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OMS questiona série de remédios usados no tratamento da COVID-19

Por| 19 de Outubro de 2020 às 16h15

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Christine Sandu/Unsplash
Christine Sandu/Unsplash

Na luta contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), pesquisadores de todo o mundo investigam formas de combater a COVID-19 e reduzir os óbitos pela infecção. Neste cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou em forma de preprint —  artigo que ainda aguarda revisão de pares — os estudos sobre medicamentos, conduzidos pelo projeto Solidarity. Entre os tratamentos avaliados, estavam o antiviral remdesivir, a hidroxicloroquina e remédios contra o HIV. 

De acordo com a OMS, os resultados do estudo apontam que o remdesivir — medicamento não liberado ainda no Brasil e usado contra ebola — não era melhor do que um placebo para limitar a necessidade de ventilação mecânica em pacientes gravemente enfermos, o tempo de internação ou ainda o risco de morte em infecções pelo coronavírus. Os resultados do Solidarity também sugerem que nenhum dos tratamentos testados traz um efeito substancial na mortalidade ou no tempo de internação.

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Para o ensaio clínico com terapias contra a COVID-19, a OMS testou os efeitos de quatro tratamentos potenciais: o antiviral remdesivir; o medicamento contra a malária, conhecido como hidroxicloroquina; o interferon autoimune; o lopinavir e o ritonavir, usados contra o HIV. 

A partir da seleção dos remédios, foi analisada a evolução de mais de 11,2 mil pessoas em 400 hospitais de 32 países. “Nenhuma das drogas estudadas reduziu a mortalidade em nenhum subgrupo de pacientes nem teve efeitos na iniciação da respiração artificial ou duração da internação hospitalar”, defendeu a OMS na quinta-feira (15).

Farmacêutica do remdesivir rebate estudo

Em resposta aos resultados, a farmacêutica Gilead Sciences, responsável pela produção do remdesivir, rebateu a pesquisa. "Os dados emergentes parecem inconsistentes, com evidências mais robustas de vários estudos randomizados e controlados publicados em revistas revisadas por pares que validam o benefício clínico do remdesivir", afirmou empresa norte-americana, em um comunicado.

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"Estamos preocupados que os dados deste ensaio clínico aberto não tenham passado pela revisão rigorosa necessária para permitir uma discussão científica construtiva, particularmente dadas as limitações do desenho do ensaio", completou a nota.

Outras evidências já apontavam para a falta de eficácia de alguns medicamentos presentes no estudo; entretanto, o remdesivir era considerado uma boa aposta no combate da COVID-19. Inclusive, foi aprovado para uso emergencial tanto nos Estados Unidos — ainda em maio deste ano —  como na Europa, enquanto pesquisados com dados sólidos sobre sua eficácia eram realizados. Agora, seu futuro deve ser uma incógnita.

Luta contra a COVID-19 continua

Segundo Martin Landray, pesquisador do Reino Unido, esses resultados são "importantes, mas preocupantes". Afinal, a COVID-19 "não é uma doença rara. Precisamos de tratamentos escaláveis, acessíveis e equitativos. O estudo Solidarity, da OMS, fez um grande favor ao mundo ao produzir resultados claros, independentes e robustos, mostrando mais uma vez o valor de grandes estudos randomizados no fornecimento de conhecimento precisamos enfrentar as piores consequências da pandemia", completou o pesquisador.

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A partir desses resultados, "estamos analisando anticorpos monoclonais, imunomoduladores e algumas das drogas antivirais mais novas que foram desenvolvidas nos últimos meses", explicou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, sobre os próximos passos da pesquisa contra a COVID-19. Isso porque se comprovou, até agora, a eficácia da dexametasona e alguns corticoides contra o coronavírus.

Para acessar o estudo desenvolvido pela OMS e compartilhada na plataforma medRxiv, clique aqui.

Fonte: Reuters, El País e BBC