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Flórida emite alerta para homens de 18 a 39 anos que vão se vacinar contra covid

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Outubro de 2022 às 10h54

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CDC/Unsplash
CDC/Unsplash

Na última sexta-feira (7), o Departamento de Saúde do governo da Flórida compartilhou dados de um levantamento interno — que não foi publicado em uma revista científica, onde passaria por revisão de outros pesquisadores — de que a vacina de mRNA (RNA mensageiro) aumenta o risco relativo de mortes por coração em homens de 18 a 39 anos. Este risco permaneceria elevado por até 28 dias. No entanto, as vacinas seguem liberadas e podem ser usadas para todas as faixas etárias.

Em comunicado, o departamento de saúde afirmou que "esta análise descobriu que há um aumento de 84% na incidência relativa de morte relacionada ao coração entre homens de 18 a 39 anos dentro de 28 dias após a vacinação com mRNA".

Vale mencionar que, entre as vacinas de mRNA, estão a da Pfizer e da Moderna. No entanto, aumento da incidência relativa de morte não foi observado após a vacina da Janssen (Johnson & Johnson) — no momento, esta fórmula é usada de forma restrita nos Estados Unidos devido aos efeitos adversos raros.

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Flórida não recomenda mais vacina da covid para homens?

Apesar do risco de morte do coroação relatado no estudo, as autoridades de saúde da Flórida não suspenderam o uso das vacinas de mRNA para homens. Isso significa que os benefícios da vacinação superam os riscos da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 (internações e óbito). Em comunicado, o departamento de saúde afirma:

"O cirurgião geral do estado [Joseph Ladapo] recomenda que homens de 18 a 39 anos recebam vacinas de mRNA contra a covid-19. Aqueles com condições cardíacas preexistentes, como miocardite e pericardite, devem ter cuidado especial ao tomar essa decisão".
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Por que a Flórida emitiu o alerta para homens da vacina da covid?

O objetivo do levantamento da Flórida era entender quais são os riscos e os benefícios, na prática, da vacinação contra a covid-19. A partir dos resultados, novas políticas públicas de imunização poderiam ser traçadas ou revistas. Neste caso, as autoridades optaram apenas por um alerta, mantendo as indicações de uso.

"Para a análise primária, foram incluídos residentes da Flórida com 18 anos ou mais que morreram dentro de 25 semanas após a vacinação contra covid-19 desde o início da implementação da vacinação (15 de dezembro de 2020)", explica o estudo.

"Os resultados da análise estratificada para morte relacionada ao coração após a vacinação sugerem que a vacinação com mRNA pode estar aumentando o risco em homens, especialmente entre homens de 18 a 39 anos", acrescenta o texto.

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Por outro lado, "o risco de morte por todas as causas e relacionadas ao coração foi substancialmente maior 28 dias após a infecção da covid. O risco associado à vacinação com mRNA deve ser ponderado em relação ao risco associado à infecção da covid", pontua o estudo.

É possível associar à vacina com a morte provocada por algum problema do coração?

O levantamento da Flórida observou apenas que homens de 18 a 39 anos tinham mais chances de morrer em 28 dias, após a vacinação, por algum problema do coração do que a população em geral. No entanto, o estudo não estabeleceu conexão entre os dois fatores, ou seja, não é possível afirmar que a vacina provocou o óbito.

"Este estudo não pode determinar a natureza causal da morte de um participante. Usamos dados de atestado de óbito e não prontuários médicos. O status do teste da covid era desconhecido para aqueles que não morreram em decorrência da covid", afirma o estudo.

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Controversas da pesquisa

Para relacionar pacientes que morreram de problemas do coração, era necessário ter apenas o CID I30-I52 no atestado de óbito, o que pode gerar bastante imprecisão, segundo a médica e divulgadora científica, Kristen Panthagani.

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"Em suma, essa lista é muito ampla para ser significativa, exclui alguns problemas cardíacos, mas não outros, e a maioria dos diagnósticos é mais provável de ser causada por outros processos de alguma outra doença em andamento do que a vacinação", explica Panthagani.

Por exemplo, alguém que pode ter morrido em decorrência da endocardite bacteriana (causada por bactéria) — algo que não é associável à vacina da covid —, mas ser supostamente incluído no estudo, exemplifica Panthagani.

Afinal, vacina da covid pode ter efeito adverso raro?

É importante destacar que, sim, alguns efeitos adversos bastante raros já foram associados com a vacinação de mRNA contra a covid-19, como a miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e a pericardite (inflamação das membranas que envolvem o coração). Ambos estão listados em levantamento feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, mas são raros.

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"Esses casos raros de miocardite ou pericardite ocorreram com mais frequência em adolescentes e adultos jovens do sexo masculino, com 16 anos ou mais, dentro de 7 dias após receberem a segunda dose de uma vacina de mRNA contra a covid-19 (Pfizer-BioNTech e Moderna)", explica o CDC, sem associar a condição com um risco elevado de mortes. Aqui, o entendimento também é de que os benefícios da vacinação superaram os riscos da doença.

Fonte: CDC e Governo da Flórida (1) e (2)