Anvisa confirma casos raros de trombose, mas ressalta segurança da vacinação
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Na quinta-feira (24), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou o registro de casos raros de trombose em combinação com trombocitopenia (TTS), associados a vacinas contra a COVID-19 com vetor de adenovírus — como a Covishield (AstraZeneca/Oxford) —, no Brasil. O evento adverso raro já foi relatado em outros países e, por enquanto, a agência não detalhou o número exato de casos.
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No comunicado, a Anvisa explicou que as vacinas contra a COVID-19, em uso no país, que adotam o adenovírus são a Covishield e, mais recentemente, a da Janssen (Johnson & Johnson). Vale lembrar que o primeiro lote de imunizantes da Janssen chegou ao país nesta semana. Além disso, "já contêm em suas bulas informações sobre este tipo de evento adverso" e que "o diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais nesses casos".
"A maioria das ocorrências de casos raros de trombose associadas a vacinas foi identificada em grandes centros urbanos, o que indica a necessidade de uma maior sensibilização por parte dos serviços de saúde, principalmente pronto-atendimentos, para o adequado diagnóstico, tratamento e notificação de casos", aponta a Anvisa. Além disso, a maioria dos casos reportados ocorreu com o uso da primeira dose, mas pode ocorrer também após a segunda.
Especificamente em relação à vacina da AstraZeneca/Oxford, é importante destacar que a Anvisa mantém a recomendação da suspensão da vacinação de gestantes com essa vacina, medida adotada em maio deste ano. Na época, foi divulgado um caso suspeito do evento adverso em uma grávida.
Vacinas de adenovírus são seguras?
Mesmo com a confirmação dos casos raros de trombose, a Anvisa reforça que, até o momento, os benefícios das vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Janssen superam os riscos do uso desses produtos. Por isso, "mantém a recomendação da continuidade da vacinação com os imunizantes, dentro das indicações descritas na bula", conforme o texto do Comunicado 6/2021.
De acordo com o documento, é necessário que haja a identificação precoce dos casos e a implementação urgente de terapia adequada para o paciente com a trombose com trombocitopenia (TTS). Além disso, a Anvisa reforça que casos do evento adverso raro devem ser notificados através do VigiMed e do Notivisa. Ambas são ferramentas que permitem para a avaliação contínua da relação benefício-risco dos imunizantes em uso na população brasileira.
Afinal, o que significa trombose com trombocitopenia?
A trombose com trombocitopenia é uma condição rara e grave, potencialmente fatal. Por isso, requer tratamento imediato. Segundo a Anvisa, "pacientes de todas as idades e de ambos os sexos podem desenvolver essa síndrome e, atualmente, não há um sinal claro de fatores de risco associados ao evento".
No caso de suspeita da condição, uma série de sintomas podem servir de alerta para investigação de eventos trombóticos, como: falta de ar; dor no peito; inchaço ou dor nas pernas; dor abdominal persistente; e sintomas neurológicos, incluindo dores de cabeça graves.
Além disso, devem ser consideradas queixas sobre "visão turva, confusão, convulsões, petéquias (pequenas manchas vermelhas ou marrons em partes do corpo), hematomas ou outras manifestações hemorrágicas em áreas do corpo diversas do local da vacinação, após a aplicação da vacina".
No cenário atual, "os profissionais de saúde devem ficar atentos às manifestações e verificar a presença de sinais de trombose em qualquer pessoa com trombocitopenia desenvolvida no período de quatro a 52 dias após a administração de vacina com adenovírus em sua composição", completa a agência
Para acessar o comunicado 6/2021 na íntegra, publicado pela Anvisa, clique aqui.
Fonte: Anvisa