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3º e maior surto do fungo Candida auris no Brasil é descrito por cientistas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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 Stephanie Rossow/CDC
Stephanie Rossow/CDC

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) compilaram e descreveram o 3º surto de Candida auris no Brasil, o maior deles até agora. A infecção pelo fungo ocorreu 9 vezes em um hospital de Recife, em Pernambuco, entre os meses de novembro de 2021 e fevereiro de 2022. Como o microorganismo consegue resistir à maioria dos medicamentos antifúngicos, é uma ameaça considerável à saúde pública do país.

A C. auris apareceu pela primeira vez em humanos no Japão, em 2009, junto a um caso de otomicose, se espalhando para todos os continentes. Originalmente habitando apenas pântanos, o fungo sofreu pressão pelo aumento global da temperatura, e através da seleção natural, migrou para as aves e então para os humanos, chegando no Brasil em 2020, em uma paciente de 59 anos, em Salvador.

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Sintomas, tratamento e cuidados

Algumas cepas são resistentes aos remédios para infecção por cândida, como fluconazol, afotericina B e equinocandinas. Embora alguns casos sejam assintomáticos, outros podem causar febre, dores e calafrios, levando até mesmo à morte. Tolerando temperaturas incomuns aos fungos — de 37 °C a 42 °C —, a C. auris pode aguentar condições ambientais adversas por muito tempo, podendo infectar pacientes em hospitais através de aparelhos contaminados e mãos de profissionais de saúde.

Os 9 brasileiros infectados recentemente incluíam 7 homens e 2 mulheres, de 22 a 70 anos. O primeiro caso surgiu ainda em novembro de 2021, e os 5 últimos ficaram aglomerados em fevereiro do ano passado. O foco do estudo ficou na identificação dos casos, cujo diagnóstico oportuno foi rápido e essencial para o tratamento. Isso garantiu um número de óbitos baixo, demonstrando que a infecção pode ser controlada, não se disseminando pelo corpo do paciente.

Uma vez no corpo, a C. auris pode chegar à corrente sanguínea, gerando infecções invasivas em outros órgãos que podem levar o paciente a falecer, especialmente se ele tiver comorbidades ou for imunocomprometido. Um dos problemas no diagnóstico é que um hospedeiro pode levar colônias do fungo consigo, sem infecção ou sintomas, por muito tempo, propagando-o e gerando surtos sem perceber.

No Brasil, temos documentações orientando os serviços de saúde acerca da prevenção e tratamento da infecção pela C. auris desde 2017, espalhadas por laboratórios, clínicas e hospitais. Essencial para o combate é o Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), responsável pela pesquisa e também pelo diagnóstico de infecções por outros tipos de fungo.

Fonte: Frontiers in Cellular and Infection Microbiology