Covid | Vacina em spray deve proteger mais que a tradicional
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
As vacinas contra a covid-19 ainda são importantes, especialmente com a circulação de novas cepas do coronavírus, como a JN.1. No entanto, isso não significa que elas precisem ser idênticas às que foram usadas no começo da pandemia. Em busca de inovação e melhor performance, cientistas querem desenvolver um imunizante no formato de spray nasal, com a capacidade de gerar uma imunidade ainda mais duradoura que a obtida com as fórmulas aplicadas com agulhas.
- Em testes, vacina em pó protege contra covid-19 por até 1 ano
- Covovax | Anvisa aprova nova vacina recombinante contra covid-19
Há anos, equipes de pesquisas buscam desenvolver esta tão esperada vacina envasada na forma de um spray nasal, de uso muito simples e prático. Nessa corrida, também estão os pesquisadores da Universidade Nacional de Singapura (NUS) e Universidade Duke (EUA). Eles acabaram de publicar dados animadores envolvendo os estudos pré-clínicos de uma candidata na revista eBioMedicine.
Vacina em spray nasal
No estudo feito com roedores, camundongos e hamsters, os cientistas compararam as respostas imunológicas obtidas a partir da administração nasal ou subcutânea (por agulha) de vacinas contra a covid-19. Eles também verificaram se o uso (ou não) de um adjuvante, substância que intensifica a resposta imunológica, era benéfico.
Vale destacar que, nos testes com animais, foram comparados os efeitos da vacina aplicada com agulhas, usando a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA), contra uma vacina intranasal de subunidade. Em outras palavras, esta última contém pequenos fragmentos de proteína encontrados na membrana do coronavírus, como a proteína S.
Resultados preliminares contra covid-19
Como esperado, a vacina aplicada através de um spray nasal foi eficaz em ativar a resposta imunológica nas mucosas nasais — a porta de entrada do vírus da covid-19 —, através de anticorpos. Além disso, o imunizante conseguiu ativar uma forma mais duradoura de resposta imunológica, a gerada a partir de células T de memória.
“Nossos dados mostram que, em comparação com a vacinação subcutânea, a via intranasal melhorou a resposta de certas células do sistema imunológico, conhecidas como células T, o que reduz a gravidade da doença”, afirma Ashley St. John, uma das autoras do estudo, em nota. Os adjuvantes também foram positivos.
Benefícios da nova vacina
Na concepção dos pesquisadores, isso levará a uma proteção mais duradoura, o que pode, muito provavelmente, reduzir a necessidade de doses de reforço em intervalos curtos de tempo.
Outra vantagem da potencial vacina que ativa as células de defesa na mucosa — o que os imunizantes tradicionais não fazem — é que, se ela conseguir impedir a entrada do vírus na vida real, a chance do paciente desenvolver um quadro leve ou grave será ainda mais baixa. Basicamente, a eficácia geral deve subir.
Mais testes contra covid
No entanto, ainda há um longo caminho até que a promissora vacina em spray nasal chegue aos mercados. Afinal, será necessário testar a formulação em humanos, respeitando as três fases adotadas nos estudos clínicos.
Fonte: eBioMedicine e NUS