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Como é a lista de espera por transplantes de órgãos no Brasil

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Agosto de 2023 às 11h51

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Ckstockphoto/Envato Elements
Ckstockphoto/Envato Elements

Para grande parcela dos pacientes, aguardar na fila de espera no transplante de órgãos é uma corrida contra o tempo, cercada de obstáculos, como o estado de saúde e a disponibilidade de doações. Este é o caso do apresentador de TV Fausto Silva, o Faustão, que aguarda por um transplante de coração desde domingo (20).

Hoje, no Brasil, mais de 380 pessoas esperam por um transplante de coração, como o Faustão — que sofre com insuficiência cardíaca (o coração não consegue mais bombear o sangue) e está internado. Para outros tipos de transplante, a fila de espera é ainda maior, como a do rim, com quase 39 mil indivíduos aguardando por um transplante.

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Antes de seguirmos, vale explicar que, entre os muitos fatores que explicam filas de espera tão longas, está a falta de doadores de órgãos no Brasil. Diante desse cenário, é sempre válido considerar o fato de se tornar um doador.

Como funciona a fila de espera para transplantes de órgãos?

No país, a fila de espera é constituída pelo o Cadastro Técnico Único (CTU), organizado pelas autoridades de saúde de cada estado e supervisionado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde, além de outros órgãos federais de monitoramento. Dessa forma, é unificada e nacional, com critérios regionalizados.

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Neste documento “vivo” digitalizado do CTU, estão todos os potenciais receptores de órgãos no Brasil e as suas respectivas demandas. Como toda lista, a espera pelo transplante de órgãos funciona por ordem cronológica de cadastro, mas há inúmeros critérios e prioridades que podem acelerar (ou desacelerar) esse processo.

Quem tem prioridade na hora do transplante de órgãos?

Conforme indica a Saúde, a posição geral na lista de espera é definida pelos seguintes critérios técnicos:

  • Tempo de espera pelo procedimento de transplante de órgãos;
  • Urgência do procedimento;
  • Crianças tendem a ser prioridade.
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Apesar disso, a ordem de quem vai receber primeiro um transplante pode mudar ao surgir um órgão para a doação. Por exemplo, um coração disponível tem inúmeras especificidades e estas têm que dar um match perfeito com o paciente. Dessa forma, os critérios para concretizar uma doação são:

  • Compatibilidade sanguínea entre doador e receptor;
  • Compatibilidade genética entre doador e receptores;
  • Compatibilidade antropométrica (de tamanho entre o novo órgão e o indivíduo), considerada só para alguns casos;
  • Distância geográfica entre doador e receptor, já que alguns órgãos sobrevivem pouco tempo fora do corpo (isquemia). Em alguns casos, o transporte emergencial precisa ser aéreo.

Diante de tantas nuances, é muito difícil prever quanto tempo levará até que uma pessoa receba o transplante necessário. Afinal, a questão não é apenas conseguir um coração, mas, sim, um coração que é compatível biologicamente e próximo geograficamente.

Quantas pessoas estão na fila de espera por transplantes?

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No momento, 65,9 mil brasileiros aguardam por um órgão na fila de espera, segundo dados atualizados da pasta na última quarta-feira (16) pela Saúde. Deste total, a maioria se concentra no estado de São Paulo, onde 23,6 mil pessoas estão aguardando por um transplante. Em seguida, estão Minas Gerais (7 mil pessoas), Rio de Janeiro (6,1 mil) e Paraná (3,4 mil).

A seguir, veja para quais órgãos a fila de espera é maior no Brasil:

  • Rins: 36,9 mil pessoas aguardam na lista de espera;
  • Córnea: 25,6 mil;
  • Fígado: 2,2 mil;
  • Pâncreas e rins: 392;
  • Coração: 386;
  • Pulmão: 173;
  • Pâncreas: 51;
  • Multivisceral (transplante dos órgãos abdominais, incluindo o estômago, pâncreas, intestino delgado, fígado e baço): 7.
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Novas tecnologias para reduzir a fila por transplantes

Para acelerar as cirurgias de transplantes de órgãos, contornando a limitação do baixo número de doadores, diferentes centros de pesquisa no mundo buscam soluções inovadoras. Entre as mais promissoras, estão os xenotransplantes. Estes consistem no transplante de órgãos entre espécies, como de porcos para humanos, após processos de edição genética — alguns genes suínos são removidos, enquanto outros humanos são acrescentados, o que diminui a taxa de rejeição.

Nesta área, um dos casos mais promissores ocorreu no ano passado, quando o primeiro transplante de um coração de porco para um ser humano foi realizado nos Estados Unidos. O indivíduo sobreviveu por mais de 2 meses após o procedimento histórico. Em paralelo, testes são feitos com transplantes de rins. Inclusive, algumas pesquisas do tipo ocorrem no Brasil.

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Em outra frente — só que mais incipiente —, a ideia é construir os órgãos para transplante do zero, a partir de células humanas. Embora pareça o ideal, é altamente complexo construir um coração tal como deve ser dentro de um laboratório. Por enquanto, minifígados já foram criados e transplantados, com sucesso, para roedores.

Agora, outra vertente busca facilitar o match perfeito entre o órgão doado e o paciente que precisa de transplante. Por exemplo, pesquisadores britânicos testam uma nova técnica que muda o tipo sanguíneo de um órgão antes do transplante, através de uma máquina de perfusão normotérmica e enzimas especiais. Além disso, pesquisadores norte-americanos testam a viabilidade de manter os órgãos congelados por até 100 dias, o que deve viabilizar transplantes mais distantes geograficamente.

É simples ser doador de órgãos?

Embora falar de morte seja tabu, a única forma de reduzir diretamente a fila de espera por órgãos é através das doações após a morte. Isso porque, hoje, a maioria das novas tecnologias ainda estão em desenvolvimento e não podem ser aplicadas de forma ampla.

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Para se tornar um doador de órgãos, a primeira coisa a se fazer é avisar a família desse desejo. Também é preciso que as condições do óbito possibilitem a doação, como em casos de morte cerebral, além do paciente não ter histórico de doenças crônicas, como diabetes, e nem do uso de drogas injetáveis.

Se tudo se encaixar, o indivíduo poderá doar rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos ou mesmo tendões, ajudando a salvar outras vidas.

Aqui, cabe pontuar, como lembra a Saúde, que “muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam da doação”.

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Fonte: Ministério da Saúde e Senado