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Quem pode (ou não pode) se vacinar contra COVID-19 no Brasil?

Por| 01 de Fevereiro de 2021 às 14h45

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CDC/ Unsplash
CDC/ Unsplash

Desde o dia 17 de janeiro, brasileiros já são imunizados contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) e, até agora, mais de um milhão de pessoas já receberam a primeira dose de uma das duas vacinas contra a COVID-19, autorizadas de forma emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com foco inicial nos grupos de risco e nos profissionais da saúde, existem inúmeras dúvidas sobre quem poderia se vacinar ou não contra o agente infeccioso.

Para entender as recomendações da vacinação contra a COVID-19, o Canaltech conversou com o infectologista Renato Grinbaum, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. Vale comentar que Grimbaum atua na linha de frente contra o coronavírus na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e já recebeu a primeira dose da CoronaVac, "sem qualquer reação adversa". 

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Além disso, foram consultadas as bulas da CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e pela Instituto Butantan, e da vacina de Oxford, elaborada pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ambos os documentos foram disponibilizados pela Anvisa, em seu site oficial. 

Quem pode se vacinar contra a COVID-19?

"Ambas as vacinas [aprovadas pela Anvisa] são seguras e, por isso, a maioria das pessoas pode receber o imunizante", explica o infectologista sobre a segurança dos imunizantes que adotam técnicas já conhecidas pela ciência para gerar defesas contra o agente infeccioso da COVID-19. Por exemplo, "a vacina de Oxford é feita com um vírus vivo, não o coronavírus, mas um vírus que não é causador de doença em seres humanos [apenas em macacos], e modificado geneticamente", comenta o professor. Já a CoronaVac adota o coronavírus inativado ("morto"), o que impede uma hipotética infecção da doença. 

Sobre essas orientações, a bula da CoronaVac esclarece que "é indicada para imunização ativa para prevenir casos de COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, em indivíduos com 18 anos ou mais que sejam suscetíveis ao vírus". De forma bastante semelhante, a vacina de Oxford "é indicada para a imunização ativa de indivíduos a partir de 18 anos".

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Em outras palavras, as duas vacinas podem ser adotadas por indivíduos com mais de 18 anos na prevenção de infecções pelo coronavírus. Inclusive, pacientes que tratam (ou trataram) algum tipo câncer e idosos com mais de 65 anos podem receber o imunizante. Agora, as contraindicações são bastante restritas, como veremos a seguir. No entanto, elas podem variar conforme avança a campanha de vacinação e novos estudos sejam concluídos.

Casos especiais da vacinação

Grávidas e lactantes

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Na vacinação contra a COVID-19, um dos casos especiais são as mulheres grávidas e as lactantes que, em algumas circunstâncias podem se vacinas, mas apenas com a recomendação médica. De maneira geral, "vale o conceito de que vacinas feitas de vírus vivos [como o imunizante de Oxford] não podem ser aplicadas em gestantes e imunodeficientes", comenta o Grinbaum. 

Nesse caso, a vacina de Oxford orienta que "este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica". Dessa forma, é recomendado que a pessoa "informe o seu profissional de saúde" em caso de gravidez e de amamentação, já que existem dados limitados sobre os efeitos da fórmula nesses indivíduos.

Na bula da CoronaVac, também é ressaltado que o medicamento "não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista", o que acontece por falta de informações sobre reações nesse grupo específico. "Estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há estudos controlados em mulheres grávidas ou lactantes", detalha o documento. Nessas circunstâncias, valerá a ponderação entre as partes sobre os riscos envolvidos.

Vacinação com precaução

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Além disso, existem alguns grupos de pacientes que devem ter cuidados especiais na hora da vacinação, como pessoas que utilizam anticoagulantes. Nesses indivíduos, qualquer vacina injetável —  como a CoronaVac e a de Oxford — devem ser aplicadas com precaução para evitar incidentes, principalmente hemorragias. No entanto, esse cuidado não impede a imunização contra o coronavírus.

Outro grupo que deve ter cautela deve ser os pacientes com doenças reumatológicas, como artrite e lúpus, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Novamente, a vacinação pode ocorrer, mas é importante se atentar ao estágio da doença.

"Preferencialmente, o paciente deve ser vacinado estando com a doença controlada ou em remissão, como também em baixo grau de imunossupressão ou sem imunossupressão. Esta não é uma condição imprescindível para que o paciente seja vacinado, mas um cenário ideal. Estando em outras situações, é fundamental discutir com o reumatologista assistente qual o melhor momento para a vacinação, considerando a situação epidemiológica", explica documento elaborado por 28 especialistas da entidade de reumatologia.

Quem não deve se vacinar

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Crianças

No momento, a vacinação contra o coronavírus não é recomendada para crianças e jovens com menos de 18 anos por falta de estudos com a população pediátrica. A restrição é ressaltada tanto na bula da vacina de Oxford quanto da CoronaVac. No entanto, este cenário pode eventualmente mudar caso novos estudos clínicos comprovem a segurança dos imunizantes neste público. Em algumas farmacêuticas, essas pesquisas já estão em andamento.

Pessoas alérgicas

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Uma das grandes contraindicações das vacinas é para pessoas que tenham reações alérgicas conhecidas —  incluindo, principalmente, as graves (anafilaxia) —  contra algum dos componentes do imunizante. Nesses casos, a recomendação é sempre buscar orientação com um médico responsável, conforme orienta o infectologista.

"Você não deve ser vacinado se tem ou já teve alergia a algum componente da vacina adsorvida COVID-19 (inativada)", adverte a bula da CoronaVac. Em sua fórmula, estão presentes os seguintes componentes: hidróxido de alumínio; hidrogenofosfato dissódico; di-hidrogenofosfato de sódio; cloreto de sódio; e hidróxido de sódio.

Da mesma forma, as orientações da vacina de Oxford alertam para as alergias. "Você não deve receber a vacina da COVID-19 (recombinante) se você já teve uma reação alérgica grave ao princípio ativo ou a qualquer dos ingredientes da vacina COVID-19 (recombinante)", afirma. Entre seus componentes, estão: cloridrato de L-histidina monoidratado; cloreto de magnésio hexaidratado; polissorbato 80; etanol; sacarose; cloreto de sódio; e edetato dissódico di-hidratado.

Além desses casos, quem já recebeu outra vacina contra a COVID-19 não deve receber uma segunda fórmula contra o mesmo agente infeccioso. Isso porque não existem estudos sobre os efeitos dessa vacinação dupla contra o coronavírus. Neste cenário, há apenas um estudo, em andamento, do uso combinado da vacina de Oxford com o imunizante Sputnik V.

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E quem está com COVID?

Pacientes diagnosticados com a COVID-19 devem adiar a imunização contra o coronavírus. Sim, pessoas que já se contaminaram podem ser imunizadas também, afinal há o risco de reinfecção da doença. No entanto, Grinbaum ressalta que essa imunização só poderá ocorrer "após quatro semanas da resolução da infecção". 

Outros impeditivos temporários para a vacinação é um caso de febre. "Se você estiver com alguma doença aguda ou com febre ou início agudo de doenças crônicas não controladas no momento da vacinação, esta vacina não é indicada", ressalta a bula da CoronaVac. Agora, "se você atualmente tem uma infecção grave com febre alta (maior que 38 °C). No entanto, uma febre leve ou uma infecção leve, como um resfriado, não são razões para atrasar a vacinação", aponta a vacina de Oxford. Em caso de dúvidas, sempre vale consultar o médico que acompanha o seu histórico clínico.

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Vale lembrar que as vacinas são "absolutamente seguras", avisa Grinbaum. "Efeitos colaterais raros ainda são desconhecidos, mas efeitos comuns que poderiam levar a uma contraindicação já foram bem analisados", avisa o médico. "Questões de eficácia no mundo real, duração da proteção ainda precisam ser melhor avaliados, com o tempo", comenta o infectologista sobre as próximas etapas dos estudos de imunizantes contra a COVID-19. 

Para acessar a bula da CoronaVac, clique aqui. Caso queria conferir a bula da vacina de Oxford, entre aqui. Ambos os documentos foram disponibilizados pela Anvisa.