H5N1 | Butantan desenvolve potencial vacina contra a gripe aviária
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O Instituto Butantan começou a desenvolver uma vacina própria contra a gripe aviária H5N1 como parte de sua estratégia de monitoramento de cepas deste agente infeccioso com potencial pandêmico. A expectativa é que os testes pré-clínicos — aqueles feitos em laboratório — sejam concluídos este ano e, em 2024, seja possível iniciar estudos com humanos no Brasil.
- H5N1: menina de 11 anos morre de infecção rara por gripe aviária no Camboja
- Gripe aviária | Mudar forma de criação de aves pode evitar uma possível pandemia
A busca por uma imunizante contra o H5N1 começou após o surto da doença no Camboja. No país do continente asiático, uma criança de 11 anos morreu em decorrência da infecção no mês passado. Mais de 10 pessoas foram oficialmente infectadas pelo patógeno e, no momento, não existe nenhuma vacina capaz de prevenir o quadro que pode ser mortal.
Entenda como é a vacina contra a gripe aviária H5N1 do Butantan
A vantagem do Butantan na fabricação da potencial vacina contra o H5N1 é que o processo é o mesmo envolvido na produção anual da vacina contra a gripe comum (influenza). Para o novo imunizante, "nós já temos a cepa vacinal e estamos na fase inicial de produção dos bancos virais, que futuramente serão utilizados para inoculação em ovos e produção dos monovalentes [componente ativo da vacina]”, detalha Paulo Lee Ho, gerente de desenvolvimento e inovação de produtos.
Outro ponto é que, segundo Paulo, o Butantan usa a cepa da gripe aviária isolada da Rússia. Esta"é geneticamente muito mais próxima das cepas circulantes hoje. Com isso, ela deve se mostrar mais eficaz do que os outros imunizantes disponíveis”, explica.
Isso porque tanto os Estados Unidos quanto a Europa já têm imunizantes prontos contra o H5N1 — em ambos os casos, a licença de uso é bastante específica e só poderiam ser aplicados em caso de uma pandemia. A questão é que estas fórmulas foram construídas a partir de cepas do H5N1 provenientes da Indonésia, Vietnã e Turquia, e têm diferenças em relação à cepa recentemente encontrada no Camboja. Em tese, seriam menos eficazes que o composto em desenvolvimento pelo Butantan.
Riscos do vírus H5N1 para os humanos
Vale explicar que, na maioria dos casos, o vírus H5N1 infecta aves, especialmente as migratórias. Por exemplo, no final do ano passado, a Europa sacrificou cerca de 50 milhões de aves em granjas contaminadas. Além do hospedeiro "original", o agente infeccioso pode ser transmitido para mamíferos e, em casos raros, também infecta humanos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando a gripe aviária ocorre em humanos, o risco de mortalidade é alto. Nos últimos 20 anos, 873 casos e 458 óbitos foram reportados em 21 países, o que confirma a letalidade da doença. Até o momento, não há registros do H5N1 no Brasil.
Fonte: Instituto Butantan