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Microplásticos afetam negativamente o comportamento de animais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Setembro de 2023 às 10h56

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Twenty20photos/Envato Elements
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Não é segredo que os microplásticos já provocam um grave problema ambiental. O material derivado do petróleo, quando não reciclado, invade o meio-ambiente, e é conhecido por causar a doença plasticose em aves e ainda pode entrar na corrente sanguínea humana. No entanto, pouco se sabe sobre as mudanças comportamentais causadas pelo consumo dessas partículas minúsculas.

Buscando entender como a ingestão, acidental ou não, de microplásticos afeta o organismo e o comportamento de uma espécie, pesquisadores da Universidade de Rhode Island (URI), nos Estados Unidos, realizaram uma série de experimentos com camundongos.

Por três semanas, as cobaias receberam água infestada por microplásticos. Apesar do curto período de exposição, o “consumo” de poliestireno, um plástico que é usado como base para o isopor, gerou alterações mensuráveis nos roedores. O impacto era sempre maior nos camundongos mais velhos, segundo o estudo publicado na revista International Journal of Molecular Sciences.

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Microplásticos invadem o corpo de mamíferos

Hoje, “os estudos sobre os efeitos dos microplásticos na saúde, especialmente em mamíferos, ainda são muito limitados”, explica Jaime Ross, professora assistente da URI e uma das autoras do estudo, em nota. Com a nova pesquisa, a ideia é entender melhor os efeitos neurocomportamentais e as possíveis causas de inflamação associadas aos plásticos.

Só que, para comprovar as mudanças cognitivas, a equipe de pesquisa precisou identificar se, de fato, os microplásticos se impregnam nos tecidos dos animais expostos e analisados. De forma surpreendente, eles descobriram que as partículas de poliestireno se bioacumulavam em todos os órgãos, incluindo o cérebro. Também era possível encontrá-las nos resíduos corporais, como urina e fezes.

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Para entender o porquê da surpresa, antes de iniciar as análises, a equipe presumia que os microplásticos estariam no trato gastrointestinal, nos rins e no fígado. No entanto, a descoberta do material no coração e nos pulmões indica que que os microplásticos estão indo além do sistema digestivo e, muito provavelmente, atravessando a circulação sistêmica.

Além disso, Ross lembra que “a barreira cerebral é considerada muito difícil de permear. É um mecanismo de proteção contra vírus e bactérias, mas essas partículas conseguiram entrar lá. Na verdade, estavam profundamente presentes no tecido cerebral”, acrescenta.

Alterações de comportamento causadas pelo plástico

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Confirmada a invasão dos microplásticos no organismo dos roedores, a outra etapa da pesquisa consistiu em entender se essa exposição ao material induz a mudanças comportamentais e alterações nos marcadores imunológicos nos tecidos analisados.

Segundo os pesquisadores, a exposição contínua aos microplásticos, por um período menor que um mês, provocou mudanças na forma de movimentação das cobaias. Comparando com os humanos, seria como se os camundongos estivessem com demência, sendo que este comportamento estranho era mais expressivo entre os mais velhos (com 21 meses) que entre os mais novos (4 meses).

“Para nós, isso foi impressionante”, pontua Ross. Também é possível afirmar que a situação é potencialmente preocupante, já que “ninguém compreende realmente o ciclo de vida destes microplásticos no corpo”, acrescenta.

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Microplásticos no cérebro e o risco de Alzheimer

Os cientistas também entendem que o consumo de microplásticos aumenta o risco de doenças neurodegenerativas pelo menos nos camundongos. Isso ocorre pelo fato do material diminuir a concentração da proteína GFAP no cérebro. Neste ponto, Ross explica que, quanto menor for o nível dessa proteína, maior é a probabilidade de casos de Alzheimer e de depressão.

Agora, o grupo de pesquisa deve se aprofundar em questões complementares, como: a exposição aos microplásticos aumenta o risco de inflamação sistêmica no organismo? É possível purificar o corpo dessas minúsculas partículas? Os mesmos efeitos podem ser sentidos por humanos? Ainda é cedo para responder a maioria dessas perguntas, mas algumas pistas já foram encontradas, como revela o atual estudo.

Fonte: International Journal of Molecular Science e URI