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Realizado 2º transplante de coração de porco para humano

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Prostock-studio/envato
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Nos Estados Unidos, cirurgiões do Centro Médico da Universidade de Maryland (UMMC) realizaram o segundo transplante de coração editado geneticamente de um porco para um humano no mundo. O xenotransplante cardíaco, realizado ainda caráter experimental, foi feito na última quarta-feira (20).

O procedimento de alto risco só foi autorizado após diferentes equipes médicas confirmarem que o paciente Lawrence Faucette, de 58 anos, tem uma doença cardíaca em estágio terminal. Dessa forma, ele não está apto a receber um transplante tradicional de coração humano.

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Em comunicado, os médicos do UMMC afirmam que o paciente "está se recuperando bem e que se comunica com os seus entes queridos". Até a última atualização do centro médico, ele ainda não teve alta hospitalar — neste momento, é importante que ele permaneça em observação para o caso de rejeição do transplante.

Transplante de coração de porco para humanos

Vale lembrar que, no mundo, o primeiro transplante de um coração de porco para um humano foi feito em janeiro do ano passado. Na época, a cirurgia foi feita no paciente David Bennett, de 57 anos. Passados dois meses do transplante, ele faleceu. Apesar disso, os médicos afirmam que o órgão do animal funcionou bem e não houve sinais de rejeição aguda do órgão — um problema comum neste tipo de procedimento.

Fato comum nos dois casos é que a autorização para o procedimento experimental só foi concedida após terem sido esgotadas as formas convencionais de tratamento. Em outras palavras, se estiver faltando doadores de coração disponíveis em uma situação de emergência, uma pessoa não pode simplesmente optar por um xenotransplante. Afinal, a técnica ainda não é reconhecida como segura e nem como eficaz.

Nesse ponto, os cirurgiões e pesquisadores ainda precisam realizar inúmeras cirurgias como esta, antes que a intervenção seja formalmente aprovada por uma agência reguladora.

Hoje, “buscamos caminhos para [obter a autorização necessária para a realização de] ensaios clínicos, fornecendo novos dados importantes sobre pesquisas pré-clínicas que foram solicitadas pela FDA [Food and Drug Administration]”, afirma Muhammad M. Mohiuddin, médico responsável pela cirurgia de transplante.

Xenotransplantes e a fila de espera por transplantes

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Como explicamos, a técnica que envolve o transplante de órgão de animais para humanos ainda é experimental. No entanto, os pesquisadores apostam que esta pode ser uma alternativa viável para, no futuro, reduzir as filas de espera por órgãos e, com isso, salvar milhares de vidas.

No Brasil, o país com o maior sistema público para transplantes de órgãos do mundo, gerido através do Sistema Único de Saúde (SUS), 389 pessoas aguardam na fila por um coração, segundo dados do Ministério da Saúde, atualizados nesta segunda-feira (25). Com esta nova técnica, a fila poderia ser teoricamente zerada.

Inclusive, são investigados xenotransplantes envolvendo outros tipos de órgãos. Por exemplo, cientistas da Universidade do Alabama concluíram, com sucesso, um experimento em que um paciente com morte cerebral permaneceu com o corpo funcionando após receber o transplante de rins de porco. Entre os brasileiros, 37,2 mil pessoas aguardam na fila por este órgão.

Para estar apto para o transplante de rins, o órgão animal passou por edição genética, procedimento no qual foram removidos 4 genes de porcos e acrescentados 6 genes humanos. No caso dos corações que serão transplantados, o número de edições genéticas também é 10, com a mesma proporção.

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A seguir, assista ao vídeo, em inglês, com fragmentos da cirurgia histórica do segundo transplante de coração de porco para um humano nos minutos 1:11, 1:50 e 2:35:

Fonte: UMMC e Ministério da Saúde