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Médicos brasileiros criam método de reconstrução peniana que permite até ereções

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Setembro de 2022 às 19h25

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Ckstockphoto/Envato Elements
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Cientistas brasileiros conseguiram desenvolver uma nova técnica cirúrgica para reconstruir ou aumentar o pênis e até mesmo fazer um, artificialmente, para homens trans — e o melhor, o órgão é capaz de sustentar uma ereção normalmente. A técnica foi descrita em publicação no periódico científico International Brazilian Journal of Urology.

Comandando a equipe, está o urologista Ubirajara Barroso Junior, especialista em reconstrução genital. Até o momento, os médicos já conseguiram realizar a operação em pacientes amputados, com micropênis e em um homem trans. Anteriormente, operações de reconstrução utilizavam pele de outras partes do corpo para refazer o órgão, mas sem a capacidade e entumescer como um pênis normal.

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Como o novo método de reconstrução peniana funciona

Internamente, o pênis tem basicamente 3 cilindros: no centro, há o corpo esponjoso, envolvendo e protegendo a uretra, por onde passa a urina. Ao seu redor, há dois cilindros chamados de corpos cavernosos, preenchidos com sangue quando há estímulo sexual, fazendo com que o órgão fique ereto.

A ausência dos corpos cavernosos é o que invalida métodos antigos de reconstrução peniana, e mesmo o corpo esponjoso é diferente: nos órgãos artificias, a uretra termina em um furo na parte de baixo do pênis, fazendo com que o indivíduo tenha de urinar sentado. Próteses rígidas internas não são ideais, já que os movimentos da penetração fazem o tecido rasgar e a prótese sair.

Com a presença apenas da pele e ausência de estrutura cartilaginosa para dar resistência ao pênis artificial, até próteses infláveis são pouco efetivas: em 50% dos casos, ela também fura o órgão e escapa. Agravando a situação, ela é muito cara, chegando a custar até R$ 90 mil. Médicos de universidades baianas, então, estudaram uma saída: utilizar os corpos cavernosos de fora do pênis.

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Metade dos corpos cavernosos do organismo fica no pênis — o resto fica no períneo, área entre o saco escrotal e o ânus. Tentativas anteriores de reutilizar essa parte do corpo haviam falhado, pois os corpos cavernosos têm uma artéria cada e ficam presos ao osso da bacia. Soltar o tecido dos ossos gera o risco de danificar os vasos sanguíneos e perder a habilidade do corpo cavernoso de encher de sangue.

A sacada para o novo método foi fazer uma incisão no períneo e fazer a operação por dentro do osso da bacia e, ao invés de tentar descolar o corpo cavernoso da estrutura óssea, cortar um pedaço do osso junto, amarrando-o a um ponto mais à frente, no osso do púbis. Com isso, os corpos cavernosos conseguem chegar até o pênis e preenchê-lo. Eles precisam ficar presos a um osso pois, caso contrário, a penetração os empurraria para dentro. Definitivamente.

Operações bem-sucedidas

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O primeiro paciente agraciado com o novo método foi um menino que perdeu o pênis para uma mordida de cachorro quando ainda era um bebê. O pênis reconstruído ficou com 8 centímetros em estado ereto, e outro paciente, que tinha um micropênis de 3,5 cm, ficou com 9 cm (ambas as medidas quando ereto). Nesse caso, a cirurgia foi mais delicada, já que o homem tinha a capacidade de ficar ereto, então tinha mais a perder do que outros pacientes.

Outros indivíduos, que mutilaram seus pênis durante surtos psicóticos, também puderam se aproveitar da operação, além de um homem que perdeu o pênis para o câncer. Associado à falta de higiene, o câncer de pênis chega a representar 2% dos tumores malignos em brasileiros, causando a amputação de 500 pessoas por ano.

Barroso afirma querer ajudar essa parcela da população, então quer ensinar o método a outros médicos, que requer cuidado e experiência — a operação pode durar até 9 horas. O último grande feito foi em um homem trans, possível porque o clitóris também possui 2 corpos cavernosos, com quase o mesmo tamanho do que no corpo biologicamente masculino. Nesse caso, o pênis artificial ficou com 6 centímetros e funcionamento perfeitamente.

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Fonte: International Brazilian Journal of Urology