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Alfa, Beta, Gama, Delta, Capa: o que sabemos sobre variantes do coronavírus

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Junho de 2021 às 16h00

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IciakPhotos/Envato Elements
IciakPhotos/Envato Elements

Como todo organismo, os vírus buscam se proliferar e, nesse processo, se modificam geneticamente. Este é o caso do coronavírus SARS-CoV-2 e das variantes, agora, apelidadas com letras do alfabeto grego, conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com a pandemia da COVID-19, cada uma dessas variantes é estudada, mesmo que não representem, necessariamente, riscos extras.

No entanto, ainda não há um consenso sobre os riscos das mutações que cada variante do coronavírus pode possuir, afinal este é um conhecimento muito novo e estudos ainda são necessários para a maioria das cepas. Um adendo é que os estudos tendem a focar nas variantes de preocupação (VOC – Variant of Concern) e as variantes de interesse (VOI – Variant of Interest), ou seja, naquelas que mais aparecem nos levantamentos genômicos da COVID-19.

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Por exemplo, as variantes Alfa (B.1.1.7) e Beta (B.1.351), que se originaram no Reino Unido e na África do Sul, respectivamente, compartilham algumas mutações que parecem torná-las mais infecciosas. Já a Delta (B.1.617), identificada na Índia, parece ser muito mais transmissível que as duas anteriores. É estimada que seja 40% mais contagiosa, segundo autoridades britânicas.

Delta e Capa: as variantes identificadas pela primeira vez na Índia

Na pandemia da COVID-19, a Índia identificou uma VOC, a Delta (B.1.617.2), e uma VOI, a Capa (B.1.617.1), ambas derivadas da linhagem B.1.617, a partir de outubro do ano passado. Entre elas, a Delta é a variante mais comum no país asiático, que enfrentou um grande aumento de casos no final de abril e início de maio deste ano. A variante Delta, especificamente, já foi identificada em mais de 60 países, como o Brasil, e foi responsável pelo adiamento dos planos do Reino Unido em flexibilizar as medidas contra a COVID-19.

Tanto a Delta quanto a Capa apesentam mutações nos genes que codificam a espícula do coronavírus, ou seja, a proteína S (spike). As três principais são: a L452R; a E484Q; e a P681R. Nesse local, a mutação tende a ser preocupante, já que é através desse mecanismo que o agente infeccioso consegue invadir as células humanas saudáveis.

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Na Índia, médicos sugerem que a Delta seja responsável por novos ou por diferentes intensidades de sintomas da doença, como perda auditiva, dores articulares, distúrbios gástricos graves e coágulos sanguíneos que podem levar à gangrena. Também existem preocupações sobre a eficácia das vacinas atuais contra a variante. Um estudo observou que a vacinação completa (2 doses) da Pfizer/BioNTech desempenha uma eficácia de 88%, mas a taxa é de 93% com outras variantes.

Alfa: a variante originada no Reino Unido

A variante B.1.1.7, detectada pela primeira vez no Reino Unido em dezembro do ano passado, também é conhecida como Alfa. Na época, aumento de casos da doença foi relacionado ao seu aparecimento, o que foi motivo de novos bloqueios a serem impostos no país, procurando reduzir a sua disseminação. O principal consenso é de que se trata de uma cepa mais infecciosa e que já chegou a inúmeros países, como o Brasil.

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Atualmente, as pesquisas indicam que as vacinas em uso contra a COVID-19 são eficazes contra esta versão do vírus e não foi identificada nenhuma mudança na gravidade da doença em comparação com a versão original, encontra em Wuhan, na China.

Beta: a variante encontrada primeiro na África do Sul

Poucos dias após a descoberta da variante Alfa, a variante B.1.351 foi identificada na África do Sul. Pesquisas descobriram que a variante Beta se tornou dominante no país de origem e que outras variantes se tornaram secundárias, a partir de pesquisas genômicas com os pacientes locais, o que atesta sua maior capacidade de transmissibilidade.

Vale destacar que isso difere de afirmar que suas reações são mais graves no organismo da pessoa infectada ou que possa desencadear sintomas clínicos atípicos. No entanto, existe a preocupação de que a variante Beta possa ser mais resistente às vacinas atuais devido a algumas alterações nas proteínas do pico (spikes).

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Segundo o estudo ainda não publicado da Janssen (Johnson & Johnson), os efeitos da vacina parecem ser relativamente menores contra a variante, mas ainda são protetores. Já a empresa de biotecnologia Moderna investiu na formulação de uma vacina específica contra a variante sul-africana.

Gama: a variante que se originou em Manaus

Identificada pela primeira em vez em Manaus, a variante Gama (P.1) é, atualmente, a cepa predominante no Brasil, segundo análise da Rede Genômica Fiocruz. Em levantamento genômico feito no mês de abril, a Gama já representava 90% das amostras coletas no estado de São Paulo para análise. Além do país de origem, já foi identificada no Japão, nos Estados Unidos, em países da Europa. No total, mais de 35 países identificaram a variante.

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Como a Beta, estudos mostraram que as mutações da variante não ocasionam sintomas diferentes da COVID-19, mas pode ser mais transmissível. A Gama, como a Beta, também carrega a mutação E484K, o que pode reduzir a eficácia de alguns imunizantes, já que altera a proteína de pico.

Outro ponto é que a variante pode aumentar o risco de reinfecção, como observado no surto de Manaus, em janeiro deste ano. Segundo pesquisa realizada por cientistas do CADDE (Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), cerca de 31% das pessoas que adoeceram, durante o último surto em Manaus, podem ter sido reinfectadas pela variante Gama.

Epsilon: a variante encontra primeiro na Califórnia

Em janeiro deste ano, pesquisadores começaram a investigar uma variante Epsilon (B.1.427/B.1.429) que, agora, se tornou a cepa predominante no estado da Califórnia, nos EUA. Fora do estado de origem, já foi identifica em outras regiões e em outros países, mas sem grandes questões e, até o momento, não se sobrepôs a outras variantes, exceto no local de origem.

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“Esta variante carrega três mutações, incluindo L452R, na proteína spike, que o vírus usa para se ligar e entrar nas células, e é o alvo das duas vacinas que estão disponíveis atualmente nos Estados Unidos”, explicou o virologista Charles Chiu, professor de medicina da UCSF (University of California in San Francisco) e um dos responsáveis pela descoberta da predominância da variante no estado norte-americano.

Vale lembrar que, quanto mais a COVID-19 é transmitida, mais variantes do coronavírus podem surgir. Inclusive, a OMS sabe da limitação de usar o Alfabeto grego para essas nomenclaturas, já que há o teto de 24 letras. Quando esse dia chegar, uma nova série deve ser anunciada, mas é possível que o mundo contorne a questão antes, com o uso de vacinas, por exemplo.

Fonte: Com informações: Popular Science e Rede Genômica Fiocruz