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Por que os elefantes não têm câncer? Entenda o Paradoxo de Peto

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Novembro de 2022 às 12h38

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Reprodução: Flickr/dutchbaby
Reprodução: Flickr/dutchbaby

O câncer é causado por mutações genéticas que, ao longo do tempo, vão se acumulando nas células: quanto mais mutações, e quanto mais células, maior a chance de desenvolver a doença. Por que, então, elefantes — e outros animais enormes, como as baleias — não têm câncer? O mistério é chamado de Paradoxo de Peto.

Há algumas teorias. Como a doença se "alimenta" da energia do corpo, uma hipótese diz que eles, na verdade, tem vários cânceres brotando o tempo todo, mas a competição por energia os faz se anularem. Outra propõe que os animais elaboraram maneiras especializadas de combater o câncer por meio de defesas das próprias células. Uma nova pesquisa, publicada em julho deste ano, pode ter achado uma resposta, confirmando, em partes, a segunda hipótese.

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Genes dos elefantes e o câncer

Os cientistas investigaram o gene p53, responsável por ajudar no reparo do DNA danificado durante a replicação celular em diversos animais, incluindo os humanos. Cada cópia do gene contém 2 alelos, ou variações, que produzem uma proteína cada. Enquanto os humanos possuem apenas um p53, os elefantes levam consigo incríveis 20 cópias.

Com a presença do gene, a replicação é pausada quando mutações danosas são identificadas na célula, seguida por reparos ou por autodestruição, quando há muito dano, evitando que a unidade celular se torne um tumor. Sem o p53, o câncer pode surgir com facilidade, e em mais da metade de todos os cânceres em humanos, a função do gene se perdeu em decorrência de mutações aleatórias.

Foram, então, elaborados modelos virtuais para examinar as 40 proteínas p53 dos elefantes. Duas maneiras pelas quais o gene pode ajudar os enormes animais a evitar o câncer foram identificadas: uma delas é a quantidade de cópias. Essa abundância diminui as chances do gene parar de funcionar caso alguma mutação iniba o funcionamento de uma cópia.

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A outra é a ativação do gene em resposta a diversos gatilhos moleculares, que levam a respostas diferentes às células danificadas, dando uma vantagem na detecção e eliminação de mutações. Nos elefantes, então, o p53 tem um grande espectro de atuação, demonstrando uma eficiência muito maior do que nos humanos.

A equipe responsável, agora, planeja seguir investigando os resultados com amostras de sangue de um elefante africando do Zoológico de Viena, buscando explorar como suas proteínas p53 interagem com as células danificadas e outras moléculas-chave, comparando os achados com os das células humanas. Isso pode nos ajudar a encontrar novas abordagens no tratamento de câncer, mirando na resposta celular ao dano no DNA, evitando o surgimento da doença desde a raiz.

Fonte: Molecular Biology and Evolution