Alcoolismo pode acelerar a progressão do Alzheimer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
O alcoolismo pode acelerar a progressão da doença de Alzheimer, quando combinado com a suscetibilidade genética. É o que diz um estudo publicado na última segunda-feira (12) na revista científica eNeuro. No experimento, roedores expostos regularmente a níveis excessivos de álcool apresentaram declínio cognitivo dois meses antes do normal.
Os pesquisadores expuseram camundongos ao álcool durante vários meses, simulando os níveis de ingestão de álcool observados em indivíduos com alcoolismo. Esses roedores expostos ao álcool exibiram deterioração progressiva no aprendizado e na memória espacial, passando por declínio cognitivo mais cedo que os outros.
Em seguida, os cientistas examinaram mais de 100 mil células cerebrais de camundongos expostos e não expostos ao álcool. A análise identificou mudanças generalizadas na expressão gênica no córtex pré-frontal dos camundongos expostos ao álcool. Essas mudanças envolveram o aumento da expressão de genes associados à neurodegeneração e inflamação.
Através das comparações, os pesquisadores descobriram que os perfis dos camundongos expostos ao álcool se assemelhavam aos de camundongos mais velhos com declínio cognitivo mais grave, mesmo em sua própria idade.
Conforme apontam os autores, os efeitos do álcool se alinham com os padrões de expressão gênica da doença avançada. As descobertas podem fornecer informações valiosas sobre os genes reguladores que impulsionam a progressão da doença.
Álcool e envelhecimento
Embora o consumo de álcool traga benefícios para idosos, um estudo de 2022 revelou que esse hábito acelera o envelhecimento, ao danificar o DNA nos telômeros (sequências repetitivas de DNA que cobrem o final dos cromossomos, protegendo-os de danos).
Na ocasião, os autores usaram variantes genéticas que já foram associadas ao consumo de álcool em estudos anteriores, e avaliaram o hábito relatado pelos próprios participantes. A análise levou a uma associação significativa entre alto consumo de álcool e menor comprimento dos telômeros.
Álcool e cérebro
Ainda nesta semana, um estudo publicado na revista Alcohol: Clinical & Experimental Research apontou que o alcoolismo aumenta a probabilidade de desenvolver ansiedade ao longo dos anos, e o inverso também acontece (ou seja, a ansiedade também aumenta o alcoolismo).
Os cientistas suspeitam que neurodesregulações proporcionadas pelo alcoolismo e as proporcionadas por depressão ou ansiedade se sobrepõem.
Você sabe os efeitos do álcool no organismo? No cérebro, o álcool ativa um neurotransmissor chamado Gaba (ácido gama-aminobutírico), ajudando a relaxar. Isso também pode ser acompanhado por uma sensação temporária de calor e queda na temperatura corporal.
Fonte: eNeuro via Neuroscience News