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Afinal, qual a relação entre miocardite e as vacinas contra covid?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Janeiro de 2022 às 16h24

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kjpargeter/Freepik
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Com o avanço da vacinação contra a covid-19 em crianças e adolescentes, muitas pessoas passaram a discutir um dos possíveis e raros efeitos adversos das vacinas de mRNA (RNA mensageiro) contra a covid-19: a miocardite induzida pela vacinação. No entanto, a própria infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 pode desencadear a condição e as chances são maiores, segundo pesquisas.

Desde o dia 14 de janeiro, o Brasil imuniza crianças de 5 e 11 anos com a vacina da Pfizer/BioNTech, que usa a estratégia do mRNA para provocar a resposta do sistema imunológico contra a covid-19, e a CoronaVac (Butantan). Até esta segunda-feira (31), o estado de São Paulo já aplicou 1,16 milhão de doses, mas nenhum caso de miocardite foi confirmado após a imunização.

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A Prefeitura de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, chegou a suspender da vacinação infantil contra covid-19, depois que uma criança sofreu uma parada cardíaca. No entanto, investigações sobre o caso apontaram que o imunizante não foi o responsável, já que a criança tinha uma doença congênita rara.

O que é miocardite?

Vale explicar que a miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco que tende a ocorrer após casos de infecção viral, como uma gripe ou mesmo após a covid-19, por exemplo. Além disso, pode ser causada pela doença de Chagas, desencadeada por um parasita. Em outros casos, a origem pode ser uma infecção bacteriana.

Nessas pessoas, os sintomas podem variar de fadiga leve e dor no peito que desaparece por conta própria até irregularidades do ritmo cardíaco e casos de parada cardíaca. Em casos extremos, o paciente pode ir a óbito. No entanto, a maioria dos casos não desencadeia efeitos duradouros.

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Vacinas podem causar miocardite?

Sim, as vacinas de mRNA, como a fórmula da Pfizer e da Moderna, podem causar miocardite, mas este é um efeito adverso raro. Inclusive, há um risco ligeiramente aumentado em adolescentes do sexo masculino. Só que as autoridades de saúde ainda confirmam que o baixo risco compensa os benefícios da imunização.

Este é o caso do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou, em junho de 2021, sobre casos raros de inflamações no músculo cardíaco e no tecido que envolve o coração em pessoas que tomaram vacina, mas continuou a recomendar a vacinação.

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"A Anvisa orienta aos vacinados com o imunizante da Pfizer que procurem atendimento médico imediato se tiverem sintomas como dor no peito, falta de ar e palpitações. Além disso, orienta os profissionais de saúde e os cidadãos a notificarem imediatamente casos suspeitos à Agência", informou, em comunicado.

O que diz a bula da vacina da Pfizer?

Para entender os efeitos adversos de uma medicamento, é sempre válido recorrer à bula. Inclusive, a maioria das medicações tem efeitos colaterais indesejados, embora não seja hábito das pessoas verificarem quais reações determinado medicamento pode causar. A exceção ocorre, principalmente, com as vacinas contra a covid-19.

De acordo com a bula, disponibilizada pela Anvisa:

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"Casos muito raros de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e pericardite (inflamação do revestimento exterior do coração) foram relatados após vacinação com Comirnaty. Normalmente, os casos ocorreram com mais frequência em homens mais jovens e após a segunda dose da vacina e em até 14 dias após a vacinação. Geralmente são casos leves e os indivíduos tendem a se recuperar dentro de um curto período de tempo após o tratamento padrão e repouso. Após a vacinação, você deve estar alerta para sinais de miocardite e pericardite, como falta de ar, palpitações e dores no peito, e procurar atendimento médico imediato, caso ocorram".

Além disso, a Pfizer discrimina a frequência dessas reações adversas para aqueles que têm mais de 12 anos. Por exemplo, dor e inchaço no local da injeção são considerados efeitos "muito comuns", afetando cerca de 10% dos imunizados. Agora, a hiperidrose (suor excessivo) é uma reação incomum e afeta entre 0,1% e 1% dos vacinados. Existem também as reações raras, como a paralisia facial aguda, que afeta entre 0,01% e 0,1%.

No caso da miocardite e da pericardite, os estudos clínicos da Pfizer apontam como sendo reações de frequência desconhecida. Isso porque "não pode ser estimada a partir dos dados disponíveis", já que os casos relatados são bastante baixos perto das milhões de pessoas já imunizadas,

No caso específico das crianças de 5 a 11 anos — e há uma vacina menos concentrada para este grupo —, a miocardite não configura entre os efeitos adversos observados na bula. Independente das reações incluídas no documento, novos quadros podem ser descobertos e, posteriormente, incluídos, já que existe uma vigilância ativa de efeitos adversos das vacinas.

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Afinal, vale se vacinar?

“Se você olhar para o risco isolado [ter miocardite ou não], você pode realmente ficar nervoso e assustado”, explicou o médico Brian Feingold, especialista em inflamação cardíaca em crianças do Hospital Infantil UPMC de Pittsburgh, ao jornal The New York Times. No entanto, os casos da inflamação no coração são “muito mais prováveis” após uma infecção pela covid-19, explicou.

Em artigo para a revista New England Journal of Medicine, a professora de pediatria da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, Grace Lee, afirmou que as taxas de risco para miocardite foram de 3,24 após a vacinação e 18,28 após a infecção pelo coronavírus.

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Em outras palavras, o risco é seis vezes maior com a covid-19. "Além disso, as pessoas com infecção por SARS-CoV-2 pareciam ter um risco substancialmente maior de arritmia, infarto do miocárdio, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pericardite, hemorragia intracerebral", completou Lee.

Fonte: Governo de SP, Anvisa, NEJM e NYT