Como o cérebro processa e transforma música em emoção
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A arte pode “esculpir” e até “acariciar” nossos cérebros, e um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences mostra pela primeira vez como o cérebro processa a música e transforma em emoção. Ao analisar a ressonância de músicos e não músicos enquanto ouviam uma canção, e encontraram diferenças significativas na atividade cerebral.
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Todo o segredo dessa diferença está nos limites musicais, pontos de transição perceptíveis em uma composição musical onde acontecem mudanças (como variações de melodia, ritmo ou harmonia). O cérebro usa esses limites para segmentar e estruturar a música, para "organizar" a experiência auditiva.
Os pesquisadores da Universidade de Jyväskylä (Finlândia) mencionam que a capacidade de detectar e processar esses limites é essencial para formar uma compreensão e até sentir o prazer da música. Também é isso que ajuda você a se lembrar da canção.
Sem isso, a música pareceria um fluxo interminável e caótico de sons. Seria como ler um texto sem pontuação.
Esses limites são mais importantes do que imaginamos: são eles que ajudam a entender a fala e seguir instruções complexas.
Como o cérebro processa a música
O estudo diz o seguinte: quando ouvimos música, nossos cérebros estão constantemente identificando padrões e antecipando o que vem a seguir, então ser capaz de processar os limites musicais nos ajuda a compreender a estrutura e o significado musical.
Com isso, o grupo identificou padrões distintos de atividade cerebral em torno de limites musicais e percebeu que, à medida que nos aproximamos de uma transição, áreas auditivas posteriores se preparam para a mudança.
Durante e depois, a atividade cerebral muda para regiões auditivas médias e anteriores para processar novas informações, com desativação notável de regiões frontais.
É parecido com a forma como analisamos frases na linguagem: as frases musicais ativam substratos neurais comuns envolvidos no processamento sintático e na detecção de regras.
E lembra que o estudo quis entender se havia diferença entre músicos e pessoas que não trabalham com isso? Então: o grupo observou que músicos e não músicos envolvem essas duas redes de maneiras sutilmente diferentes.
A diferença entre músicos e não-músicos
Basicamente, os músicos dependem principalmente de circuitos especializados para processamento auditivo, enquanto não músicos se envolvem em uma rede mais ampla e geral para navegar pelos limites musicais.
"Isso demonstra a notável adaptabilidade do cérebro humano em como a expertise pode moldar e refinar a maneira como processamos sons", diz o estudo.
Interação entre música e cérebro
A interação entre música e cérebro ainda é bem intrigante, como muitos estudos nos levam a perceber. Mas já temos algumas informações importantes esclarecidas, por exemplo: falar e cantar ativa as mesmas redes neurais do cérebro.
Além disso, tocar música na infância resulta em melhor condição cognitiva na velhice, o que indica um aspecto bem positivo dessa forma de arte.
A ciência vê a música como algo tão positivo, inclusive, que já a mencionou como um exercício para o cérebro, que pode até mesmo unir pessoas.