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Macaco vive por 2 anos com rins de porco

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Outubro de 2023 às 19h11

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AlbertoCarrera/Envato Elements
AlbertoCarrera/Envato Elements

Pela primeira vez, um macaco sobreviveu com rins geneticamente modificados de porco por mais de dois anos — foram exatos 758 dias. O bem-sucedido estudo pré-clínico foi descrito em artigo publicado na revista científica Nature e já é considerado um marco na área de transplantes de órgãos entre espécies.

O procedimento histórico pelo tempo de sobrevivência do animal transplantado foi liderado por pesquisadores da empresa de biotecnologia eGenesis e da Harvard Medical School, ambas localizadas nos Estados Unidos.

A partir de agora, a empresa trabalhará para iniciar testes com xenotransplantes de rins em humanos, o que poderá, um dia, zerar as filas de espera por um transplante de órgão. No Brasil, onde há o maior sistema público de transplantes do mundo, 37,5 mil pessoas aguardam por novos rins nesta quarta-feira (11).

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Transplante de rins entre espécies

O experimento envolveu 21 macacos que tiveram os seus rins removidos e passaram por um transplante, com algumas particularidades. Se os pesquisadores simplesmente “pegassem” o rim de um porco e colocasse na outra espécie, isso não funcionaria. Então, as edições genéticas, usando a tesoura genética CRISPR, foram comuns em todos os experimentos.

A questão é que, segundo os autores, os macacos transplantados sobreviveram apenas 24 dias quando os rins foram editados para desativar exclusivamente três genes suínos que desencadeiam uma forte rejeição ao novo órgão.

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Agora, a média de sobrevivência aumentava significativamente se, além desse desligamento dos genes suínos, fossem inseridos sete transgenes humanos que melhoram a aceitação. Além disso, também ocorreu a inativação dos retrovírus endógenos no genoma suíno. Neste novo cenário, o tempo médio de vida era de 176 dias, com um espécime ultrapassando os dois anos.

Marco na área dos xenotransplantes

Para o diretor-executivo da eGenesis, Michael Curtis, o feito é um “marco extraordinário” na área dos xenotransplantes, já que possibilitará, um dia, “melhores resultados para inúmeros indivíduos [humanos] que necessitam de transplantes de órgãos”.

Com base nesses dados, a equipe pretende dar entrada em um pedido na agência Food and Drug Administration (FDA) para iniciar os primeiros testes com transplantes de rins suínos em humanos.

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Órgãos de porcos em humanos

Na ainda breve história dos xenotransplantes envolvendo humanos, no ano passado, o primeiro paciente do mundo recebeu um coração de porco editado geneticamente. Poucos meses depois, ele faleceu. Mais recentemente, em setembro deste ano, o segundo transplante do tipo foi realizado em um homem de 58 anos, que tinha uma doença cardíaca em estágio terminal.

Até o momento, foi realizado um único transplante de rins suínos editados para um paciente humano, mas este já tinha o diagnóstico de morte cerebral confirmado quando recebeu a doação. Os rins permaneceram em funcionamento por 30 dias até o experimento ser concluído, abrindo precedentes para mais pesquisas do tipo.

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Fonte: Nature e eGenesis