Covid longa | Estudo descobre mecanismo do cérebro para cada sintoma
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Uma pesquisa envolvendo métodos inovadores de escaneamento cerebral revelou que a covid longa modifica o cérebro dos pacientes com sintomas persistentes da infecção por covid-19. Como a doença afeta os infectados a longo prazo, segundo a descoberta, depende de quais redes cerebrais serão afetadas.
Isso foi possível graças a uma nova tecnologia, chamada imageamento por difusão de microestruturas (DMI, na sigla em inglês), que monitora o movimento de moléculas de água ao longo do tecido cerebral, providenciando uma visualização em alta definição das microestruturas do cérebro.
Ao buscar por lesões ou qualquer anormalidade nos pacientes, não houve diferenças entre os pacientes de covid-19 e pessoas não infectadas, mas os detalhes nas microestruturas do cérebro mostraram alterações significativas nos infectados pelo SARS-CoV-2.
Covid longa e o cérebro
Mais especificamente, foram notadas mudanças na massa cinzenta dos pacientes de covid longa, diferentes, inclusive, dos pacientes que foram infectados pela doença, mas não manifestaram sintomas prolongados. Mesmo assim, as alterações nas microestruturas do cérebro ainda estavam presentes nos pacientes sem sintomas de covid longa, mas que tiveram covid-19, e em grande quantidade, variando apenas nos locais afetados.
Os pesquisadores identificaram três constelações de sintomas de covid longa ligadas a padrões específicos de alterações cerebrais — fadiga, perda de olfato e deterioração cognitiva, respectivamente. O que diferencia os pacientes na aquisição de sintomas a longo prazo ou não é a maneira com a que a doença altera a microestrutura do cérebro.
Segundo os cientistas, é uma ótima base para entender como a condição afeta o corpo e seguir com estudos sobre o assunto. No horizonte, são previstas pesquisas para descobrir se as alterações cerebrais são desfeitas à medida que os sintomas de covid longa somem e se há alguma predisposição que dita como serão as mudanças cerebrais que causam esses problemas.
Novidade, a pesquisa será apresentada ainda esta semana no Encontro Anual da Sociedade Radiológica da América do Norte 2023.