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Farmacêutica do Ozempic testa remédio contra obesidade em crianças

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Towfiqu98/Envato
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Para ajudar no processo de perda de peso, uma equipe internacional de pesquisa analisou os efeitos da liraglutida (princípio ativo que é parente do usado no Ozempic) em crianças com obesidade. Quando o uso da caneta foi combinado com mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e exercícios, o tratamento reduziu as medidas e melhorou a saúde dos pequenos.

Publicado na revista New England Journal of Medicine, o estudo com o remédio primo do Ozempic é pioneiro em apresentar uma possível terapia para a obesidade, voltada para crianças. Entretanto, o uso da liraglutida somente será liberado para crianças, após aprovação das agências reguladoras. E sempre será necessário acompanhamento médico.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autoriza o uso de medicamentos com liraglutida para a obesidade e para o diabetes tipo 2, mas a autorização não envolve o uso pediátrico. No futuro, isso pode mudar.

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Liraglutida, semaglutida e Ozempic

Quando se pensa nas “canetas emagrecedoras”, são mais comuns as associações com o Ozempic (para diabetes tipo 2) e o Wegovy (para obesidade). Ambos têm como princípio ativo a semaglutida e são produzidos pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. 

No entanto, a mesma empresa oferece outra linha de remédios, com base na liraglutida: Victoza (para diabetes tipo 2) e Saxenda (para obesidade). Entre as diferenças, está o fato da liraglutida ser de aplicação diária, enquanto a semaglutida é de uso semanal. 

No campo das semelhanças, os quatro medicamentos são considerados como um agonista do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1)

Isso significa que eles imitam um hormônio do corpo, o GLP-1, reduzindo o apetite e a sensação de fome, retardando a liberação de alimentos do estômago e aumentando a sensação de saciedade após comer.

Caneta emagrecedora em crianças

No estudo clínico, os pesquisadores recrutaram 82 crianças, com 6 a 12 anos, com obesidade. Do total, 26 tomaram um placebo e as outras 56 receberam aplicações diárias de liraglutida. Em paralelo, receberam orientações para adotar uma alimentação saudável e praticar exercício.

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Após um ano do início do estudo, as crianças que tomaram liraglutida apresentaram uma redução média de 7,4% no Índice de Massa Corporal (IMC) em comparação ao placebo. Perda de pelo menos 5% do IMC foi observado em 46,2% das crianças que receberam liraglutida e 8,7% que receberam placebo. 

Além disso, melhorias na pressão arterial e no controle do açúcar no sangue também foram observadas. No entanto, não foi medida a composição corporal dos participantes.

Foram relatados mais eventos adversos gastrointestinais (como náusea, vômito, diarreia) no grupo que recebeu a liraglutida (80% contra 54%). Já os efeitos adversos graves foram identificados em 12% e 8% dos participantes nos grupos liraglutida e placebo, respectivamente. Inclusive, foi registrado caso de descontinuidade do tratamento.

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No geral, os autores observam resultados positivos da medicação, que é prima do Ozempic. "Entre crianças (de 6 a 12 anos) com obesidade, o tratamento com liraglutida por 56 semanas mais intervenções no estilo de vida resultou em uma redução maior no IMC do que o placebo mais intervenções no estilo de vida", afirmam, no artigo.

Estratégia contra obesidade

“Até o momento, as crianças não tiveram praticamente nenhuma opção para tratar a obesidade. Foi dito a elas para 'se esforçarem mais' com dieta e exercícios”, comenta Claudia Fox, autora principal do estudo e professora da Universidade de Minnesota (EUA), em nota.

“Agora, com a possibilidade de um medicamento que trate da fisiologia subjacente à obesidade, há esperança de que crianças que vivem com obesidade possam viver vidas mais saudáveis ​​e produtivas”, complementa. Até o momento, nenhuma agência reguladora deu aval para o uso desses medicamentos em menores de 12 anos. 

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Vale enfatizar que o uso de caneta emagrecedora em crianças foi restrito a ambiente de testes clínicos. Não há, até o momento, indicação ou prescrição para uso pediátrico aprovada por agências reguladoras.

Fonte: NEJM, Universidade de Minnesota (EurekAlert)