IA pode diagnosticar tumor cerebral e ajudar cirurgiões
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Em estudo publicado na Nature na última quarta-feira (11), cientistas apresentaram uma ferramenta de inteligência artificial (IA) capaz de diagnosticar um tumor cerebral. A ideia é que a tecnologia possa ajudar os cirurgiões a decidir o melhor procedimento a ser seguido na mesa de operações.
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É comum que os cirurgiões tenham que decidir se devem cortar algum tecido cerebral saudável para garantir que todo o tumor seja removido ou se devem dar um amplo espaço ao tecido saudável e correr o risco de deixar algumas das células ameaçadoras para trás.
Assim a proposta da inteligência artificial é fornecer conhecimentos sobre o tumor que podem ajudar a fazer essa escolha.
Na prática, a ferramenta escaneia segmentos do DNA de um tumor para identificar modificações químicas que possam produzir um diagnóstico detalhado do tipo e até mesmo do subtipo do tumor cerebral.
Esse diagnóstico, gerado durante os estágios iniciais de uma cirurgia de horas de duração, pode ajudar os cirurgiões a decidir como operar. No entanto, a estimativa dos pesquisadores é que no futuro o método também possa ajudar a orientar os médicos em direção a tratamentos adaptados para um subtipo específico de tumor.
IA avalia tumor cerebral
O sistema, chamado Sturgeon, foi testado pela primeira vez em amostras congeladas de tumores de operações anteriores de câncer no cérebro. Segundo os pesquisadores, a tecnologia conseguiu diagnosticar com precisão 45 dos 50 casos.
O sistema foi então testado durante 25 cirurgias cerebrais ao vivo. A abordagem forneceu 18 diagnósticos corretos.
O grupo de pesquisadores explica que o novo método utiliza uma técnica de sequenciamento genético mais rápida e aplica apenas a uma pequena parte do genoma celular, permitindo retornar resultados antes que o cirurgião comece a operar o tumor.
Tecnologias no tumor cerebral
No início deste ano, pesquisadores de Harvard também desenvolveram uma ferramenta com Inteligência Artificial que sequencia genoma de câncer cerebral, em tempo real. Mas por enquanto, a IA de Harvard só pode ser usada em cirurgias que envolvam os gliomas. Estes são os tumores cerebrais mais agressivos e mais comuns em humanos. A ideia dos cientistas é ampliar o uso da ferramenta para outros tipos de câncer no futuro.
Também neste ano, cientistas da Universidade Johns Hopkins criaram um gel que combina quimioterapia (remédios oncológicos) com imunoterapia (anticorpos monoclonais) para o tratamento de tumores raros no cérebro.
Em testes pré-clínicos, o composto curou 100% dos casos de ratos com glioblastoma, um tumor cerebral mortal que também acomete humanos. O tratamento é feito em paralelo à remoção cirúrgica das células cancerígenas.
Fonte: Nature, The New York Times