Nosso cérebro passa a vida toda tentando adivinhar as coisas
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

O cérebro está constantemente tentando avidinhar a próxima palavra, tanto quando se lê um livro quanto no momento em que se ouve um discurso. A descoberta vem de um estudo publicado na revista científica PNAS.
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A neurociência já tinha uma ideia de que isso acontecia, mas as evidências científicas até então eram indiretas e restritas a situações artificiais, o que motivou a equipe a entender exatamente como isso funciona e testar o ímpeto de adivinhação do cérebro em diferentes situações.
Os pesquisadores analisaram a atividade cerebral de pessoas ouvindo histórias investigativas e utilizaram um modelo computacional para calcular o grau de imprevisibilidade para cada palavra escrita.
Conforme comenta o artigo, o que acontece é que, para cada palavra ou som, o cérebro faz expectativas estatísticas detalhadas e acaba sendo extremamente sensível ao grau de imprevisibilidade: a resposta cerebral é mais forte sempre que uma palavra é inesperada no contexto.
"O cérebro às vezes termina mentalmente as frases de outra pessoa, por exemplo, se ela começar a falar muito lentamente, gaguejar ou ser incapaz de pensar em uma palavra. Mas o que mostramos aqui é que nosso cérebro está constantemente adivinhando as palavras. A 'maquinaria preditiva' está sempre ligada", apontam os pesquisadores.
Os pesquisadores mencionam que o cérebro faz algo comparável a um software de reconhecimento de fala, que também está constantemente fazendo previsões. Outro exemplo é a função de preenchimento automático em seu telefone. Só que os cérebros predizem não apenas palavras. Essas previsões acontecem em muitos níveis diferentes, desde significado abstrato até sons específicos.
Fonte: PNAS via News Medical