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Cesárea ou normal: tipo de parto influencia na eficiência de vacinas para o bebê

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Novembro de 2022 às 14h18

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freestockcenter/Freepik
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Uma nova pesquisa descobriu evidências de que o modo como nascemos, ou melhor, como o parto é realizado, modifica a resposta imune a vacinas: bebês que vieram ao mundo via parto vaginal teriam cerca do dobro de proteção em comparação com os nascidos via cesariana. As responsáveis por isso seriam as bactérias benignas que invadem o corpo do infante em seus primeiros momentos de vida.

O útero da mãe é um ambiente estéril: ao sair dele, entramos em contato com um mundo apinhado de vida microscópica, que "coloniza" nosso organismo. Os micróbios, compostos de vírus, arqueias, bactérias e fungos fazem se juntam ao corpo humano e, em determinado momento, até mesmo superam em número as células corporais. É o que chamamos de microbioma, que treina nosso sistema imune e nos ajuda com uma série de coisas, como a digestão de certas substâncias, por exemplo.

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Partos, micróbios e anticorpos

Para quem nasce a partir do parto normal, ou vaginal, os primeiros micróbios com os quais se tem contato são os da vagina materna. Nos nascidos de cesárea, os primeiros micróbios são os que vivem na pele humana, sejam os dos médicos e do ambiente hospitalar ou da mãe e do ambiente do lar.

Para entender o impacto que isso teria na vacinação infantil, os pesquisadores analisaram o microbioma intestinal de 120 bebês, desde o mecônio — primeiras fezes do infante, ainda verde-escuras, grudentas e compostas do que foi ingerido no útero — até o primeiro ano de vida. Os resultados do estudo, publicado na revista científica Nature Communications, revelaram níveis maiores de Bifidobacterium e de Eschericia coli (variantes benignas)nos nascidos de parto vaginal.

Isso gerou o dobro de anticorpos em resposta às vacinas pneumocócica e meningocócica: vacinas como a da gripe e a BCG, contra a tuberculose, já mostraram sofrer influência do microbioma corporal, no passado. Os ácidos graxos de cadeia curta, substâncias químicas liberadas pelas bactérias intestinais, ditam a resposta do sistema imune: sem eles, acabamos com menos linfócitos B, que produzem os anticorpos.

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Vale notar que todas as crianças geraram anticorpos com as vacinas, então quem nasceu por cesariana não fica sem proteção, apesar de contar com um sistema imune relativamente mais fraco. Para quem, no entanto, tem alguma desordem genética, nasceu prematuro ou tem deficiência imune, a descoberta é especialmente importante.

Ultimamente, temos visto ondas de semeadura vaginal (ou microparto), onde bebês nascidos de cesariana são cobertos de fluidos vaginais da mãe, tentando substituir os micróbios que seriam adquiridos no parto normal — há até estudos onde foi realizado o transplante fecal das bactérias intestinais da mãe para o bebê. Especialistas, no entanto, acham a prática arriscada e complicada.

Uma opção, segundo cientistas, é oferecer coquetéis de bactérias benignas às crianças, os probióticos. Uma dose extra de vacinas também poderia ser aplicada nos nascidos de cesárea. Outros ainda apontam que o estudo é inicial e teve uma amostragem pequena, então ainda não cravou o papel do microbioma na resposta imune: de qualquer forma, já é um começo nas investigações da complexa relação entre os simbiontes microscópicos e o corpo que habitam.

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Fonte: Nature Communications