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Quanto tempo dura a imunidade desencadeada pelas vacinas da COVID-19?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Junho de 2021 às 21h20

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iLexx/Envato Elements
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Pesquisadores já sabem que as vacinas em uso contra a COVID-19 são eficazes e seguras. Isso porque as agências reguladoras avaliaram os resultados dos estudos clínicos, dos quais milhares de voluntários participaram. Nesses mesmos estudos, cada imunizante precisou obter uma taxa geral de eficácia de pelo menos 50%, segundo os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). E agora, ainda é preciso entender quanto tempo pode durar a imunidade contra o SARS-CoV-2.

Como a questão do tempo de duração da imunidade causada pelas vacinas ainda está aberta e esse intervalo, muito provavelmente, pode variar de fórmula para fórmula, as pesquisas ainda continuam. Por exemplo: é possível que um reforço seja necessário para garantir a alta taxa de proteção no futuro. Outro cenário é que o surgimento de novas variantes, como a Delta (B.1.671.2), diminua essa proteção. O que já se sabe que as proteções devem durar por pelo menos seis meses após a imunização completa.

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O que as organizações internacionais dizem sobre a duração da imunidade causada pelas vacinas?

"É somente com o uso contínuo, em larga escala, que poderemos entender melhor a capacidade [das vacinas] de prevenir a transmissão [do coronavírus] e a duração da imunidade. Por causa disso, é muito cedo para dizer, exatamente, por quanto tempo essas vacinas da COVID-19 protegerão as pessoas e se poderíamos precisar de uma injeção de reforço mais adiante", explica o site oficial da GAVI Alliance. Esta é uma iniciativa fundada antes da atual pandemia pela Fundação Bill e Melinda Gates para a distribuição de imunizantes em todo o mundo.

Na mesma linha de raciocínio, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmam que "ainda estamos aprendendo por quanto tempo as vacinas contra a COVID-19 protegem as pessoas". "Por essas razões, as pessoas que foram totalmente vacinadas [2 doses] contra a COVID-19 devem continuar tomando precauções até que saibamos mais, como usar máscara em locais públicos fechados, evitar grandes reuniões internas e lavar as mãos com frequência", completam.

Depois da vacina, quando a proteção começa?

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Se ainda há dúvidas sobre a duração total de proteção de um imunizante, já há um consenso sobre o momento em que as vacinas passam a oferecer uma resposta imunológica significativa contra o coronavírus. Os imunizantes ensinam o organismo humano a reconhecer um invasor previamente e a combatê-lo — no entanto, esse aprendizado tem um tempo estimado de 2 semanas após a última dose.

"Normalmente, leva 2 semanas após a vacinação [completa] para que o corpo crie proteção (imunidade) contra o vírus que causa a COVID-19. Isso significa que é possível que uma pessoa ainda contraia a COVID-19 antes ou logo após a vacinação e adoeça, porque a vacina não teve tempo suficiente para fornecer proteção", esclarece o CDC. Vale observar que a eficácia das vacinas não é de 100%, então, pessoas ainda podem se infectar, mas é mais provável que desenvolvam quadros leves ou moderados da infecção.

Já se sabe que a proteção das vacinas dura pelo menos 6 meses

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"No dia primeiro de abril, a Pfizer e a BioNTech confirmaram que a imunidade de sua vacina de RNA mensageiro [mRNA] ainda é forte (91,3% eficaz) seis meses após a segunda dose. Da mesma forma, evidências da vacina Moderna mostram 94% de eficácia seis meses após a segunda dose. Este marco de seis meses é importante e ambos os fabricantes continuarão a monitorar a eficácia de suas vacinas com o passar dos meses", aponta o site da GAVI sobre alguns dados preliminares.

No entanto, a tendência é que cada vez mais laboratórios e farmacêuticas divulguem a proteção de seus imunizantes. Isso porque é preciso lembrar que as vacinas ainda são novas e muitos voluntários dos ensaios clínicos tomaram as primeiras doses em julho do ano passado.

Sobre os estudos da Pfizer/BioNTech, a alergista e presidente da American Medical Association, Susan Bailey, comentou que está é uma boa notícia. Além disso, a alergista explicou que "a imunidade permanece muito forte e prevemos que continuará forte”. Mesmo que as evidências, por agora, só confirmem os seis meses, Bailey aposta que ela será ainda maior. "[A proteção] é definitivamente mais longa do que isso — não vai, simplesmente, cair depois de seis meses. Eu teria ficado preocupada se a eficácia tivesse caído em um terço ou pela metade”, pontua.

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Para o Healthline, Bailey lembrou que algumas vacinas, como as adotadas contra sarampo, caxumba e rubéola, podem conferir uma imunidade praticamente vitalícia. Outras, como a vacina contra a gripe (influenza), exigem doses anuais. “Minha previsão é que, numa situação em que precisaríamos de uma dose de reforço no futuro, não será porque a [proteção da] primeira dose da vacina acabou, mas porque pode haver uma nova variante”, completou.

Aprendendo com a imunidade natural, após a infecção

Atrás de outras pistas sobre a imunidade causada pelas vacinas, alguns pesquisadores observam a imunidade natural, causada após uma infecção do coronavírus, como guia. Um estudo com mais de 25 mil profissionais de saúde no Reino Unido descobriu que, após desenvolverem a COVID-19, o risco de não contrair o vírus, novamente, é de 84%, por pelo menos 7 meses.

Outro estudo, ainda não publicado, observou que pessoas infectadas pelo coronavírus têm 90% de chances de não se reinfectarem por pelo menos um ano. Essa descoberta "parece sugerir que a imunidade é muito forte contra esse vírus”, explicou o epidemiologista Laith Jamal Abu-Raddad, um dos autores do estudo e professor da Cornell University, no Catar.

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"Acredito que a imunidade dada pela vacina vai durar mais do que alguns meses e mais do que um ano”, afirmou o epidemiologista para a Nature. “Se eu fizesse uma aposta agora, diria que mesmo quando as pessoas começarem a perder sua imunidade contra infecções [do coronavírus], elas não perderão imunidade contra infecções graves”, completou Abu-Raddad.

Para acessar o estudo sobre a proteção natural contra a COVID-19 em pacientes que já se infectaram, publicado na revista científica The Lancet, clique aqui.

Fonte: Healthline, CDC, Nature e GAVI