Vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos: confira o que sabemos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
No Brasil, a vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 já pode ser aplicada em criança de 5 a 11 anos, após análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, ainda não há uma previsão oficial para o início das imunizações neste grupo, de acordo com o Ministério da Saúde.
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Para a população em geral, a campanha de vacinação nacional contra a covid-19 é bem aceita. Segundo a plataforma Our World in Data, mais de 66% dos brasileiros estão com o esquema vacinal completo — duas doses ou imunizante de dose única —, o que representa 141,9 milhões de pessoas imunizadas.
Quando a imunização da covid-19 puder alcançar os mais novos, a porcentagem da população imunizada tenderá a crescer, já que pais e familiares poderão levar suas crianças aos postos de saúde. No entanto, apesar da aprovação, muitos anda têm dúvidas sobre a eficácia e a segurança da vacina da Pfizer em crianças de 5 e 11 anos.
A seguir, o Canaltech explica as principais questões sobre a vacinação infantil contra a covid-19, a partir de dados da Anvisa e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.
Covid-19 pega em criança?
Em crianças, casos da covid-19 tendem a ser mais leves. No entanto, elas também podem ficar doentes. Inclusive, alguns indivíduos podem apresentar complicações em decorrência do coronavírus, como necessidade de internação hospitalar e, em casos extremos, o óbito.
Segundo o CDC, "as crianças infectadas pela covid-19 também podem desenvolver complicações graves, como a síndrome inflamatória multissistêmica (MIS-C)". Este é a uma condição em que diferentes partes do corpo ficam inflamadas, como coração, pulmões, rins, cérebro ou olhos.
Além dos possíveis riscos da covid-19, vacinar crianças pode ajudar outros membros da família. Por exemplo, a imunização pode proteger pessoas idosos ou com comorbidades que vivem na mesma casa, mas que poderiam apresentar maior risco de complicações com a infecção. Isso porque os menores podem ser vetores (transmissores) do coronavírus.
Vacina da Pfizer está disponível no Brasil?
Após a decisão da Anvisa, divulgada na última quinta-feira (16), a vacina da Pfizer/BioNTech já pode ser usada para em crianças de 5 a 11 anos no Brasil. Só que, no momento, doses do imunizante ainda não estão disponíveis para esta faixa etária de brasileiros.
Um dos motivos que é as doses usadas em adultos e adolescentes com mais de 12 anos é diferente da aprovada para os mais novos. Dessa forma, novos lotes do imunizante precisarão ser comprados para a imunização do público pediátrico começar.
Enquanto isso não ocorre, o Ministério da Saúde abriu uma consulta pública para discutir a vacinação brasileira de crianças contra a covid-19, onde especialistas deverão debater o tema. A ação termina no dia 2 de janeiro de 2022.
Quais países vacinam crianças contra a covid-19?
No mundo, 16 países já imunizam crianças com menos de 12 anos, segundo levantamento do G1. Nos Estados Unidos, por exemplo, a vacina da Pfizer foi aprovada para a faixa etária em novembro deste ano e já é aplicada desde então.
A seguir, veja onde a imunização de menores de 12 anos já ocorre:
- Alemanha;
- Argentina;
- Áustria;
- Canadá;
- Chile;
- China;
- Cuba;
- Dinamarca;
- Espanha;
- Estados Unidos;
- França;
- Grécia;
- Hungria;
- Israel;
- Itália;
- Portugal.
Qual a diferença da fórmula para adultos?
Vale lembrar que a concentração da vacina usada em adultos é um pouco diferente da que será usada nas crianças com menos de 12 anos. Por exemplo, o imunizante para os mais novos é aplicado em duas doses de 0,2 mL (equivalente a 10 microgramas), com pelo menos 21 dias de intervalo. Para os mais velhos, a vacina é aplicada em doses de 0,3 mL.
Sobre a concentração das vacinas, a neurocientista e divulgadora científica, Mellanie Fontes-Dutra, explica que "o volume de injeção e a quantidade de RNA é menor, o que favorece ainda mais a segurança e reduz ainda mais a intensidade de possíveis efeitos adversos" do imunizante.
Além disso, a embalagem será diferente para evitar confusões na hora da aplicação. No caso dos menores de 12 anos, a tampa do frasco da vacina virá na cor laranja. Agora, para os mais velhos, a tampa é da cor roxa.
Outra diferença é a questão do armazenamento. A vacina pediátrica tem esquema de conservação diferente e pode ficar por 10 semanas em temperatura de 2 ºC a 8 ºC.
Imunizante é seguro?
Até o momento, todos os dados coletados sobre o imunizante da Pfizer em crianças apontam para a segurança e eficácia da fórmula. "A autorização veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório", explica a Anvisa, em nota.
"Antes de recomendar a vacinação contra a covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada", esclarece o CDC sobre os critérios para que fosse concedida a autorização de uso nos EUA.
Existem efeitos adversos?
Durante o processo de aprovação brasileiro da vacina, a equipe técnica da Anvisa observou o panorama do uso da Pfizer no público pediátrico nos EUA, onde 4,9 milhões de crianças de 5 a 11 anos já receberam pelo menos a primeira dose. Nesse grupo, efeitos adversos de qualquer intensidade representavam 0,05% do total de doses administradas.
Segundo o CDC, a criança pode relatar os seguintes efeitos adversos:
- Dor, vermelhidão e/ou inchaço no local da aplicação;
- Cansaço;
- Dor de cabeça;
- Dor muscular;
- Arrepios;
- Febre;
- Náusea
É importante destacar que essas reações tendem a passar naturalmente em algumas horas ou dias. Além disso, não comprometem a saúde da criança e nem implicam em maiores riscos.
Questão sobre a miocardite
Segundo os dados de segurança sobre o uso da fórmula da Pfizer, não foram observados casos de miocardite — um tipo de inflamação no coração — em crianças de 5 a 11 anos após a imunização. Em adolescentes de 16 a 17 anos, o efeito adverso foi relatado, mas o risco foi de apenas 0,007%. De acordo com Fontes-Dutra, é "algo muito baixo".
Inclusive, um estudo científico, publicado na revista Nature, "mostra que há um risco quatro vezes maior de desenvolver miocardite após covid-19 do que depois de ser vacinado contra essa mesma doença. No caso das vacinas, o pequeníssimo risco foi visto na primeira semana após a injeção, e nada além", explica ela.
Outro possível efeito adverso grave é um caso de anafilaxia, ou seja, uma reação alérgica grave. Segundo o CDC, "pode ocorrer após qualquer vacina, incluindo as vacinas contra a covid-19, mas isso é raro". Nesse caso, é possível evitar conhecendo a composição dos ingredientes da fórmula.
Fonte: Com informações: Anvisa, BBC, CDC, G1, Our World in Data e Nature