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Deep fakes: vídeos falsos podem custar até R$ 100 mil por minuto

Por| Editado por Wallace Moté | 06 de Junho de 2023 às 20h00

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Lukáš Gejdoš/Unsplash
Lukáš Gejdoš/Unsplash

Como tantas outras atividades criminosas, o deep fake também se tornou moeda de troca valiosa nos mercados obscuros da dark web. Nestes espaços, bandidos colocam à disposição de clientes suas capacidades de edição e inteligências artificiais para produzir vídeos falsos, com valores que podem chegar a até R$ 100 mil por minutos nos casos mais complexos e de maior relevância.

O valor aparece em um relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky, que analisou o funcionamento desses mercados. Segundo os especialistas, há um aumento de interesse e também de oferta de serviços desse tipo para os mais diversos fins, envolvendo não apenas vídeos, mas também áudios e fotos gerados por inteligência artificial.

Os preços variam de acordo com a finalidade, que pode ir desde simples vídeos pornográficos forjados para difamar alguém até grandes esquemas de golpes para furto de dados pessoais e dinheiro, sem falar na manipulação política. É nessa régua, também, que os valores podem partir de US$ 300, pouco menos de R$ 1.500 por uma “produção” completa, até US$ 20 mil por minuto, os citados R$ 100 mil em conversão direta, por clipes mais elaborados.

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“Um golpe feito com maior cuidado conseguirá conquistar uma taxa enorme de sucesso, traduzido em vítimas. Isso justifica a crescente demanda desses serviços na dark web”, aponta Fabio Assolini, diretor da equipe global de pesquisa e análise para a América Latina da Kaspersky. Ele indica, ainda, que a tecnologia segue evoluindo, o que pode levar a um aumento na qualidade das farsas e uma eventual baixa nos preços pela popularização.

O especialista cita ainda dados de uma pesquisa da própria empresa de segurança, que revelou em julho do ano passado que mais de 65% dos brasileiros não sabem o que é deep fake, muito menos diferenciar um vídeo falso do verdadeiro. Todo esse universo de pessoas, agora, está suscetível às fraudes cada vez mais elaboradas por meio de uma tecnologia que segue avançando.

De olho nas criptomoedas

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De acordo com o levantamento da Kaspersky, o principal esquema ventilado nos mercados cibercriminosos é o uso dos deep fakes em “cryptostreams”. Estas lives fraudulentas, feitas a partir de canais no YouTube furtados em ataques com malware, se aproveitam da aparência de figuras conhecidas e grandes empresas para promover fraudes com criptomoedas, prometendo grandes retornos financeiros.

Em vez de usar vídeos pré-gravados ou lives anteriores, porém, os deep fakes permitem a criação de vídeos “inéditos” que podem dar maior aparência de legitimidade ao golpe. A oferta, entretanto, é sempre a mesma, com o usuário sendo convidado a participar de uma grande entrega de criptomoedas em nome de uma pessoa célebre do setor, com o envio de pequenos valores resultando na devolução de grandes montantes.

Não funciona, é claro, com a Kaspersky falando em perdas para as vítimas que podem ir de US$ 1 mil até US$ 460 mil, ou cerca de R$ 5 mil a R$ 2,2 milhões. É um mercado lucrativo, que além da venda de vídeos, também envolve a venda de sites pré-prontos para aplicação dos golpes e carteiras de laranja para pulverizar o dinheiro recebido.

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Como identificar um deep fake e evitar golpes?

Enquanto algumas das produções criadas com a tecnologia podem ser bem convincentes, a outra ponta dos esquemas nem sempre é. Por isso, no caso dos cryptostreams, por exemplo, o ideal é seguir a máxima: se uma oferta é boa demais para ser verdade, ela provavelmente é mentira.

Procure redes sociais e sites oficiais de empresas e celebridades para verificar se as ofertas que estão sendo feitas na suposta transmissão ao vivo são reais. Desconfie, de maneira geral, de supostos esquemas de investimento que ofereçam “multiplicação de ganhos” a partir do envio de pequenos montantes, e evite passar dados ou valores para sistemas desse tipo.

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Repare, ainda, se o vídeo parece “estranho” ou se a pessoa exibida nele apresenta movimentos irregulares ou pouco naturais. Alterações bruscas na iluminação, ausência de piscadas ou lábios não sincronizados com a fala também são elementos que ajudam a flagrar um deep fake, com os arquivos normalmente sendo renderizados em baixa qualidade intencionalmente, como forma de esconder tais aspectos.

A dica da pesquisa, aliás, vale também para validar informações vistas em vídeos desse tipo. Uma pesquisa rápida em sites de notícias confiáveis pode confirmar (ou não) que alguém público disse a barbaridade que vem sendo compartilhada em massa no WhatsApp; o ideal é não passar estes vídeos adiante, de forma a reduzir seu alcance.