jogadores sob sua própria posse, ou seja, uma invasão aos servidores da companhia deixaria muita gente exposta.

Em relação ao compartilhamento dos dados, a empresa informa que divide seus dados com possíveis parceiros e prestadores de serviço apenas com “a finalidade de realizar serviços em nosso nome”, determinado que tais parceiros e prestadores de serviços “são expressamente obrigados a manter seus dados pessoais em segurança e não revelá-los ou usá-lo para qualquer propósito”.

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Mas, vá lá, ainda podemos dar um voto de confiança para a Niantic, afinal ela não é a única companhia que coleta este tipo de informação. Aplicativos como Google Maps, o Tinder e até o Instagram são apenas alguns dos exemplos de serviços que registram uma série de informações preciosas a seu respeito (a maioria delas deliberadamente oferecida por você mesmo quando usa cada aplicação).

A coisa toda fica mais estranha no tópico “e” da terceira seção da política de privacidade do jogo, chamada de “Informação revelada para nossa proteção e para a proteção de outros”. “Nós cooperamos com o governo e com oficiais da lei ou entes privados para aplicar e cumprir a lei. Nós podemos revelar qualquer informação sobre você que está sob nossa posse ou controle para o governo ou para oficiais da lei ou entres privados enquanto nós, a nosso critério, julgarmos necessário ou apropriado.”

Neste caso, a Niantic elenca três razões pelas quais ela supostamente dividiria informações suas com o governo:

  • Para responder a intimações e processos legais;
  • Para garantir direitos, segurança e a proteção da propriedade da Niantic, de seus parceiros ou do público em geral;
  • Para identificar e interromper qualquer atividade considerada (pela empresa) ilegal ou antiética.
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Ou seja, são critérios bastante subjetivos e que podem colocar em risco a privacidade e a segurança de muitos jogadores.

Niantic, CIA e um prato cheio para a conspiração

Pokémon GO está sendo usado para espionar pessoas nos Estados Unidos e em outros países do mundo? É difícil saber, afinal não há qualquer prova concreta de que há uma intenção maligna por trás do jogo. Contudo, a discussão sobre o tema é válida e está muitíssimo bem colocada no mundo real.

Até Edward Snowden revelar e comprovar, por A mais B, que o governo dos Estados Unidos mantinham um imenso e bem aparatado esquema de espionagem global, que monitorava inclusive presidentes aliados, tudo parecia apenas temas “viajados” de pessoas interessadas em teorias da conspiração. Por isso, um olhar atento se faz necessário.

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Para dar um pano de fundo para você refletir sobre o tema, vamos contar um pouco sobre a história da Niantic. Esta empresa tem origem na startup de visualização de dados geoespaciais Keyhole Inc., uma desconhecida especializada em imagens de satélite que foi adquirida pelo Google em 2004. A partir dela, a gigante da web trouxe à tona produtos de sucesso como Google Earth e Google Maps, inclusive com o seu criador, o norte-americano John Hanke, chegando à vice-presidência de mapas do Google.

Até aí tudo bem, apenas mais uma companhia promissora engolida por uma gigante. Contudo, o que chama a atenção aqui é o fato de que a Keyhole recebeu aporte financeiro do fundo In-Q-Tel, uma espécie de divisão de investimentos tecnológicos da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (a CIA). Este fundo serve para investir em empresas que desenvolvem tecnologias capazes de “suportar as missões da CIA e da comunidade americana da inteligência”. Traduzindo: tecnologias de espionagem.

Sem a menor sombra de dúvidas, eis aqui uma razão considerável para deixar muita gente com a pulga atrás da orelha.

Não é um caso isolado

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Podemos dizer que a política de privacidade da Niantic é cheia de pontos obscuros e que abrem brechas terríveis em relação à segurança e à privacidade dos seus dados. Não é possível determinar (ao menos não por enquanto) se a companhia está colaborando com serviços de inteligência a fim de monitorar ambientes internos, mapear prédios e casas por dentro e por aí vai, mas a desconfiança não deve ir embora tão cedo.

Contudo, nem de longe dá para dizer que a Niantic é um caso isolado no mundo de hoje. Serviços bastante populares como iCloud, Dropbox, Gmail, LinkedIn e OneDrive/Office 365 já foram eleitos como alguns dos mais nocivos em relação às permissões concedidas para as empresas assim que você conclui um cadastro.

O caso é que, devido à sua amplitude — lembremos que este app é mais usado do que o Facebook e já é também o jogo mobile mais baixado de todos os tempos —, Pokémon GO tem o potencial de se tornar uma mina de ouro de dados pessoais a serem garimpados por empresas e governos, o que sempre coloca em risco os direitos civis de pessoas ao redor do mundo.

Fontes: Niantic, InfoWars, Business Insider, TechCrunch, Reddit (1), Reddit (2)