H5N1: Brasil confirma os primeiros casos de gripe aviária em animais
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Na noite de segunda-feira (15), o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou os primeiros casos do vírus da influenza aviária, o H5N1, em animais silvestres no Brasil. A doença foi confirmada em três aves marinhas resgatadas no litoral do Espírito Santo.
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Embora outros países da América do Sul já tenham confirmado casos do vírus H5N1 em animais silvestres, incluindo mamíferos, como no Peru, este é o primeiro brasileiro. Diante do potencial risco, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de alerta. A medida busca aumentar a vigilância em todo o território nacional.
Vale pontuar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe aviária H5N1 representa um risco de transmissão baixo para os humanos, embora exista, como foi observado recentemente no Camboja e nos Estados Unidos.
Antecipando possíveis cenários, o Instituto Butantan já trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus. A pesquisa está em estágio pré-clínico, mas pode ser oportunamente acelerada, já que a tecnologia usada no potencial imunizante é a mesma adotada na tradicional vacina contra a gripe comum.
O que se sabe sobre os primeiros casos de H5N1 no Brasil?
No Brasil, os primeiros casos da gripe aviária H5N1 foram identificados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO). Na última quarta-feira (10), o grupo recebeu um alerta do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Cariacica (Ipram), localizado no Espírito Santo, para a existência de aves potencialmente contaminadas.
Após o alerta e as investigações necessárias, as autoridades de saúde pública confirmam três casos da gripe aviária H5N1:
- Duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus, popularmente conhecidas como Trinta-réis-de-bando, encontradas no município de Marataízes e em Vitória, ambas no litoral do Espírito Santo;
- Uma ave migratória da espécie Sula leucogaster (atobá-pardo), que já se encontrava no Ipram.
Descoberta de casos de H5N1 não têm impacto imediato no Brasil
No entendimento do ministério, a descoberta de casos brasileiros da gripe aviária H5N1 não têm impacto imediato no país. “Cabe destacar que a notificação da infecção pelo vírus da IAAP [Influenza Aviária de Alta Patogenicidade] em aves silvestres não afeta a condição do Brasil como país livre de IAAP”, informa o Mapa.
Além disso, os três casos de gripe aviária não devem modificar a dinâmica do Brasil com outras nações. Isso porque os demais países membros da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) “não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros”, explica o ministério.
De acordo com as evidências atuais, os casos da gripe aviária H5N1 estão relativamente isolados. No entanto, “a depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas pelo Mapa e pelos órgãos estaduais de sanidade agropecuária para evitar a disseminação de IAAP e proteger a avicultura nacional”, afirma.
Gripe aviária é altamente contagiosa
Aqui, cabe pontuar que, hoje, o mundo enfrenta a maior pandemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Apesar disso, o Mapa lembra que “a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais”, não afetando humanos.
De forma geral, casos de transmissão da doença de animais para humanos são possíveis. Só que, na maioria das vezes, isso ocorre quando há o contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas). A transmissão não ocorre pelo consumo de carnes e nem de ovos.
Com o atual estado de alerta para a gripe aviária H5N1, o ministério orienta que, ao identificar uma ave doente — com andar cambaleante e/ou pescoço deitado —, qualquer pessoa deve acionar o serviço veterinário local. Se possível, uma notificação do caso deve ser feita através do sistema e-Sisbravet. No entanto, não se deve tocar nestes animais, já que o vírus pode permanecer ativo em fezes e secreções respiratórias.
Fonte: Mapa