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Teste com transplante de rins de porco para humano foi bem-sucedido

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2023 às 16h30

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Prostock-studio/envato
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Nos Estados Unidos, cientistas da Universidade do Alabama concluíram, com sucesso, um experimento que ajuda a revolucionar os protocolos para transplantes de órgãos em humanos. Pelo período de uma semana, os cientistas mantiveram os rins de um porco, editados geneticamente, funcionando em um paciente com morte cerebral.

Embora o experimento seja restrito, limitado a um único paciente, os resultados ampliam a compreensão sobre as possibilidades de doação de órgãos entre espécies, como aponta o estudo publicado na revista científica JAMA Surgery.

Vale lembrar que, no Brasil, 36,9 mil pessoas aguardam na fila de espera por um transplante de rim, segundo a lista oficial do Ministério da Saúde, atualizada nesta quarta-feira (16). No ano passado, apenas 5,3 mil transplantes de rim foram realizados e, durante a espera, muitos pacientes falecem por complicações renais.

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Transplante de órgãos de animais para humanos

Na ciência, o transplante de órgão feito de um animal para um humano recebe o nome de xenotransplante. Há alguns anos, diferentes equipes de pesquisa no mundo testam alternativas e possíveis protocolos. Até hoje, a espécie mais promissora para esse tipo de procedimento é a suína, devido à semelhança de tamanho entre alguns órgãos centrais.

No entanto, não é qualquer órgão que pode ser transplantado. Para evitar casos graves de rejeição após a cirurgia, mesmo com o uso de remédios imunossupressores, os cientistas recorrem ao procedimento de edição genética. Basicamente, eliminam determinados genes associados aos suínos e adicionam outros relacionados com os humanos.

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Nesta breve história, um dos casos mais emblemáticos ocorreu no ano passado, quando o primeiro transplante de um coração de porco para um ser humano foi realizado. O indivíduo sobreviveu por mais de 2 meses até falecer em decorrência de insuficiência cardíaca, demonstrando que a técnica ainda não está pronta. Outros estudos do tipo foram feitos com pessoas que tiveram morte cerebral.

Entenda como funcionou o teste com rins de porco

No mais recente caso de xenotransplante, os pesquisadores testaram a técnica em um homem de 50 anos que tinha histórico de doença renal crônica, já diagnosticado com morte cerebral.

Antes da cirurgia, os rins passaram por 10 modificações genéticas, sendo que 4 genes de porcos (GTKO, CMAH, B4GALNT2, GHR) foram eliminados e 6 de humanos (CD46, CD55, CD47, THBD, PROCR e HMOX1) foram adicionados.

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Segundo os autores, durante a semana do experimento, os biomarcadores indicavam que os rins estavam funcionando normalmente no paciente. Por exemplo, a urina foi produzida corretamente. Além disso, ocorria a depuração da creatinina no sangue, uma medida associada com a boa função renal. Nenhum coágulo foi identificado no período do experimento.

“Este estudo de caso fornece evidências preliminares importantes de que esses rins geneticamente modificados podem funcionar normalmente, após o xenotransplante, e oferece esperança para aqueles em listas de espera para transplante renal”, afirma Roger Lord, pesquisador do Hospital Príncipe Charles, para a plataforma Scimex. O especialista não participou do estudo.

O interessante é que os xenotransplantes não são a única alternativa pensada para a ciência para facilitar a doação de órgãos. Recentemente, outros pesquisadores anunciaram a possibilidade congelar os rins por até 100 dias, o que aumenta significativamente o tempo viável para localizar um receptor ideal para o transplante.

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Fonte: JAMA SurgeryScimex e Ministério da Saúde