FDA suspende uso de hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da COVID-19
Por Fidel Forato | 15 de Junho de 2020 às 17h13
Na busca por medicamentos e tratamentos contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), a agência federal norte-americana, a Food and Drug Administration (FDA), revogou nesta segunda-feira (15) a autorização de uso emergencial para a hidroxicloroquina e a cloroquina no tratamento da COVID-19. Nos Estados Unidos, essa agência tem papel semelhante à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil.
- O que é taxa R? Quando é hora de afrouxar a quarentena?
- Não tem teste? Análise online de tomografias auxilia no diagnóstico de COVID-19
- COVID | Estudo que desencoraja uso de hidroxicloroquina é alvo de investigações
De acordo com as últimas evidências sobre o uso do composto, a FDA alega que não é mais razoável acreditar que o produto possa ser efetivo tanto no tratamento quanto na prevenção da doença. Além disso, a agência explica não ser mais possível considerar que os potenciais benefícios do remédio superam os possíveis riscos do seu uso. "É improvável o uso das duas substâncias tenha um efeito antiviral contra COVID-19", afirma a organização.
Entenda a questão
Uma parcela dos pesquisadores observou que as propriedades anti-inflamatórias e antivirais do medicamento sugeriram que ele poderia ser eficaz no tratamento da COVID-19. Por isso, a FDA autorizou o uso de forma emergencial, em março. Em outras palavras, foi uma autorização para a emergência da pandemia e, mais estudos deveriam ser feitos para validar a decisão tardiamente.
Embora a cloroquina e a hidroxicloroquina possam neutralizar o coronavírus em experimentos de laboratório, a parcela de pesquisadores ainda não conseguiu provar seu valor em estudos com COVID-19 em humanos, onde o "experimento" não é em um ambiente controlado, como nas situações in vitro.
Após a decisão, as diretrizes de tratamento do governo dos Estados Unidos não recomendam o uso dos medicamentos para pacientes com COVID-19, fora do contexto de um estudo clínico. Além dos EUA, a França, a Itália e a Bélgica, no final do mês passado, interromperam o uso interno da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.
No mundo todo, há cerca de 400 estudos listados para a investigação do uso da hidroxicloroquina e da cloroquina para pacientes com a doença, sendo que mais da metade deles ainda estão em andamento, de acordo com análise da empresa de pesquisa GlobalData. Em recente polêmica, um dos estudos que desencorajava o uso de hidroxicloroquina foi retirado do ar.