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Relatos de pacientes: como são os sintomas da COVID-19? E o que fazer?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Março de 2020 às 18h16

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"É só uma gripe fortinha", "é uma gripe fraca", "jovem não sofre tanto"... comentários como esses feitos em relação aos sintomas da COVID-19, doença causada pela contaminação pelo novo coronavírus, são perigosos e contribuem com a desinformação. O que se sabe, até agora, é que a condição pode ser fatal para idosos acima dos 60 anos ou para pessoas que já possuem a saúde fragilizada por problemas respiratórios e imunológicos. No entanto, isso não quer dizer todos os jovens são resistentes à dor ou aos sintomas mais graves da doença. Eles podem aparecer em pacientes de qualquer faixa etária.

Subestimar os sintomas e efeitos da COVID-19 é um erro, ainda que você conheça alguém ou tenha sentido na pele como é lidar com o vírus. A atividade do novo coronavírus no corpo pode causar efeitos desagradáveis, dolorosos, e até mesmo desesperadores e preocupantes em alguns casos, independente da idade.

Para entender melhor o que é sentido após o diagnóstico da COVID-19, o Canaltech conversou com dois jovens que contraíram a doença, que falaram um pouco sobre o progresso dos sintomas e o que contam o que vem sendo feito para amenizá-los, uma vez que ainda não existe a cura.

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Sintomas parecidos, evoluções diferentes

Após ser tecnicamente diagnosticado com COVID-19, Bruno Romaniow (24), estudante residente em Curitiba, no Paraná, disse que no primeiro dia dos sintomas estava apenas com uma irritação de garganta, como se tivesse comido algo muito gelado. Já no dia seguinte, os efeitos foram maiores, com muita dor no corpo, além de dor e pressão na cabeça e nos olhos, acompanhados de uma febre de 38 graus.

Paolla (nome fictício para preservar a identidade), de 23 anos, também relatou os mesmos sintomas iniciais: dor de cabeça, cansaço, dor no corpo e fraqueza. A suspeita de sua contaminação aconteceu seis dias depois de a jovem descobrir que havia tido contato com duas pessoas que testaram positivo para a doença. Ela começou a apresentar os sintomas um dia depois.

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Bruno afirmou ter sentido as dores mais intensas no terceiro dia, inclusive nas articulações. E foi neste dia que ele entrou em contato com uma unidade de saúde, sendo orientado a ir até o local para avaliação. Quando chegou lá, logo ficou isolado para ser examinado e questionado. A conversa resultou em isolamento e atestado de 14 dias em casa. Essa recomendação foi feita quando Bruno ainda era um caso suspeito de COVID-19, sem ter realizado nenhum teste específico.

No quinto dia, apareceram novos sintomas: foi quando Bruno sentiu a famosa falta de ar e cansaço excessivo. Contatado pelo médico da unidade, que queria um parecer sobre os sintomas para continuar o acompanhamento, o estudante relatou o que estava sentindo e foi orientado a voltar ao local para pegar um encaminhamento e ir direto ao pronto-socorro.

Já Paolla, mais de uma semana depois do início dos sintomas, ainda sentia muitas dores de cabeça que, segundo ela, ainda são pesadas e não passam. Ela contou ao Canaltech que os sintomas são parecidos com os da dengue (que ela experienciou no ano passado), com febre constante e dores nos pulmões e na cabeça. Sintomas bem diferentes de uma gripe comum, aliás.

A recomendação inicial era ficar em casa, aferir a febre a cada duas horas e ingerir analgésicos a cada 6 horas. Daí então, Paolla fez os testes para o novo coronavírus e o resultado deu positivo. Ou seja, foi recomendada a fazer isolamento social e acompanhamento médico a distância.

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Durante o isolamento, a situação acabou se agravando e ela precisou ser hospitalizada. Em atualização publicada nas suas redes sociais, a jovem contou que a febre chegou a 40 graus, e que ela estava com dificuldade para respirar, com o tórax inchado.

Bruno, no entanto, conta que não foi possível realizar o teste de diagnóstico do novo coronavírus. No Hospital de Pronto Socorro (HPS), nada poderia ser feito a pacientes com casos não tão graves, apenas para quem precisasse de internação ou estivesse entubado. Bruno voltou para casa com uma bombinha de ar, caso a dificuldade para respirar aumentasse — em caso de piora no quadro, a recomendação era de que ele retornasse ao hospital.

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Mesmo sem conseguir realizar os testes, por ainda serem escassos na rede pública, o estudante contou que os médicos concluíram a contaminação pelo novo coronavírus cruzando as informações de um teste teórico e entrando em contato com o distrito do município. O teste é um aplicativo disponibilizado pelo governo que faz o cruzamento dos sintomas com a base de dados, chegando a um resultado final que diz se é um caso suspeito ou não.

Uma semana depois do início dos sintomas, Bruno está, atualmente, com dores mais leves, falta de ar e cansaço, mas sem febre. A falta de ar aparece em atividades simples do dia a dia, como tomar banho ou se alimentar. Um sintoma curioso sentido pelo estudante, e que começou a ser relatado recentemente, é a perda parcial do olfato, o que também pode acontecer com o paladar.

Paolla, no entanto, relata uma experiência complicada com a doença no hospital. Mesmo que seja algo recente, ela tem notado o medo que os médicos e enfermeiros demonstram ao se aproximarem dela. A jovem entende, no entanto, as medidas extremas devido à fácil propagação do novo coronavírus, e sabe que a equipe de saúde precisa ter cautela para continuar atendendo novos casos. Para ela, o fato de ter a imunidade naturalmente baixa a colocou no grupo de risco.

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Por ser um estudante da área de saúde, Bruno diz entender que, por se tratar de uma doença nova, médicos e pesquisadores estão tentando entender como o vírus age no corpo, além dos diferentes sintomas sentidos pelos pacientes. O jovem comenta também que é preciso gerar alertas em relação à gravidade da doença.

"Vemos jovens que são casos suspeitos, não fazem teste, se tratam em casa por não serem grupo de risco e dias depois voltam e são entubados. Já sabemos que não são apenas idosos que evoluem para um caso mais grave. Creio que a possibilidade de um teste precoce, na população que apresenta sintomas, poderia ajudar a diminuir muitos casos mais graves da doença", conta.

Pessoas diagnosticadas com a COVID-19 ou com a suspeita precisam ficar em casa, sozinhas, sem ter contato com quem mora no mesmo lar, cumprindo uma distância de no mínimo dois metros de outras pessoas. Para isso, como contou Bruno, ele está seguindo a recomendação de usar utensílios exclusivos que não podem ser divididos com ninguém, como talheres, toalha, entre outros objetos. As louça e roupas dele também são lavadas separadamente.

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Ambos os jovens continuam em tratamento.

O que fazer se eu sentir os sintomas?

Para evitar a superlotação de leitos de hospitais e postos de saúde, a recomendação para quem apresenta sintomas de COVID-19 é ficar em casa, em isolamento. Caso sejam leves, o ideal é estar sempre monitorando a temperatura do corpo. Se houver sintomas mais graves, como a dificuldade para respirar ou febre muito alta, então será preciso se deslocar até um hospital ou unidade de saúde — mas em segurança, para evitar a contaminação de outras pessoas.

Por se tratar de uma doença nova, nem todos os locais contam com os exames disponíveis a todos, e somente casos de emergência são testados. No entanto, é preciso estar atento aos sintomas, mesmo que você seja uma pessoa fora dos grupos de risco. Levar uma vida saudável, fazer exercícios físicos constantemente e ter a imunidade alta não significa estar imune ao novo coronavírus, a exemplo de Gabriela Pugliesi, influenciadora digital do mundo fitness, que foi diagnosticada com a doença.

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É crucial também optar pelo isolamento voluntário, mesmo que não seja possível conseguir um atestado médico. O novo coronavírus é altamente transmissível, com contágio fácil e rápido, e pode ser fatal para pessoas mais velhas e/ou com doenças pré-existentes — as chamadas comorbidades.

Muitas vezes, uma pessoa passa dias com o vírus no organismo e não apresenta sintomas, mas ao seguir com a vida normal acaba contaminando outras pessoas que podem sofrer mais rapidamente ou serem vítimas fatais da doença. Por isso, é de extrema importância que, neste momento, no cenário no qual estamos vivendo, o isolamento seja feito da melhor forma possível para quem conseguir.

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Caso seja preciso sair de casa por extrema necessidade, evite ficar a menos de dois metros de uma pessoa, evite aglomerações e saia munido de álcool em gel. Sempre que encostar em objetos, maçanetas de portas, compras de supermercado, entre outras coisas, faça a higienização e, não toque no rosto. Olhos, nariz e boca são portas de entrada fácil para o novo coronavírus, que pode resistir por dias em superfícies.

Em casa, se morar com outras pessoas, escolha um cômodo para ficar e não deixe que ninguém mais entre enquanto você estiver isolado. Mantenha o ambiente ventilado e, sempre que for preciso se dirigir a outro cômodo, como banheiro e cozinha, faça a higienização e peça para as outras pessoas se afastarem e fazerem o mesmo, mantendo sempre as mãos bem lavadas. Ao tossir, cubra bem a boca. Na hora de lavar roupas e louça, faça separadamente do restante da casa.

É importante ter responsabilidade agora para o bem de todos e para ajudar o país a achatar a curva o quanto antes. Também é preciso evitar, ao máximo, a automedicação — inclusive não se deve ir atrás de remédios que estão sendo testados, pois ainda não há nada clinicamente comprovado para a cura da COVID-19.