Dispositivo pode detectar sinais de Alzheimer durante o sono
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Um estudo publicado na revista científica Alzheimer & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association no último dia 23 traz à tona uma nova invenção: um dispositivo que é colocado na cabeça do usuário e pode detectar sinais da doença neurodegenerativa durante o sono.
Na prática, os pesquisadores envolvidos identificaram uma maneira de avaliar a atividade cerebral durante o sono que ocorre nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, anos antes do desenvolvimento dos sintomas.
O biomarcador digital detecta padrões de ondas cerebrais relacionados à reativação da memória durante o sono, que fazem parte de um sistema que processa memórias durante o sono profundo. Através da técnica, os cientistas identificam uma relação entre as leituras e os níveis de alterações moleculares específicas indicativas da doença.
Segundos os pesquisadores, é como um rastreador de condicionamento físico para a saúde do cérebro. Para os experimentos, o grupo teve acesso a dados de 205 idosos e se concentrou em problemas mensuráveis com a reativação da memória em associação com níveis de proteínas como a amilóide e a tau, que se acumulam na doença de Alzheimer.
“Esses níveis anormais de proteínas estão relacionados com reativações da memória do sono, que poderíamos identificar nos padrões de ondas cerebrais das pessoas antes de apresentarem quaisquer sintomas. A identificação destes biomarcadores precoces para a doença de Alzheimer em adultos assintomáticos pode ajudar os pacientes a desenvolver estratégias preventivas", afirma o grupo, em comunicado divulgado pela universidade.
Os pesquisadores defendem que é um grande passo para o uso de wearables como biomarcadores digitais para detecção de doenças. “É uma prova de que as ondas cerebrais durante o sono podem ser transformadas em um biomarcador digital, e os nossos próximos passos envolvem o aperfeiçoamento do processo”, concluem.
Sinais do Alzheimer
Em 2021, cientistas descobriram que o cérebro revela sinais do Alzheimer muito antes do diagnóstico. O estudo adotou um sistema de pontuações para o risco genético de uma pessoa de desenvolver a doença, e os pesquisadores descobriram que o risco genético estava associado a diferenças na estrutura do cérebro e no desempenho em testes de capacidade mental.
Já em julho deste ano, um artigo destacou que sintomas de Alzheimer precoce podem surgir a partir dos 30. Conforme dizem os pesquisadores, nos casos tradicionais da doença, o primeiro sintoma a ser experimentado pelo paciente é a perda de memória.
No entanto, as pessoas com Alzheimer de início jovem tendem a ter outros sintomas, como dificuldade de atenção, menor capacidade de gesticulação com as mãos, perda de consciência espacial e altos níveis de ansiedade.
Relação entre sono e Alzheimer
Um estudo de 2022 alertou que dormir várias vezes longo do dia pode aumentar risco de Alzheimer. O artigo sugere que quando esse hábito de tirar cochilos ao longo do dia aumenta a cada ano, pode ser um indício de progressão da doença. A descoberta ressalta a necessidade de se prestar mais atenção aos padrões de sono dos idosos, para monitorar a saúde.
Em paralelo, dormir mal pode contribuir para o surgimento do Alzheimer. Pacientes com a doença podem experimentar distúrbios do sono anos antes, e os especialistas sugerem bons hábito de sono como um método de prevenção.
Fonte: Alzheimer & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association, University of Colorado, The National News, JAMA Neurology