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Como as temperaturas extremas aumentam o risco de AVC

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Setembro de 2023 às 11h05

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Hoje, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, já é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Apesar disso, com a intensificação das mudanças climáticas e a maior ocorrência de temperaturas extremas, a tendência é que o número de casos de AVCs também se intensifique.

“O clima e a temperatura influenciam na ocorrência de AVCs, e geralmente são os extremos de temperatura: muito, muito calor, muito, muito frio”, afirma Robert Brown, médico neurologista na Mayo Clinic, nos Estados Unidos.

A explicação para a ocorrência está relacionada com os efeitos do calor, da umidade e do frio extremos no corpo humano. Além disso, devem ser considerados “fatores associados com a pressão arterial e até mesmo alguns fatores relacionados com certas condições cardíacas” que o paciente já tem, acrescenta o médico.

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Aqui, é importante destacar que, indo além da temperatura, outros problemas de saúde são associados com o risco aumentado para um derrame, como colesterol elevado, tabagismo, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e hipertensão. Todos podem contribuir para um desfecho fatal num dia em que os termômetros atingem marcas extremamente altas.

Para entender: o AVC ocorre quando um vaso que leva sangue até o cérebro se rompe ou entope, provocando a paralisia na área cerebral que está sem circulação sanguínea e sem oxigênio. As complicações variam conforme a gravidade do episódio, podendo ser fatal.

Por que o AVC aumenta com os climas extremos?

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Entre as pesquisas que investigam os efeitos das temperaturas extremas no risco de AVCs, está um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Hong Kong e publicado na revista científica Neurology. Os dados foram coletados a partir de oito cidades da China e, através de modelos matemáticos, foi possível identificar os efeitos da temperatura na mortalidade causada por derrames cerebrais.

Além do caso da China, os autores citam outras pesquisas com resultados semelhantes feitas a partir de dados coletados na Europa, nos Estados Unidos, na Austrália e na Coreia do Sul.

Risco de derrame em dias muitos frios

"Existem possíveis explicações biológicas plausíveis, embora complexas, para estas observações” de que as temperaturas extremas aumentam o risco de AVC, afirmam os pesquisadores chineses. Dito isso, ainda não se sabe, com exatidão, qual é o mecanismo ativado, mas há algumas hipóteses.

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Por exemplo, em dias muito frios, os casos de vasoconstrição — processo em que há o estreitamento dos vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial e possivelmente está associado com o risco aumentado para o derrame — se tornam mais comuns.

Em outro ponto, "a baixa temperatura externa foi fortemente associada à pressão arterial elevada em adultos chineses, e a hipertensão é o fator de risco mais importante para o Acidente Vascular Cerebral hemorrágico na China”, acrescentam os pesquisadores.

Além disso, “vários fatores trombogênicos [que estimulam a formação de coágulos] podem aumentar em resposta ao ambiente frio, como contagem de células sanguíneas, colesterol plasmático, proteína c-reativa (CRP), concentrações de fibrinogênio e reatividade plaquetária”, completam.

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Risco de AVC em dias muito quentes

Em dias muito quentes, os principais riscos à saúde imaginados são desidratação e insolação, mas a questão é mais complexa. Afinal, como já comentamos, a probabilidade de uma pessoa ter AVC também aumenta com o calor excessivo. Novamente, não se compreende as causas do fenômeno em sua integridade, mas existem algumas ideias.

Por exemplo, “quando exposto a um ambiente quente, o corpo necessita aumentar a difusão do calor através de meios termorreguladores, como elevação da frequência cardíaca, vasodilatação e sudorese”, lembram os autores. “Como resultado, o fornecimento de sangue ao cérebro pode ser reduzido e a isquemia existente pode ser agravada”, complementam sobre o quadro que pode causar um AVC.

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Além disso, a desidratação dos dias excessivamente quentes pode aumentar a viscosidade do sangue e os níveis de colesterol, o que por sua vez aumenta a probabilidade de trombose microvascular e do AVC. Em outra análise, a temperatura elevada está associada à pior função endotelial, ou seja, daquelas células que revestem os vasos sanguíneos, com diferentes desdobramentos.

Como identificar um caso de AVC?

Independente dos processos que contribuem para um caso de AVC, é fundamental identificar, já que se trata de uma emergência médica e que requer atendimento especializado. Nestes casos, o médico Brown, da Mayo Clinic, explica que os sintomas sugestivos do quadro podem ser lembrados por meio da sigla SAMU:

  • S de sorria: peça a pessoa para dar um sorriso e observe se o rosto está paralisado;
  • A de abrace: verifique se a pessoa consegue levantar os dois braços e se perdeu a força;
  • M de música: peça para a pessoa repetir uma frase como uma música e verifique se há dificuldade de articulação;
  • U de urgente: na presença dos sintomas, é o momento de ligar para os serviços de socorro, discando 190 para solicitar uma ambulância.
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Tratamentos disponíveis para o derrame cerebral

Como explica Brown, quanto mais cedo o paciente com AVC for tratado, maiores são as chances de recuperação. A vantagem é que, hoje, existem uma ampla gama de tratamentos disponíveis a partir do momento em que um paciente relata os primeiros sintomas.

“Os tratamentos incluem medicamentos trombolíticos ou medicamentos desenvolvidos para tentar dissolver o coágulo em uma artéria que bloqueia o fluxo sanguíneo para o cérebro”, detalha Brown. Além disso, algumas alternativas cirúrgicas podem remover o coágulo (bloqueio) da artéria diretamente.

Ondas de calor extremas vão ser mais comuns

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Considerando as últimas análises sobre o clima, a tendência é que as ondas de calor extremas, como aquelas observadas durante o último verão no Hemisfério Norte, se tornem cada vez mais comuns. É o que apontam especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU).

Para evitar um possível aumento de casos de AVC, é importante que medidas para mitigar o calor sejam estabelecidas com políticas públicas por parte dos governos dentro das cidades e também pelas pessoas.

Em pequena escala, nos dias excessivamente quentes, os indivíduos devem tentar ao máximo se manterem resfriados, nem que seja através do ar condicionado. Quando viável, uma alternativa é optar pelo trabalho remoto, evitando deslocamentos.

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Fonte: Neurology