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Música é um exercício para o cérebro e pode unir pessoas, dizem estudos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Abril de 2022 às 16h20

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twenty20photos/Envato
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A música, além de ser um passatempo e companhia agradável nas atividades do dia, também tem relação com as nossas memórias e personalidades — pelo menos é o que dizem estudos recentes da University of Toronto e da University of Cambridge, respectivamente. Além de puramente curiosa, essa correlação também pode ter benefícios na compreensão e tratamento de doenças, especialmente as degenerativas.

Músicas favoritas ou que tocaram em momentos importantes de nossas vidas podem nos fazer mais bem do que pensamos: elas não só nos levam numa viagem ao passado, mas podem fazer bem a pacientes com a doença de Alzheimer ou demência, melhorando a adaptabilidade do cérebro ao ouvir esse tipo de música repetidamente.

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Música e memória

Michael Thaut, principal autor de um estudo da University of Toronto publicado no Journal of Alzheimer's Disease, em novembro, analisou os efeitos de ouvir músicas com significado pessoal na doença de Alzheimer e em casos de déficit cognitivo leve, condições menos sérias causadas pela idade. Essa atividade estimula caminhos neurais no cérebro que ajudaram os pacientes a manter níveis mais altos de funcionamento.

As músicas em questão são, por exemplo, as que tocaram no casamento do paciente, e que acabaram ajudando a melhorar a performance em testes de memória. O estudo notou mudanças no córtex pré-frontal, que funciona como centro de controle do cérebro, onde moderação do comportamento social, expressão da personalidade, planejamento de tarefas mentais complexas e tomada e decisões são feitos.

Ressonâncias magnéticas antes e depois de ouvir músicas importantes mostraram a ativação de uma rede neural musical conectando diferentes regiões do cérebro, o que não aconteceu ao ouvir músicas novas ou pouco familiares, que ativaram apenas a parte do cérebro responsável por ouvir sons. O estudo envolveu 14 participantes, sendo que 6 deles eram músicos, e eles ouviram playlists feitas especialmente para a pesquisa por uma hora por dia, por três semanas.

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Thaut recomenda que escutemos as músicas que amamos por toda a vida, especialmente aquelas com significados profundos para nós, pois é uma espécie de "exercício para o cérebro", segundo ele. O professor e pesquisador ainda afirma que seu estudo é o início promissor que pode levar a aplicações de musicoterapia com propósitos maiores — independente do paciente ser músico ou sequer ter tocado algum instrumento na vida, vale salientar.

Música e personalidade

As raízes culturais da música não deixam dúvida: ela parte do nosso desejo de se comunicar, contar histórias e compartilhar valores, então, ao nos ligarmos a gêneros musicais no processo de desenvolvermos um estilo e expressar nossa personalidade, formamos conexões. Um estudo recente, publicado na Journal of Personality and Social Psychology, envolveu 350.000 pessoas de mais de 50 países para investigar a relação entre música e personalidade — neste caso, utilizando música ocidental.

As categorias de divisão das músicas foram:

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  • Suave, que envolve soft rock, R&B (rythm and blues) e músicas românticas e lentas;
  • Intensa, que engloba punk, rock clássico, heavy metal e power pop;
  • Contemporânea, envolvendo eletrônica, rap, música latina e euro-pop;
  • Sofisticada, trazendo clássica, ópera e jazz;
  • Despretensiosa, que abarca música relaxante e gêneros country.

A pesquisa revelou ligações diretas entre pessoas extrovertidas e música contemporânea, pessoas conscientes e música despretensiosa, pessoas agradáveis com música suave ou despretensiosa e pessoas mais abertas com música suave, intensa, sofisticada e contemporânea. Esses padrões musicais se mantiveram independente do país onde o participante morava.

David Greenberg, autor do estudo e pesquisador da University of Cambrigde, afirmou que isso abre margem para conexões entre pessoas de personalidades parecidas, como introvertidos, que poderiam se conectar a partir de um gosto musical em comum, sendo uma ótima ponte independente de geografia, língua ou cultura.

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Foram encontradas, no entanto, associações negativas entre consciência e música intensa: se supunha que pessoas de personalidade neurótica iriam ou música triste para expressar a solidão ou músicas mais animadas para mudar de humor. O que os dados revelaram, no entanto, é que elas acabaram preferindo estilos musicais mais intensos para, acreditam os pesquisadores, refletir a angústia e frustração interna.

Algumas pessoas usam a música para ter uma catarse, enquanto outras para dar um tapa no humor, segundo Greenberg. Ele afirma que a equipe irá investigar isso mais a fundo no futuro. Os pesquisadores salientam que sim, o gosto musical não é gravado em pedra e pode mudar com o tempo — mesmo assim, apontam que o estudo dá base para um entendimento de como a música pode cruzar divisões sociais e unir as pessoas, podendo fazê-lo de formas diferentes ao longo da vida.

Fonte: Journal of Personality and Social Psychology, Journal of Alzheimer's Disease