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Cientistas fizeram réplica do intestino humano dentro de camundongos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Fevereiro de 2023 às 15h05

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Twenty20photos/Envato Elements
Twenty20photos/Envato Elements

Cientistas conseguiram transplantar tecido intestinal humano cultivado em laboratório para o corpo de camundongos, testando as funções imunológicas das nossas células nos animais. A pesquisa representa um avanço importante tanto na tecnologia dos organoides — células fabricadas para simular tecidos do nosso organismo — quanto no estudo das nossas doenças gastrointestinais, aumentando as chances de desenvolvermos terapias mais eficientes.

O intestino humano, além da função digestiva, também tem um papel importantíssimo no combate a bactérias, vírus e demais alérgenos que chegam ao nosso corpo através da alimentação. Quando essas funções não foram bem desenvolvidas ou enfrentam problemas, podemos acabar tendo doenças como a colite ulcerativa, doença de Crohn e celíaca, por exemplo, cujos números mundiais só têm aumentado. Estudar essas patologias em animais tem limitações, já que seus organismos diferem do nosso.

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Sistema imune humano em camundongos

Pensando nisso, pesquisadores cultivaram bolas de tecido humano intestinal com alguns milímetros de diâmetro e as implantaram em camundongos, próximas aos seus rins, fora do trato digestivo. Elas foram geradas a partir de células-tronco pluripotentes, que vêm de células humanas maduras da pele e do sangue e podem se tornar qualquer tipo de tecido corporal.

Para induzir esses organoides a desenvolver um sistema imune, os cientistas alimentaram os camundongos — que já eram geneticamente modificados para suprimir o próprio sistema imune, evitando a rejeição do tecido externo — com sangue umbilical humano, uma fonte de células-tronco que também pode se transformar em qualquer tecido.

Após 20 semanas, os organoides ficaram do tamanho de ervilhas e continham 20 tipos de células imunes do corpo humano, bem semelhantes ao que encontramos em nossos intestinos. Eles também desenvolveram folículos linfoides, ou placas de Peyer, estruturas intestinais importantes no combate a infecções que mantém os níveis equilibrados de bactérias saudáveis no sistema gastrointestinal.

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Células imunes já haviam sido cultivadas por outros pesquisadores em laboratório, mas é a primeira vez que o transplante em animais capaz de se tornar um sistema imune humano é realizado, especialmente formando os folículos intestinais protetores. Para testar o seu funcionamento, foram adicionadas amostras de E. coli, bactéria comum ao intestino humano, mas que pode causar doenças. Com isso, os folículos produziram células M, que sinalizam o sistema imune para responder à infecção. Em outras palavras, foi um sucesso.

Por que isso é importante?

Com o trabalho, será possível estudar melhor os mecanismos responsáveis por infecções intestinais, inflamações e alergias alimentares, sem a necessidade de fazer testes em humanos doentes. Para o futuro, espera-se que o modelo organoide ajude a tratar defeitos digestivos genéticos, ou pacientes que perderam funções intestinais para o câncer ou doenças inflamatórias do intestino.

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Saber que os organoides funcionam em roedores é promissor, pois indica que poderão também crescer em pacientes, caso sejam implantados. Entre os próximos passos, está a geração de células pluripotentes a partir do organismo do próprio paciente, fazendo tecidos customizados que poderão ser utilizados em terapias individuais. Isso, segundo os cientistas, não está muito distante.

Fonte: Nature Biotechnology