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Bactérias do intestino conseguem "controlar" seu cérebro

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Dezembro de 2023 às 09h51

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Julost/Envato
Julost/Envato

O intestino conta com uma verdadeira colônia de microrganismos, mas isso é bom! Diferente do que pode se pensar, essas legiões microbianas conhecidas como “microbiota” desempenham um papel bem estabelecido na manutenção da nossa saúde física, desde a digestão e metabolismo até à imunidade. E o que muitos estudos vêm apontando, é que essas bactérias do intestino têm uma relação direta com o cérebro.

Para se ter uma noção, as bactérias do intestino podem "escolher" quais são as suas comidas favoritas. A teoria é que o microbioma intestinal pode influenciar o comportamento de seleção da dieta do hospedeiro porque os microrganismos produzem substâncias que estimulam o desejo por diferentes tipos de alimentos e que são lidas pelo cérebro. Trata-se de pequenos sinais para o corpo, como o aminoácido triptofano.

No livro Are You Thinking Clearly?, publicado no ano passado, cientistas exploraram fatores que afetam e manipulam a maneira como pensamos, desde genética, personalidade, até a linguagem. Na ocasião, eles descobriram que os micróbios que chamam o nosso corpo de lar podem ter uma quantidade surpreendente de controle sobre o nosso cérebro.

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Os autores concluíram que a microbiota intestinal não apenas ajuda a manter o cérebro em perfeitas condições de funcionamento, ajudando a libertar nutrientes dos alimentos, mas também pode ajudar a moldar nossos próprios pensamentos e comportamento.

As descobertas podem até potencialmente reforçar a forma como entendemos e conduzimos a novos tratamentos para uma série de condições de saúde mental, como depressão e ansiedade.

Intestino e saúde mental

E de fato: um estudo publicado na revista Nature Communications afirmou que as bactérias do intestino podem influenciar na depressão. Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores de Oxford analisaram amostras fecais de mais de mil indivíduos que forneceram relatos sobre depressão, com base em um questionário.

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A análise revelou 16 tipos de bactérias que os autores chamaram de “preditores importantes” de sintomas depressivos em graus variados. Os autores notaram a diminuição da bactéria Eubacterium ventriosum entre pessoas diagnosticadas com a depressão. Anteriormente, essa mesma redução foi detectada em estudos de microbioma de lesões cerebrais traumáticas e obesidade, ambos ligados à doença.

Microbioma intestinal e Alzheimer

Em paralelo, uma análise publicada na Science sugeriu que bactérias do intestino podem combater o Alzheimer. Os pesquisadores realizaram experimentos com roedores editados geneticamente e viram mudanças permanentes em seus microbiomas intestinais, nas suas respostas imunes e na quantidade de neurodegeneração relacionada à proteína tau, um dos principais biomarcadores do declínio cognitivo associado ao Alzheimer.

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Ainda há um longo caminho a percorrer para entender corretamente a relação entre o intestino e o cérebro, uma vez que é um campo fascinante, mas altamente complexo. Pouco a pouco, os estudos que giram em torno do microbioma intestinal trazem mais descobertas a respeito.

Fonte: BBCNature Communications