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Esqueletos das vítimas da Gripe Espanhola indicavam quem ia morrer

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Romankosolapov/Envato Elements
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Analisando o esqueleto e os ossos das vítimas da Gripe Espanhola, também conhecida como gripe de 1918, cientistas norte-americanos identificaram pistas que indicavam o desfecho provável daquele paciente. A descoberta indica que pessoas com comorbidades, idade avançada, desnutrição ou outras doenças eram as que mais morriam com a doença, como foi observado durante a pandemia da covid-19.

Liderado por pesquisadores da Universidade do Colorado, o estudo analisou aproximadamente 400 cadáveres, incluindo os ossos de pessoas que morreram em decorrência da gripe espanhola nos EUA. Além disso, a pesquisa também envolveu a análise de pessoas que faleceram por outras causas, anos antes ou depois.

O que é Gripe Espanhola?

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Na história da humanidade, a Gripe Espanhola é considerada uma das pandemias mais mortais já conhecidas. Em apenas dois anos, a gripe de 1918 infectou quase um terço da população mundial e matou mais de 25 milhões de pessoas, lembrando que estes números podem variar, dependendo das fontes.

Sem nenhuma vacina disponível e com tantas mortes, muitas hipóteses surgiram durante a pandemia, sendo que algumas (mesmo que errôneas) perduram até hoje. Por exemplo, existia a ideia de que todos morriam igualmente com a Gripe Espanhola, tanto as pessoas saudáveis quanto os indivíduos já fragilizados por alguma outra condição pré-existente.

No entanto, a nova pesquisa demonstra que o histórico de saúde de um indivíduo, medido através do esqueleto e dos seus ossos, poderia implicar em uma probabilidade maior ou menor de morte, como ocorre com todas as doenças. É claro que, inevitavelmente, algumas pessoas jovens e saudáveis também morreram, mas o risco era diferente.

O erro de que todos morriam igualmente pode ter se perpetuado pela falta de ferramentas estatísticas da época e por anedotas — “causos” e experiências individuais sem valor científico.

Quem tinha mais risco de morrer?

Para determinar o risco de uma pessoa morrer devido à Gripe Espanhola, os pesquisadores analisaram a tíbia, que é um dos principais ossos da perna, em busca de lesões porosas. Estas são consideradas um indicador duradouro de trauma, infecção, estresse ou desnutrição em corpos humanos.

Segundo o estudo publicado na revista científica PNAS, as pessoas classificadas como mais frágeis, com base nas características ósseas, tinham uma probabilidade 2,7 vezes maior de morrer durante a pandemia da gripe de 1918. Em outras palavras, a chance era quase três vezes maior.

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Impacto das pandemias

Anteriormente, a professora da Universidade do Colorado e co-autora do estudo Sharon DeWitte já tinha estudado os vestígios e os riscos relacionados com outra doença pandêmica, a Peste Bubônica, apelidada de Peste Negra. Segundo a pesquisadora, os idosos e as pessoas com alguma comorbidade tinham maior probabilidade de sucumbir quando infectadas pela bactéria Yersina pestis, transmitida por ratos.

Recentemente, a pandemia da covid-19 reforçou esses achados históricos de que pessoas com outros problemas de saúde têm um risco aumentado de morte em caso de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2. Só que, aqui, vale lembrar que a maior probabilidade não significa que apenas indivíduos mais velhos faleceram.

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“O que aprendemos é que em futuras pandemias haverá quase certamente uma variação entre os indivíduos no risco de morte”, afirma DeWitte, em nota. “Se soubermos quais os fatores que elevam esse risco, poderemos direcionar recursos para os reduzir as mortes”, completa. No caso da covid-19, as pessoas com comorbidades foram consideradas prioridade na hora da vacinação, quando o número de doses ainda era limitado.

Fonte: PNAS e Universidade do Colorado   

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