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IA ajuda a melhorar o sabor de novos remédios

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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 leungchopan/envato
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Já parou para pensar em como alguns remédios têm gosto ruim, especialmente alguns tipos que são vendidos em gotas ou mesmo em comprimidos? Buscando melhorar a experiência do paciente e reduzir o amargor dos medicamentos, pesquisadores da University College London (UCL), na Inglaterra, desenvolvem um novo modelo de Inteligência Artificial (IA), capaz de prever o sabor de uma medicação.

Quando o modelo de IA estiver pronto, os cientistas explicam que ele será compartilhado como uma ferramenta de código aberto (open source). Dessa forma, diferentes indústrias farmacêuticas poderão se beneficiar da estratégia que ajuda a tornar os medicamentos mais palatáveis e que deve reduzir o número de pacientes que descontinuam tratamentos por causa do gosto — sim, isso acontece e não deve ser encarado simplesmente como “frescura”.

Como são os testes para determinar o sabor dos remédios?

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Antes de entrar no modelo de IA, vale dizer que a equipe da UCL já usa um tipo de tecnologia para determinar o sabor de um novo medicamento. Hoje, a ferramenta mais utilizada no laboratório de desenvolvimento é uma espécie de língua eletrônica. De um modo menos humanizado de se dizer, é um dispositivo com sensores que respondem aos sabores de um composto.

Ao entrar em contato com uma substância, como um comprimido de antibiótico, a tecnologia atribui uma pontuação para o amargor daquele composto e estima o nível de aversão que provocará na dose clínica recomendada. Isso é bem mais barato, rápido e prático do que recrutar seres humanos para trabalharem como sommeliers (degustadores) de remédios. Agora, a equipe quer dar um passo a mais.

Uso da IA para prever o amargor

A partir dos dados já obtidos com a língua eletrônica e de novos testes, os pesquisadores trabalham em um novo modelo de IA capaz de prever os níveis de amargor de um medicamento de forma totalmente automatizada. Em tese, isso poderá ser feito antes mesmo de ter um potencial remédio na forma de um comprimido.

Na fase de desenvolvimento, “executamos um algoritmo de aprendizado de máquina para basicamente ver qual é a estrutura química, qual é a estrutura molecular e quais são os outros parâmetros físicos e químicos que o tornam amargo, e tentamos ver se há uma relação”, explica Hend Abdelhakim, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo modelo de IA, em nota.

No futuro, dependendo dos resultados apresentados pela IA, novos elementos poderão ser acrescentados ao medicamento, visando melhorar a experiência do paciente.

Remédio precisa ter um gosto “bom”

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De fato, o mais importante em um remédio é que ele funcione, sem provocar graves efeitos adversos. No entanto, com a IA, as indústrias farmacêuticas não precisam se limitar à eficácia, podendo ir além e tornando o uso de medicamentos uma experiência mais agradável para crianças e pacientes com doenças crônicas. Afinal, “mesmo que seja um medicamento milagroso, se o paciente não o tomar, não funcionará”, lembra Abdelhakim.

Por exemplo, no caso de antibióticos, estes medicamentos devem ser obrigatoriamente usados durante o período predefinido pelo médico. Caso a pessoa descontinue o tratamento antes da hora, há risco dela, acidentalmente, selecionar as bactérias no seu organismo e desenvolver algum tipo de resistência antimicrobiana. Neste cenário, ter comprimidos que ao menos não sejam amargos é bastante positivo.

Em outro exemplo, “os medicamentos antirretrovirais [prescritos contra o HIV] não têm um gosto muito bom”, pontua Abdelhakim. “Então, se o paciente tiver que tomar esses comprimidos todos os dias pelo resto da vida, isso pode ser um problema, principalmente se eles começarem a tomá-los ainda muito jovens”, completa sobre as aplicabilidades da potencial IA.

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O interessante é que, dentro da área de desenvolvimento de novos medicamentos, esta aplicação é só mais uma entre inúmeras. Por exemplo, o primeiro medicamento feito com IA generativa está em testes com humanos e, se tudo der certo, pode ser um marco para toda a indústria.

Fonte: UCL