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HPV é a infecção mais associada ao câncer, mas tem vacina

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Setembro de 2023 às 15h33

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iLexx/Envato
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Na medicina, alguns agentes infecciosos são conhecidos por aumentarem o risco de outras doenças, como o câncer, mesmo anos depois da infecção original. Este é o caso do Papilomavírus Humano (HPV) — um vírus que é bastante comum na população brasileira, mas que nem sempre se manifesta, através de suas verrugas características.

Analisando a literatura científica, a pesquisadora Flávia de Miranda Corrêa, da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede (Didepre) do Instituto Nacional de Câncer (INCA), explica que o HPV é o vírus com mais associações ao câncer descritas pela medicina. São pelos menos seis tipos de câncer. Apesar disso, a vacina ainda é pouco procurada no Brasil, mesmo quando a aplicação é gratuita.

Tipos de câncer associados ao HPV

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Para entender o cenário, em mulheres, o HPV é o principal causador do câncer de colo de útero — também conhecido como câncer cervical —, além das associações com os cânceres na vulva e vagina. Nos homens, cerca de metade das neoplasias de pênis surgem a partir de uma infecção pelo vírus. Em ambos, a infecção Sexualmente Transmissível (IST) é associada com quadros de câncer de garganta (orofaringe) e de ânus.

Dando zoom em um desses tipos de tumor, cerca de 80% dos casos de câncer de colo de útero são associados com uma infecção prévia pelo HPV. Entre os sorotipos mais comuns do vírus relacionados a essa neoplasia, estão os HPV-16 e HPV-18. Ambos são responsáveis por 70% desses tumores. Além deles, os tipos 31, 33, 45, 52 e 58 causam aproximadamente 15% dos cânceres.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o tumor no colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres em todo o mundo. Considerando apenas os dados das Américas, a cada ano, 35 mil mulheres morrem em decorrência da doença. Desses óbitos, mais da metade das pacientes tem menos de 60 anos.

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Toda infecção por HPV causa câncer?

Apesar do risco elevado entre o HPV e o câncer, não é toda infecção que gera a doença obrigatoriamente. No mundo, a estimativa é que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial entre em contato com algum sorotipo do HPV ao longo da vida.

A questão é que, na maioria dos casos, a infecção é controlada pelo próprio sistema imunológico do paciente, regredindo alguns meses após o contágio. Em outros casos, as verrugas da infecção são tratadas com a ajuda de medicamentos. No entanto, o risco maior está nas lesões não tratadas, o que favorece o aparecimento do câncer.

Vacina contra o HPV no Brasil

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Como o HPV é considerado um tipo de IST, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS), é que o público-alvo seja imunizado antes do início da vida sexual, o que aumenta as chances de proteção contra o vírus.

Por isso, a vacina é gratuita para para meninos e meninas de 9 a 14 anos, em um esquema de duas doses, em todo o país. Além disso, alguns pacientes imunossuprimidos podem receber a vacinação através do SUS.

Vacina do HPV protege contra quais sorotipos?

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Para a imunização contra o HPV, existem diferentes tipos de vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no país. Quem toma o imunizante no SUS recebe a vacina tetravalente — esta protege contra os sorotipos do HPV 6, 11, 16 e 18, sendo que os dois últimos são os principais causadores de câncer.

Na rede particular, chegou recentemente a vacina nonavalente, conhecida pelo nome comercial de Gardasil 9. Neste caso, a imunização protege contra nove diferentes sorotipos do HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).

Baixa procura pela vacina contra HPV no Brasil

Independente do tipo da vacina, a busca por imunização contra o HPV é baixa no Brasil. Por exemplo, dados da OPAS indicam que, em 2021, apenas 37% dos adolescentes do sexo masculino foram imunizados contra o vírus no país. Conforme prevê o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a meta é imunizar 80% desse público-alvo.

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Camisinha protege contra o HPV?

Diferente do que prega o senso comum, as camisinhas e os preservativos não protegem contra o HPV, sendo a vacinação a forma mais eficaz de proteção contra essa infecção relacionada ao risco aumentado de câncer.

Afinal, “a camisinha protege só o pênis [na maioria dos modelos]. Ela não vai cobrir a bolsa escrotal, não vai cobrir o ânus, e não vai impedir o contato da pele com a pele”, explica a pesquisadora Corrêa para a Agência Brasil. Aqui, diferente do HIV, por exemplo, a transmissão deste vírus se dá pelo contato da mucosa, mas também da pele infectada.

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Mais infecções associadas ao câncer

Vale dizer que, na ciência, o HPV não é o único patógeno relacionado com o risco aumentado para o câncer. Além deste agente infeccioso, os vírus da Hepatite B e C podem desencadear o câncer de fígado e leucemia. Enquanto isso, o vírus Epstein-Barr (EBV) pode evoluir para linfomas e carcinoma nasofaríngeo. Por fim, a bactéria Helicobacter pylori é associada aos cânceres de estômago, esôfago, fígado e pâncreas.

Fonte: Agência Brasil