Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Rins são congelados por 100 dias, descongelados e transplantados

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Junho de 2023 às 12h54

Link copiado!

Joyce McCown/ Unsplash
Joyce McCown/ Unsplash

Pela primeira vez, foi possível congelar, reaquecer e transplantar um órgão com 100% de sucesso. No experimento revolucionário, cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, testaram a viabilidade do processo com rins de roedores. Em breve, a técnica de criogenia deve ser testada em porcos.

“Esta é a primeira vez que alguém apresenta um protocolo robusto para armazenamento a longo prazo, reaquecimento e transplante bem-sucedido de um órgão funcional preservado em um animal”, afirma John Bischof, professor de engenharia mecânica da Universidade de Minnesota e um dos autores do estudo, em nota.

Se os testes continuarem a ser bem sucedidos, o estudo publicado na revista Nature Communications pode dar origem a uma nova técnica de transplante habilitada também para humanos. Nesse caso, será responsável por salvar centenas de milhares de vidas todos os anos.

Continua após a publicidade

Lista de espera por órgãos no Brasil

Antes de seguir, é preciso dimensionar o problema para a saúde pública que é a questão dos transplantes. Até a última quarta-feira (21), 64,9 mil brasileiros estavam na fila de espera por um transplante de órgão. Entre os órgãos do corpo humano, a maior demanda é pelo transplante de rim, segundo dados do Ministério da Saúde.

No Brasil, 36,4 mil pessoas aguardam por um transplante de rim. Desse total, 21,1 mil são homens e a maioria dos pacientes têm entre 50 e 64 anos. De forma geral, são poucas crianças e adolescentes na lista de espera por este órgão especificamente.

Continua após a publicidade

Durante o tempo de espera que pode ser mais rápido ou mais longo, dependendo de inúmeros fatores, muitos pacientes morrem vítimas da insuficiência renal. No caso dos rins, ainda há um problema extra, já que cerca de 20% dos rins doados para transplante simplesmente não podem ser usados, segundo os pesquisadores norte-americanos.

Para a equipe, um dos piores problemas no reaproveitamento de rins é o tempo disponível entre a morte do doador e a cirurgia de transplante, sendo um período de no máximo algumas horas. Com este estudo norte-americano e outra pesquisa promissora com a reanimação de órgãos para transplante, é possível que essa realidade mude nos próximos anos.

Como é possível congelar e descongelar órgãos para transplante?

Para realizar o feito, os pesquisadores adaptaram as técnicas comuns de criogenia. Enquanto o órgão é congelado de forma bastante rápida — sem formar pedras de gelo —, uma solução crioprotetora com nanopartículas de óxido de ferro é injetada nos tecidos.

Continua após a publicidade

Após o congelamento inicial, o órgão pode ser mantido por até 100 dias, quando precisa ser reaquecido. O interessante é que as nanopartículas de ferro permitem o reaquecimento uniforme do órgão, tanto por dentro quanto por fora, sem provocar nenhum tipo de rachadura. Em seguida, as partículas são lavadas e o rim está pronto para o transplante.

Segundo os autores, quando os rins foram transplantados para os roedores, os cinco receptores contemplados no estudo conseguiram restaurar a função renal completa em 30 dias. Isso ocorreu sem a necessidade de intervenções adicionais.

Agora, a pesquisa deve testar a eficácia do método em órgãos maiores, o que pode envolver até um coração. Em paralelo, são desenhadas as estratégias para viabilizar experimentos do tipo em porcos e outros animais maiores. No futuro, testes poderão ocorrer em humanos.

Fonte: Nature CommunicationsUniversidade de Minnesota e Ministério da Saúde