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Uso de Viagra é associado a risco 60% menor de Alzheimer

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Dabarti/Envato
Dabarti/Envato

Na maioria das vezes, o Viagra (sildenafila) é prescrito para o tratamento da disfunção erétil. Em alguns casos, o mesmo princípio ativo do "azulzinho" é usado numa fórmula para tratar hipertensão pulmonar, o Revatio. Agora, cientistas estadunidenses sugerem que o uso frequente do composto também reduz em 60% o risco de uma pessoa desenvolver a doença de Alzheimer.

O estudo que associa o uso frequente do Viagra com o risco reduzido para o Alzheimer foi publicado na revista científica Studies in Health Technology and Informatics, e é bastante preliminar. Os achados ainda não foram confirmados através de um estudo clínico, como é comum para a maioria das medicações.

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A possível associação é defendida pela dupla de cientistas Xingyue Huo e Joseph Finkelstein, da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, nos Estados Unidos, a partir do uso do big data — a análise e a interpretação de grandes volumes de dados.

Estudo sobre Viagra e Alzheimer

“O objetivo do estudo foi investigar a relação entre o uso de sildenafila [o popular Viagra] e o risco da doença de Alzheimer, com base no banco de dados IBM MarketScan, cobrindo mais de 30 milhões de funcionários e familiares por ano”, afirmam os autores no artigo.

A partir dessa base de dados, foi possível identificar aproximadamente 30 mil pessoas com mais de 65 mil anos que receberam uma prescrição para o uso de Viagra. O risco desse grupo em desenvolver Alzheimer foi comparado com o dos indivíduos que não tinham uma prescrição para o medicamento que trata da impotência sexual.

Cruzando os dados, os cientistas concluem que “o uso de sildenafila foi significativamente associado a uma redução de 60% no risco de desenvolver a doença de Alzheimer em comparação com a coorte de indivíduos que não tomaram sildenafila”.

Por que a descoberta é preliminar?

Esta é uma leitura bastante otimista do conhecimento gerado. Na verdade, o que foi demonstrado é que pacientes que usam o Viagra têm um risco menor para a doença neurodegenerativa do cérebro, mas não é possível afirmar que a responsável pela proteção é a medicação. Outras variantes, não analisadas, podem explicar o porquê dos resultados. Eventualmente, o resultado também pode ser fruto de uma coincidência.

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Em outras palavras, a associação causal ainda não está demonstrada, o que somente poderá ser feito por um estudo clínico randomizado e duplo-cego. Anteriormente, outra pesquisa publicada na revista Nature Aging usou o mesmo raciocínio para demonstrar essa relação protetora do Viagra.

Como Viagra protege do Alzheimer?

Para solidificar as suas descobertas, os pesquisadores do sistema de saúde Mount Sinai citam resultados positivos do uso de Viagra em camundongos — que foram editados geneticamente para desenvolver a doença de Alzheimer.

Neste estudo pré-clínico, foi possível observar que o princípio ativo do Viagra inibe uma proteína chamada fosfodiesterase-5 (PDE5) e, com isso, melhora o fluxo sanguíneo em diferentes partes do corpo, como no cérebro. A hipótese é que o risco de Alzheimer diminua, já que dificulta a formação das placas tóxicas associadas ao declínio mental.

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Se a ideia é comprovar o efeito benéfico do Viagra em pessoas idosas em busca de prevenir a doença de Alzheimer e outras demências, é preciso desenhar abrangentes estudos clínicos para validar a tese. Por enquanto, são apenas insights otimistas.

Efeitos adversos do "azulzinho"

Em paralelo, é importante lembrar que o Viagra é um medicamento e o seu uso pode desencadear efeitos adversos de diferentes graus, ainda mais quando não há prescrição médica. Recentemente, foi divulgado o caso de um homem jovem que perdeu a visão de um dos olhos após usar a medicação, em um caso bastante raro.

Fonte: Studies in Health Technology and Informatics